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Castelo de Bode: Ministro diz que restrições ao uso das barragens estão “a revelar-se eficazes” (C/ÁUDIO)

16/02/2022 às 17:36

As medidas de restrição impostas no início do mês ao uso de seis barragens para produção de eletricidade e para rega agrícola, devido à seca em Portugal continental, “estão a revelar-se eficazes”, afirmou esta quarta-feira o ministro do Ambiente

O ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, falou aos jornalistas em Abrantes, após uma visita a ações de limpeza na Albufeira do Castelo de Bode. Matos Fernandes revelou mesmo que em duas das albufeiras, Aguieira e Touvedo, já se saiu da “situação crítica” e “têm mais de 70% de água”. Em termos globais, acrescentou, “todas as albufeiras estão a recuperar”.

No caso da Albufeira de Castelo de Bode a recuperação “é incipiente”, na ordem dos “cinco centímetros”.

Contudo, sublinhou o ministro, o nível das águas está “estável”, isto numa albufeira onde “todos os dias há uma grande retirada de água para consumo humano”, pela EPAL.Quanto à barragem do Alto Lindoso, no distrito de Viana do Castelo, o nível das águas subiu 2,4 metros, desde que começou o processo de monitorização, no início de fevereiro, e a chuva que se perspetiva para os próximos dias poderá “resolver a situação no Norte Litoral”, afirmou ainda o ministro do Ambiente.

Questionado sobre que medidas podem vir a ser tomadas no futuro para resolver os problemas causados pela seca, Matos Fernandes não descartou a hipótese de, no princípio de março, serem tomadas mais medidas, ou mais alargadas, de restrição ao uso de água.

“Neste momento a situação é estável, mas como eu disse desde o princípio, se tivermos de estender esta medida a outras barragens, fá-lo-emos”, afirmou, salientando que “a principal função da água das barragens será sempre o consumo humano” e que, em todas elas, tem de se garantir que existe água para dois anos desse consumo.

A análise da situação e de eventuais ajustes às medidas implementadas no terreno decorrerá “no início de março, tal como ficou combinado”, lembrou, altura em que será decidido “se é necessário alargar esta medida a outras barragens”.

Para já, há cinco barragens cuja água só será usada para produzir eletricidade cerca de duas horas por semana, garantindo valores mínimos para a manutenção do sistema: Alto Lindoso e Touvedo, no distrito de Viana do Castelo, Alto Rabagão, em Montalegre, Cabril (Castelo Branco) e Castelo de Bode (Santarém).

A água da barragem de Bravura, no Barlavento algarvio, deixou de poder ser usada para rega.

Para estas seis barragens foi adotada uma cota mínima a manter, destinada a garantir o abastecimento de água para consumo humano durante dois anos.

João Matos Fernandes disse ainda que a situação de seca “não é conjuntural, é estrutural”.

“Temos de nos saber adaptar”, afirmou, dando como exemplo a agricultura, com “culturas que usem a menor quantidade água possível” e um “investimento continuado” ao nível das redes urbanas para minorar as perdas de água.

E, “todos nós, enquanto pequenos consumidores”, na criação de hábitos que levem a gastar a menor quantidade possível de água, acrescentou.

João Matos Fernandes, ministro do Ambiente

A comissão de acompanhamento da seca vai voltar a reunir-se no início de março, tal como ficou prometido na última reunião, realizada no início de fevereiro.

Ainda sobre o Castelo de Bode o ministro vincou que não se descobriu nada de novo em relação a esta barragem que tem como missões o abastecimento público e a produção de eletricidade. E quando se percebeu que a reserva do Castelo de Bode dá para dois anos foi decidido parar imediatamente com a produção de eletricidade. “Esta é uma medida de gestão... banal e que já tomamos mais vezes”, explicou o governante.

O ministro reforçou que estamos a viver um período de seca que é estrutural e tem de haver uma adaptação aquilo que se passa.

João Matos Fernandes, ministro do Ambiente

A acompanhar o governante esteve a presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo e da Câmara de Tomar, Anabela Freitas, que disse à Antena Livre que já iniciou as reuniões com a Agência Portuguesa do Ambiente, Proteção Civil, EPAL e EDP no sentido de serem avaliadas e discutidas todas as questões relacionadas com a seca e com Castelo de Bode.

Com a Proteção Civil há uma necessidade premente de avaliar todos os locais que poderão servir de ponto de abastecimento de meios aéreos para o período do verão, no que diz respeito aos incêndios florestais. Mas há ainda uma outra necessidade que é a existência de um plano B no caso de haver uma falha no abastecimento a populações. Não é uma preocupação de primeiro plano, todas as captações estão em cotas ainda muito baixas, mas há essa preocupação.

Anabela Freitas revelou ainda que o verão é uma outra preocupação da CIMT, nomeadamente a nível turístico. Há muitos empresários que vivem do período sazonal do Castelo de Bode que têm as suas estruturas “a seco”. Há uma estação de wakeboard com estruturas em cinco concelhos (Abrantes, Ferreira do Zêzere, Tomar, Sertã e Vila de Rei) que está a seco.

Podem vir a existir apoios a estes empresários, mas essa será uma decisão tomada no seio da Comunidade Intermunicipal e não individualmente por cada município.p

Anabela Freitas, presidente CIMT

A situação do nível da água na Albufeira do Castelo de Bode está a ser monitorizada pelas autoridades do ambiente e, segundo o ministro, nos últimos dias o nível terá subido cerca de 5 centímetros. O certo é que os dados hidrográficos colocam a Barragem com um nível de armazenamento de 58,3%, quando há uma semana era de 58,7%.

O governante garantiu que a EDP não está a turbinar (produzir eletricidade) acima daquilo que é o caudal ecológico que tem de passar pela barragem. Matos Fernandes disse, de forma clara, que o caudal ecológico e o consumo humano apresentam valores de saída inferiores aos valores que entram diariamente na barragem. Dessa forma está a verificar-se essa ligeira recuperação.

O certo é que estes níveis nunca se registaram em janeiro e o que comprova isso é um olhar sobre as margens com muitos cais em seco, acessos de desembarque que estariam na água e, em boa verdade, estão a meio das encostas de terra, pedras e despidas de qualquer vegetação.

De acordo com uma informação apurada pela Antena Livre qualquer entidade, pública ou particular, que tenha plataformas de acesso à Albufeira ou qualquer estrutura turística licenciada poderá pedir autorização para os prolongamentos das mesmas à Agência portuguesa do Ambiente (APA) que terá de conceder a respetiva autorização de acordo com o Plano de Ordenamento da Albufeira do Castelo de Bode.

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