As infrações com ‘drones’ na peregrinação de maio ao Santuário de Fátima "baixaram substancialmente" face a 2023, revelou hoje a Guarda Nacional Republicana (GNR), que há um ano iniciou a utilização de um sistema anti-‘drone’.
“Notamos que do ano passado para este ano, a larga maioria das pessoas já é conhecedora de que não pode [fazer] voar [drones], portanto, o número de situações de infração reduziu-se substancialmente, o que para nós é relevante e é muito satisfatório”, afirmou à agência Lusa o comandante do Grupo de Intervenção de Ordem Pública da GNR, tenente-coronel Pedro Nogueira.
Na peregrinação de 12 e 13 maio de 2023, a GNR registou 20 voos de ‘drones’ não autorizados e identificou cinco pilotos. Na peregrinação que hoje decorre, foram detetados dois ‘drones’ em situação irregular e um foi intercetado.
“Isto é uma área considerada ‘no-fly zone’ [área de exclusão aérea], não podem equipamentos de ‘drone’ voar além daqueles autorizados, da comunicação social e, sobretudo, das forças de segurança e da Proteção civil”, explicou Pedro Nogueira.
Estes são identificados e monitorizados pelo equipamento anti-drone da GNR, enquanto os restantes “são detetados, é identificado o equipamento, a localização do ‘drone’ e a localização do piloto” precisou.
Numa primeira fase, a GNR trata de “divulgar e sinalizar, para que as pessoas possam saber de que não podem voar [os ‘drones]”, mas se o continuarem a fazer, procura intercetar o piloto e elabora o respetivo auto de contraordenação", adiantou o tenente-coronel.
O comandante do Grupo de Intervenção de Ordem Pública da GNR esclareceu que o sistema tem ainda capacidade “para inibir o sinal do ‘drone’” em infração, frisando, contudo, que este “é sempre o último recurso”, dado ser desconhecido qual vai ser o comportamento do aparelho.
“Pode aterrar no local, pode retornar para junto do piloto. Tentamos, sempre que possível, não havendo nenhuma ameaça que implique uma preocupação maior”, abordar o piloto e pedir para o recolher, declarou.
O sistema anti-‘drone’ da GNR, que entrou em funcionamento no ano passado, é usado em "eventos considerados de maior complexidade e onde poderá haver um maior risco associado ao uso de ‘drones’”.
“Numa zona de grande acumulação de pessoas, se um ‘drone’ cair vai provocar danos, vai pôr em causa a integridade física das pessoas”, observou o comandante, acrescentando que “a maior preocupação é que as pessoas, efetivamente, saibam que há momentos e áreas onde não podem voar com este tipo de equipamentos, porque estão um conjunto de riscos associados”.
Além do sistema anti-‘drone’, a GNR, através da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS), está a utilizar vários ‘drones’ no apoio ao posto de comando na monitorização do fluxo rodoviário e de peregrinos que entram e saem do recinto do santuário e na prevenção criminal.
“Ao ter os ‘drones’ no ar, temos uma visão mais privilegiada de locais mais escondidos em que possam ocorrer ilícitos criminais”, exemplificou o segundo sargento Rui Silva, da UEPS.
Esclarecendo que os ‘drones’ voam em locais “onde não sobrevoam pessoas”, este responsável salientou que o alcance das câmaras é que permite focar determinados espaços.
Estes ‘drones’, já usados há vários anos por ocasião das peregrinações ao Santuário de Fátima, são igualmente utilizados na vigilância da floresta contra incêndios, em busca de pessoas desaparecidas, na investigação criminal ou no apoio à tomada de decisões de postos de comando.
Segundo Rui Silva, estes ‘drones’ podem alcançar 600 metros de altitude, mas dada a legislação apenas voam “até aos 120 metros de altitude, dependendo dos locais”.
O alcance de duas aeronaves não tripuladas hoje em uso em Fátima é de “seis quilómetros mais dois quilómetros de alcance da câmara” que tem incorporada.
“É um equipamento diferenciador”, assinalou este responsável, destacando os sensores térmicos e de visão noturna incluídos nas câmaras.
A peregrinação internacional de maio ao santuário de Fátima termina hoje.
No domingo à noite, estiveram na procissão das velas cerca de 250 mil pessoas, segundo dados do santuário.
Lusa