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Abrantes: «Movimento os Mesmos de Sempre a Pagar» em manifestação pelo Direito à Habitação

30/10/2023 às 12:48

Teve lugar na manhã desta segunda-feira, 30 de outubro, no centro histórico de Abrantes, uma manifestação pelo Direito à Habitação.

O «Movimento os Mesmos de Sempre a Pagar» juntaram-se no Largo Ramires Guedes e distribuíram panfletos pela população que ia passando. Laurindo Cruz, porta voz do Movimento em Abrantes, disse que “o protesto de hoje está dirigido ao aumento das taxas de juro que têm como consequência o aumento das prestações que as pessoas têm a pagar todos os meses ao banco”. Para Laurindo Cruz, “é inadmissível o que se está a passar”, criticando a ausência de uma regulação “nos preços dos bens essenciais e, neste caso, a habitação que é um direito e não um negócio”.

Para o porta voz do Movimento, “o que se está a fazer neste momento é roubar o povo e isto não tem outras palavras”.

Laurindo Cruz disse ter conhecimento de alguns problemas também no concelho de Abrantes “com quatro ou cinco casos na Chainça em que famílias completas saíram da zona de Lisboa e vieram morar para casa dos pais. Perderam as casas porque não aguentaram as rendas e vieram para cá. É inadmissível acontecer isto às pessoas assim de um momento para o outro. Tiveram que vir mesmo sem emprego porque a solução era ficarem numa tenda e o direito à habitação não é viver numa tenda”.

Deixou ainda questões à comunidade de “se é esta Europa que querem, se é este Banco Central Europeu que querem, se querem esta submissão que estamos a sofrer?”, lembrando que “ainda não há muito tempo passámos uma crise que atingiu milhões de portugueses”.

Para o «Movimento os Mesmos de Sempre a Pagar», “falta soberania nacional, que é o que nós não temos, e um Governo, porque no meu entender não há Governo nenhum. Com as questões da saúde, da habitação, a educação e a justiça, que são pilares fundamentais num Estado democrático - que se diz que estamos numa democracia - é completamente ao contrário”.

“Neste momento não existe Governo. Existe um Estado que somos todos nós”, declarou.

Quanto à solução para a questão da habitação em Portugal, o «Movimento os Mesmos de Sempre a Pagar» referiu que “temos uma Banca que lucra 11 milhões de euros por dia e deveria ser a Banca a suportar esses aumentos. Nem sequer mexia com a estrutura dos bancos. Estamos aqui ao lado da Caixa Geral de Depósitos, que se diz ser do Estado embora não seja bem assim, e que faz 3,5 milhões de euros por dia. Isto é brincar com as pessoas. Toda a regulação das taxas de juro deveria de ser absorvida pela Banca”, defendeu.

Já no que se refere às medidas implementadas pelo Governo para tentar mitigar o problema da habitação em Portugal, Laurindo Cruz afirmou que “estas moratórias são paliativos e é empurrar o problema com a barriga. Servem para pagarmos mais tarde e com juros”.

“E quem é que me diz que daqui a dois anos não estamos com outra crise?”, questionou.

Quanto ao facto de haver muito poucos manifestantes - na altura, apenas os membros do Movimento - o porta voz afirmou que “há um medo instalado nas pessoas. Noto isso mesmo quando tentamos entregar um panfleto. As pessoas afastam-se”.

Laurindo Cruz confirmou que haverá mais manifestações no futuro, “com algumas ações já programadas (...) frisando sempre que há direitos na Constituição que têm que ser levados à prática”.

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