O movimento proTEJO apelou hoje à participação dos cidadãos na consulta pública que está a decorrer até 15 de janeiro para a construção de um novo açude no rio Tejo, em Constância Norte, tendo alertado para as suas consequências.
“Uma obra deste género terá com certeza impactos ecológicos graves, portanto, se o próprio açude de Abrantes já tem impactos ecológicos na migração das espécies piscícolas e todas as espécies são afetadas por uma barreira no rio, este em Constância também o terá, num percurso que ainda não tinha açudes entre Constância e Abrantes”, disse hoje à Lusa Paulo Constantino, porta-voz do movimento ambientalista, com sede em Vila Nova da Barquinha (Santarém).
Segundo Paulo Constantino, “qualquer açude que seja feito a jusante de Abrantes irá retirar espaço ao que restava do rio Tejo livre que ainda corria até Lisboa”.
Além disso acrescentou, a subida do nível da água na zona de Constância poderá ter “impactos negativos” na região.
“Criando uma albufeira com certeza que terá impactos na zona da praia fluvial de Constância, terá impactos para as descidas de canoa no resto do rio selvagem, desde a barragem do Castelo de Bode, no rio Zêzere. Portanto, estes são os primeiros impactos, os ecológicos e os da atividade de lazer e da atividade lúdica desportiva e de natureza, que terão impactos certos”, afirmou.
Segundo a PROTEJO, o período de discussão pública para a construção do açude no rio Tejo abriu em 02 de dezembro, no portal Participa [participa.pt], e decorre até 15 de janeiro, no âmbito do Estudo da Valorização dos Recursos Hídricos para a Agricultura no Vale do Tejo e Oeste.
“Este açude faz parte do estudo de valorização dos recursos hídricos do Vale do Tejo que foi ordenado pelo Governo anterior, no âmbito do lançamento da ideia do Projeto Tejo, que previa a construção de quatro novos açudes e duas barragens de Abrantes até Lisboa, de 20 em 20 quilómetros, e este estudo foi lançado agora a consulta pública”, enquadrou Paulo Constantino.
Para o dirigente, “aquilo que numa primeira vista parece sair do estudo é, efetivamente, a construção de um primeiro açude em Constância Norte, que é chamado de ‘Constância Norte’ e que será a jusante da foz do rio Zêzere no rio Tejo, portanto, localizado na zona da Praia do Ribatejo”.
O açude, acrescentou, “irá criar uma albufeira para assegurar a água que vai ser distribuída pela margem sul e pela margem norte do Tejo até à zona do Oeste, através de canais”.
De acordo com as informações divulgadas no portal Participa, o estudo compreende “o aproveitamento hidroagrícola, as disponibilidades em solo e água, e a suas conceções técnicas, adaptadas, equitativas e economicamente e ambientalmente sustentáveis” e considera “a questão dos fins múltiplos, a produção de energia, o abastecimento de água, a defesa contra cheias, a regularização de caudais ou a navegação, a questão da racionalidade da eficiência e da sustentabilidade técnica, a questão do ambiente e as questões financeira, social, económica e de desenvolvimento regional e nacional”.
Paulo Constantino disse ainda que o proTEJO “apela sempre à participação dos cidadãos nestes processos, porque vão ser eles os diretamente afetados, nomeadamente também através das instituições que os representam, neste caso com maior prioridade para os municípios de Vila Nova da Barquinha e de Constância”, onde o futuro açude poderá ser construído.
Lusa