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Hidrogénio: Médio Tejo vai estar no grupo das grandes decisões do hidrogénio na Europa (c/áudio)

5/12/2024 às 14:47

A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) é uma das instituições que passou a integrar um memorando sobre o hidrogénio, assinado durante “European Hydrogen Week 2024”, em Bruxelas. Foi a 21 de novembro que o documento foi assinado e, desta forma, coloca esta subregião no grupo das grandes decisões do hidrogénio na Europa. É mais um passo dado para avançar numa estratégia que começou a ser desenhada em 2017 e que, passo a passo, foi ganhando mais corpo. 

A cerimónia de assinatura do documento aconteceu a 21 de novembro, mas a CIMT e a MédioTejo21 - Agência Regional de Energia e Ambiente do Médio Tejo, deram agora conta do que é este memorando e dos projetos em curso.

Este memorando é o reconhecimento do Médio Tejo como região pioneira do hidrogénio em Portugal, desde 2017 e visa estabelecer um canal de cooperação, para promover e facilitar sinergias entre a região e a Clean Hydrogen Partnership, nos domínios da investigação, inovação e aproveitamento dos resultados em tecnologias limpas de hidrogénio. 

 

Manuel Jorge Valamatos, presidente da CIMT, fez um resumo daquilo que tem sido o trabalho da comunidade nesta área, ressalvando a importância do hidrogénio para a transição energética. Indicou ainda que o Médio Tejo tem vindo a participar em diversos projetos. Houve já um estudo para a mobilidade a hidrogénio. Durante vários meses a região contou com um autocarro movido a hidrogénio nos circuitos dos transportes."

Já João Gomes, o presidente da MédioTejo21 destacou a realização, em 2019, de um evento sobre este combustível com mais de 200 participantes e 11 países representados.

 

E depois destacou o facto de a Endesa ter no seu projeto do Pego a produção de hidrogénio, assim como um projeto de mais de 25 Milhões de Euros da Smart Energy que prevê também a produção de hidrogénio a partir da energia solar. Sobre este projeto está na fase final dos licenciamentos.

E depois referiu ainda a importância da Zona Livre Tecnológica (ZLT) em Abrantes, em fase de regulamentação, no desenvolvimento destas matérias.

João Gomes referiu que falta neste processo é a cadeia de valor. Ou seja, envolver as pequenas empresas, associações e mostrar que é o desenvolvimento do território. “Temos hídricas, solares e eólicas que podem produzir hidrogénio verde.”

Ricardo Beirão, diretor técnico da agência MédioTejo21 foi claro “temos investidores interessados, mas querem saber se há consumo.”

 

Há muito trabalho da agência que é invisível, mas neste campo do hidrogénio é o braço direito da CIMT. Explicou que coordenam um grupo de trabalho europeu sobre hidrogénio, mas entre produção e consumo sempre apontaram como foco a mobilidade.

A circulação do autocarro movido a hidrogénio foi um teste bem-sucedido, tanto do ponto de vista profissional como dos utilizadores. E isso é, de acordo com Ricardo Beirão, um sinal muito positivo. De notar que a própria empresa de transportes fez uma candidatura para um investimento substancial na aquisição de autocarros movidos a hidrogénio. Foi aprovada, mas em valores muito mais baixos do que os apresentados. Nesta área convém referir que há muitas cidades da Europa em que as frotas de transportes públicos utilizam como combustível o hidrogénio.

E o grande desafio tem mesmo a ver com as condições de armazenamento e pontos de abastecimento deste combustível verde.

Sobre eventuais perigos do hidrogénio na mobilidade, Elsa Nunes, CEO consultora Irradiar, foi clara: os perigos existem sempre que há uma novidade. Foi assim com os veículos a gás, em que no início até não podiam estacionar nos parques subterrâneos, ou até em relação aos elétricos.

Voltando à MedioTejo21, estes projetos não abrangentes. Fala-se de hidrogénio como aposta de futuro, mas há que ter em conta outros gases e combustíveis sintéticos.

 

Mas como em tudo o que é novo, há ainda muitas barreiras legislativas que têm de ser ultrapassadas. E novamente foi referida a importância da Zona Livre Tecnológica como área de trabalho e experimentação, quando não existe essa regulamentação. Muitas vezes é importar regras dos países que já estão mais avançados.

Elsa Nunes frisou que o “hidrogénio é uma das soluções de futuro, mas não é a solução. Aqui nesta região o hidrogénio tem duas questões que pode dificultar. Investimento e mentalidades.”

 

Em maio de 2025 volta a repetir-se um evento que vai trazer à região o reforço de notoriedade, políticos, especialistas e decisores neste domínio”, indicou a responsável da consultora que trabalha com o Médio Tejo. Prevê-se para 29 de maio o encontro do Hydrogen Valley, onde se assinalará também o 6º aniversário do Valley do Médio Tejo. 

 

Zona Livre Tecnológica de Abrantes

As ZLT foram criadas nos concelhos onde fecharam estruturas por causa da descarbonização.

“As Zonas Livres Tecnológicas (ZLT) consistem em ambientes físicos, geograficamente localizados, em ambiente real ou quase real, utilizados para a realização de testes e experimentação de processos inovadores de base tecnologia, com o acompanhamento direto e continuo pelas entidades reguladoras nacionais e outras entidades competentes.

Tem ainda como objetivo promover e acelerar a adoção de soluções inovadoras, contribuindo ativamente para o desenvolvimento e adaptação doo quadro regulatório, auxiliando em áreas de indefinição jurídica ou para as quais não legislação ou regulação.”

Em Abrantes está definido que a ZLT terá três áreas distintas de trabalho. O norte do concelho, numa área coincidente com a Zona de Intervenção Florestal (ZIF) de Aldeia do Mato com foco na floresta e no aproveitamento dos resíduos florestais.

O sul do concelho com foco nas zonas de exploração e produção de energia. Claramente por causa da Central do Pego e respetivo posto de corte ou ponto de injeção na rede.

E depois há uma terceira área, Tagusvalley, com aporte à investigação e desenvolvimento de tecnologias ligadas ao setor das energias renováveis.

Após a regulamentação esta ZLT permitirá a empresas, academias ou outras instituições poderem desenvolver e experimentar novas tecnologias. E como referiu Ricardo Beirão, diretor técnico da MédioTejo21, na inovação tão importante é o sucesso como o insucesso. E este “laboratório” que pode ser uma ZLT pode criar condições de aplicação real de novas ideias nesta matéria. E assim, pode ser um convite muito apetecível para empresas que se dedicam à inovação.

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