O Município de Ourém, no distrito de Santarém, aprovou uma proposta de criação do metro de superfície para ligar as cidades de Fátima e Leiria, no âmbito da consulta pública do Plano Ferroviário Nacional, foi hoje anunciado.
“A Câmara Municipal de Ourém, atenta à oportunidade de apreciação pública do documento revelado como Plano Ferroviário Nacional, bem como consciente da necessária aplicação de verbas correspondentes ao Plano de Recuperação e Resiliência nos seus eixos e objetivos, apresenta uma proposta de consideração de execução de um metro de superfície entre a projetada estação de Leiria da Alta Velocidade e a cidade de Fátima”, lê-se no documento.
A proposta, aprovada por unanimidade na reunião de segunda-feira do executivo municipal liderado por Luís Albuquerque (PSD/CDS-PP), considera haver “uma região com uma lacuna evidente” no Plano Ferroviário Nacional, “com uma total ausência de serviços ferroviários para Fátima, sobejamente conhecida pelos milhares de pessoas que recebe anualmente, fluxos contínuos e diretamente relacionados com as demais infraestruturas nacionais (rodoviárias e aeroportuárias)”.
“A estação conhecida como sendo ‘estação de Fátima’ [no concelho de Tomar], efetivamente, não traz qualquer serviço à cidade”, situando-se a cerca de 25 quilómetros, “sem qualquer serviço interoperável que possa fazer esta ligação”, refere, notando que “são inúmeras as situações em que os passageiros se sentem defraudados e perdidos com esta errada designação”.
No contributo, o Município de Ourém reconhece que “não há qualquer possibilidade de alteração desta histórica Linha do Norte, muito menos pela falta de serviço que importa à cidade de Fátima”, além de que “também a estação de Caxarias [no concelho de Ourém] não traz serviço ferroviário a Fátima, pese embora a sua maior proximidade (20 Kms)”.
A autarquia pretende um “metropolitano de superfície, elétrico, moderno, confortável e de grande qualidade, que circula nas principais artérias da cidade de Leiria e ruma a Fátima aproveitando o traçado da via rodoviária nalguns locais (coexistência) e faixas alternativas adjacentes noutras partes de traçado até Fátima”.
Apresentando, entre outros aspetos, números relativos a peregrinos que se deslocam ao Santuário de Fátima, a Câmara defende que “justificam uma resposta de transporte e mobilidade de passageiros compatível com as necessidades ao longo do ano, bem como a mobilidade destes milhões de turistas através do país”.
Por outro lado, aponta “exemplos e semelhanças com outras autarquias”, como Almada, Seixal, Coimbra ou Porto, assinalando que “são tudo ligações regionais que obedecem às mesmas condições de prestação de serviço público de transporte de passageiros”.
“Cremos que tem de ser feito um paralelo em termos de coesão nacional e territorial com muitos destes serviços existentes pelo país”, sendo que os números apresentados “para serviço de passageiros merecem uma atenção redobrada naquilo que é o desenho dum plano ferroviário nacional”, acrescenta.
Para a Câmara de Ourém, “um sistema de mobilidade ferroviária como este tem facilidade de integração no tecido urbano da cidade de Leiria na sua ligação até Fátima (menos de 30 Kms), podendo, inclusivamente, penetrar em zonas comerciais, pedonais e de recreio”, sendo que “a projetada estação de Alta Velocidade em Leiria constitui uma oportunidade única de intermobilidade de transporte de passageiros através da ligação a um sistema ferroviário ligeiro de superfície”.
Lusa