A Semana Santa e Páscoa, com o Tríduo Pascal, constituem a celebração mais importante do Cristianismo. Mas esta festividade começa com a Quarta-feira de Cinzas, e a Quaresma, e só termina no Corpo de Deus, quinta-feira que antecede o Domingo de Pentecostes, ou seja, quando o Espírito Santo desce para os discípulos de Jesus Cristo.
O Tríduo Pascal é o conjunto de solenidades que assinalam esta época em todas as paróquias. É composto pela Quinta-feira Santa (com missa e lava pés), Sexta-feira Santa (com beijo da cruz) e o Sábado Santo ou de Aleluia (com a vigília Pascal). O Tríduo Pascal é celebrado em memória da Paixão, morte e ressurreição de Jesus, conforme os Evangelhos. E depois no domingo a Procissão de “festa” da Ressurreição do Senhor, já com cores animadas para celebrar. A procissão antecede a Eucaristia e o roxo é substituído pelo vermelho, assim como a música das procissões da Semana Santa deixa de ser fúnebre para entrar em tons mais festivos.
Em Sardoal, a Quinta-feira Santa tem na Procissão dos Fogaréus, uma particularidade desta vila, assim como os tapetes de pétalas de flores elaborados nas capelas e igrejas.
António Castanheira, veio para Abrantes em outubro de 2021 e a 6 de outubro de 2024 assumiu mais uma mão-cheia de paróquias, entre elas Sardoal, juntamente com Cónego Emanuel Matos e Silva, e o Padre Joaquim Lumingo.
É, por isso, a primeira vez que António Castanheira vai presidir às celebrações da Semana Santa e Páscoa de Sardoal, sabendo que há um maior mediatismo ou promoção à volta destas atividades religiosas.
O Padre Castanheira diz que esta semana vive-se “em diversas dimensões. Na dimensão da Fé para os crentes, na dimensão da Estética porque é a maior festa da Igreja Católica, e vive-se mesmo para quem não crê.” E explica que sendo um “ato cultual” é, em simultâneo, “um ato cultural.” Tem, afirma, um lado de culto e de sobrenatural, mas por outro uma outra face como o renascer da Páscoa e nos 50 dias que se sucedem.
António Castanheira não irá presidir a todas as celebrações de Sardoal, mas sabe o que os colegas lhe foram dizendo sobre Sardoal, como os Fogaréus ou tapetes. “Tudo isto traz uma singularidade maior à vivência do mesmo mistério, da mesma alegria da Fé. Primeiro com o ambiente muito pesado, com a Paixão e a Morte, e depois já com alegria grande na vigília, na madrugada de domingo.”
Em relação à Procissão dos Fogaréus diz “ter da graça de já ter ido a metade, porque tinha outros compromissos tem Abrantes. De facto é um ambiente de uma intimidade enorme. Mesmo quem são é crente, impressiona. Nós não somos insensíveis.”
E depois acrescenta “ali (Procissão dos Fogaréus) somos nós, é a nossa vida e o mistério da nossa vida. E os que Cremos é o mistério da Salvação de Jesus Cristo. Coloca-nos diante da realidade como ela é, nua e crua para cada um de nós. É um chamar à realidade (...) e um desafio de um tempo melhor que haverá de raiar no domingo de Páscoa.”
Já sobre a vivência de ser Padre nestas Procissões, António Castanheira, revela que vai no “seu sítio” e deixa-se levar.
No Sardoal há um programa paralelo às celebrações religiosas. O projeto Capela pretende levar às crianças este culto. E o Padre Castanheira aplaude esta iniciativa, até porque a simbólica faz parte da Igreja Católica. Sempre fez. E quando sabemos o significado dos símbolos, então estamos mais próximos do culto e daquilo que representam estas celebrações Católicas.
Já sobre os tapetes de flores, o agora Pároco de Sardoal, lembrou o momento de 2023, da intensidade que foi para as gentes de Sardoal ir ao Parque Eduardo VII fazer um tapete de flores para receber o Papa Francisco. E isso revela-se, depois, no empenhamento que as pessoas colocam quando preparam os tapetes para as igrejas e capelas. É esta a outra particularidade das celebrações de Sardoal.
A Semana Santa em Sardoal é Património Cultural Imaterial e tem um Centro Interpretativo que António Castanheira confessou ainda não ter visitado, embora destaque a natural vontade de conhecer um espaço que mostra todo o ano como se vivem estes dias mais solenes em Sardoal.
“Viveremos a Ressurreição como a atitude maior de toda a vida”, vinca o Padre Castanheira, destacando que é o período posterior à Quaresma que nos pretende preparar para as mudanças, para o Renascimento. Aliás, indica, a Quaresma é a quarentena, ou seja, foi um período que nasceu para preparar os batismos e a Vigília Pascal, nos adultos.
Seja como for, que cada um viva este tempo com intensidade própria, até porque a Páscoa é de todos.
Jerónimo Belo Jorge