O presidente da AGIF (Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais), Tiago Oliveira está debaixo de fogo de vários setores, desde os municípios aos bombeiros.
A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo reagiu esta noite com indignação, depois da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo ter, inclusive, anunciado o corte de relações com a agência. A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) também já repudiou as declarações de Tiago Oliveira.
“Os municípios são, no âmbito das suas competências próprias, os responsáveis pela proteção civil ao nível municipal e o grande financiador dos corpos de bombeiros, a par com a administração central”, sublinhou em comunicado a ANMP, liderada por Luísa Salgueiro (PS), também presidente da Câmara de Matosinhos, no distrito do Porto.
Para a associação que representa as autarquias, o “investimento dos municípios nos bombeiros visa garantir a segurança e socorro da população”.
“Quer os municípios quer os bombeiros são os principais interessados na redução dos incêndios rurais, na defesa da floresta e, sobretudo, na defesa das populações. São os autarcas e os bombeiros os primeiros a estarem presentes no terreno, na prevenção, no combate e na minimização de danos”, frisou.
A associação de municípios sublinhou também “o decisivo papel dos municípios na prevenção e na defesa da floresta contra incêndios e no suporte financeiro decisivo aos bombeiros”.
Médio Tejo pede ao governo que tire consequências das declarações
A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo revela que os Municípios que a compõem repudiam as declarações “incendiárias” do presidente do Conselho Diretivo da AGIF.
Os Municípios do Médio Tejo mostraram perplexidade pelas declarações de Tiago Oliveira parece “demonstrar desconhecimento no que respeita à realidade existente e deixou de ter condições de protagonizar tão importantes desígnios de articulação” entre entidades.
Ao Municípios do Médio Tejo apelam ainda ao governo “que analise tão graves declarações e que dela tire todas as consequências.”
O Médio Tejo é constituído pelos Municípios de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha.
Lezíria do Tejo corta relações com a AGIF
Os presidentes dos 11 municípios da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) manifestaram hoje “indignação” pelas declarações do presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais no parlamento, anunciando o “corte de relações” com a AGIF.
“O senhor engenheiro Tiago Oliveira lamenta o investimento feito nos corpos de bombeiros, ao mesmo tempo que afirma que os mesmos recebem financiamento pela área ardida. O senhor engenheiro tem obrigação de saber que isso é mentira. Se não o sabe, o caso é ainda mais grave. As fontes de financiamento dos corpos de bombeiros são públicas”, afirmam os autarcas em comunicado.
Para os presidentes das câmaras municipais de Almeirim, Alpiarça, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém, “quando um alto responsável de uma agência governamental decide espalhar notícias falsas, algo deve ser feito pela tutela”.
“A CIMLT e os seus presidentes de câmara decidiram cortar todas as relações com a AGIF, estando apenas presentes em reuniões que a Lei obrigue”, acrescentam.
Os 11 presidentes de câmara dos municípios associados da CIMLT “exortam o presidente da AGIF a provar o que disse” na Comissão de Agricultura e Pescas da Assembleia da República “ou a demitir-se”.
Bombeiros profissionais acusam presidente da AGIF de "estar a mais no sistema"
Os bombeiros profissionais acusaram hoje o presidente da agência para a gestão dos fogos de “estar a mais no sistema”, repudiando e considerando ofensivas as afirmações sobre gastos municipais com bombeiros e pagamentos em função da área ardida.
Em comunicado hoje divulgado, a Associação Nacional de Bombeiros Profissionais e o Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP/SNBP) acusaram o presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), Tiago Oliveira, de “estar a mais no sistema”, depois de na quinta-feira, numa audição parlamentar, ter questionado o facto de os “corpos de bombeiros receberem em função da área ardida”, considerando o “objetivo perverso”.
As declarações do presidente da AGIF
Tiago Oliveira foi ouvido na quinta-feira na comissão parlamentar de Agricultura e Pescas, a propósito do relatório de atividades do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais de 2022.
O presidente da AGIF sublinhou também que “há municípios a gastar meio milhão de euros, uma barbaridade de dinheiro nos bombeiros, quando não gastam dinheiro a gerir a floresta”, sendo necessário balancear a prevenção e o combate.