O regresso ao trabalho (para alguns) é marcado pela Lua Nova de dia três. Esta fase lunar ocorre quando a Lua se encontra na direção do Sol, motivo pelo qual não nos é possível observá-la nestes dias. De facto, só ao final da tarde de dia cinco é que iremos observar a Lua pôr-se junto ao planeta Vénus e à constelação da Virgem. Esta efeméride tem lugar no mesmo dia em que a Lua atinge o seu apogeu (ponto da órbita mais afastado da Terra) motivo pelo qual parece ligeiramente mais pequena do que é habitual.
Neste mesmo dia o planeta Mercúrio terá atingido a sua maior elongação (afastamento relativamente à direção do Sol) para oeste, sendo a melhor ocasião para observa-lo antes do amanhecer. Esta informação é particularmente relevante tendo em conta que no final do mês Mercúrio deixará de ser visível.
Na madrugada de dia oito o planeta Saturno estará em oposição, i.e., a posição diametralmente oposta à do Sol. Por este motivo, iremos encontra-lo com a sua face totalmente iluminada.
Três madrugadas depois, a Lua apresentar-se-á na sua fase de quarto crescente, mas dada a fase lunar em questão, só iremos vê-la junto à constelação do Sagitário ao início da noite seguinte.
Tal como em sucedeu durante o mês de agosto, no dia dezassete terá lugar uma ocultação do planeta Saturno por parte da Lua. Este evento apenas será observável numa faixa que se estende da costa oeste dos EUA até o leste do continente australiano.
No dia dezoito a Lua estará na direção oposta à do Sol o que, por ocorrer onze horas antes desta atingir o seu perigeu (ponto de órbita mais próximo da Terra) dará lugar a uma superlua cheia. Aquando desta efeméride o extremo nordeste da Lua irá rasar a umbra terrestre, i.e. parte da sombra onde a luz solar é totalmente bloqueada pela Terra, originando desta assim um eclipse lunar parcial. Este evento começará pela uma hora e quarenta e um minutos (hora de Lisboa) altura em que a Lua começará a passar pela zona donde apenas parte da luz solar é bloqueada pela Terra (a penumbra). Entre as três horas e doze minutos e as quatro horas e catorze minutos, o topo norte da lua irá atravessar a zona de umbra, sendo que o máximo do eclipse terá lugar pelas três horas e quarenta e quatro minutos. Este evento irá terminar pelas cinco horas e quarenta e cinco minutos.
No dia vinte será a vez do planeta Neptuno estar em oposição.
A presença da Lua junto ao aglomerado estelar do Sete-Estrelo (ou Plêiades) coincide com outra efeméride astronómica que no nosso país chamamos de Equinócio Outonal. De facto, pela uma hora e quarenta e quatro minutos da tarde de dia vinte e dois a Terra atinge o ponto da sua órbita em que o Sol passa a ser visto abaixo do Equador Celeste (projeção da linha do Equador na esfera celeste), dando assim início ao outono no nosso hemisfério.
Ao final da madrugada de dia vinte e seis veremos a Lua aproximar-se-á aos poucos da estrela Pólux, uma das cabeças da constelação dos Gémeos. Mais interessante é o facto desta noite (e não a de dia vinte e dois) durar doze horas.
Finalmente no dia vinte e sete o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) atingirá o seu periélio (ponto de maior aproximação ao Sol). Alguns estudos indicavam que este objeto vindo da nuvem de Oort (uma nuvem esférica de corpos rochosos orbitando ao redor do Sol, com um raio de cerca de um ano-luz) poderá ser o cometa mais brilhante dos últimos anos. No entanto um estudo recente aponta a que o núcleo deste cometa esteja a entrar em fragmentação.
Boas observações!
Fernando J.G. Pinheiro (CITEUC e FCTUC)
Figura 1: Céu a sudeste pelas três horas da madrugada de dia dezoito. Igualmente é visível a posição da Lua no dia vinte e dois.
Figura 2: Céu a sudoeste pelas quatro horas da tarde de dia vinte e dois. Igualmente é indicada a posição do Sol nos dias quinze e vinte e sete.
(imagens adaptadas de Stellarium)
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