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Portagens: Plataforma P'la Reposição das Scut admite pedir resgate das PPP rodoviárias

6/02/2024 às 21:17

O porta-voz da Plataforma P'la Reposição das Scut na A23 e A25, Luís Garra, admitiu hoje que o movimento pode, a partir de agora, vir a defender o resgate das parcerias público-privadas (PPP) rodoviárias.

A declaração foi feita à margem da conferência “A reposição das Scut no interior e a mobilidade e a sustentabilidade da Beira Interior”, realizada na Universidade da Beira Interior, na Covilhã (distrito de Castelo Branco), em que participaram candidatos às eleições legislativas por este círculo eleitoral e alguns especialistas convidados pela Plataforma.

Embora tenha referido que a decisão não foi “suficientemente debatida internamente” no seio do movimento que reúne sete entidades dos distritos da Guarda e de Castelo Branco, Luís Garra frisou que, com os elementos abordados no debate, “é natural que a Plataforma ganhe um consenso mais forte em torno desta questão”.

“Eu creio que a Plataforma está perfeitamente consciente de que o resgate das PPP é uma questão essencial”, salientou o porta-voz da associação, considerando que a medida uma forma de “resolver o problema das portagens”, mas que essas parcerias com privados “são ruinosas para o próprio Estado”.

Depois dos argumentos ouvidos na conferência, Luís Garra disse crer que “a Plataforma vai também, ela própria, passar a defender” esse caminho.

Segundo Paulo Morais, da Frente Cívica, Portugal é “o país da União Europeia que mais gasta em PPP face ao Produto Interno Bruto (PIB)” e a eliminação das portagens nas antigas Scut (vias sem custos para o utilizador), além de ser uma decisão “justa, pela não ostracização do interior”, é uma questão “da mais básica gestão financeira do país”.

“Que sentido faz pagar 1.500 milhões todos os anos por um património que vale quatro milhões e fazer isto ao longo de 20 anos?”, questionou Paulo Morais.

Na iniciativa também participou o académico João Leitão, segundo o qual as Scut são “vias fundamentais para o desenvolvimento regional sustentável” e que, “por não terem alternativa viável, e por imperativo de justiça social, não devem ser objeto de portagem”.

O geógrafo, ecologista e especialista em gestão do território Miguel Martins mostrou estudos feitos e sublinhou que em termos ambientais a circulação das viaturas por estradas alternativas às autoestradas revela “um aumento considerável nas emissões de CO2”, no caso da A23, a Autoestrada da Beira Interior, mais 29 toneladas diárias.

O porta-voz da Plataforma enfatizou que as intervenções feitas na conferência reforçaram as convicções do grupo e ajudam a sustentar as propostas entregues “ao Governo ainda em funções”.

Luís Garra referiu que as preocupações não se prendem apenas com a eliminação das portagens, mas também com “as questões da mobilidade e da sustentabilidade”, por considerar que os transportes públicos não estão assegurados nestes territórios.

“Efetivamente não há a tal mobilidade no Interior. Isso é uma ficção”, vincou o porta-voz do movimento, que acrescentou que a defesa das Scut “não é apenas por uma questão de mobilidade, é porque originariamente foram implementadas para aproximar nomeadamente o Interior ao desenvolvimento do país”.

A Plataforma P'la Reposição das Scut na A23 e A25 integra sete entidades dos distritos de Castelo Branco e da Guarda – Associação Empresarial da Beira Baixa, União de Sindicatos de Castelo Branco, Comissão de Utentes Contra as Portagens na A23, Movimento de Empresários pela Subsistência pelo Interior, Associação Empresarial da Região da Guarda, Comissão de Utentes da A25 e União de Sindicatos da Guarda.

A A23 (Autoestrada da Beira Interior) liga Guarda a Torres Novas (A1), enquanto a A25 (Autoestrada Beiras Litoral e Alta) assegura a ligação entre Aveiro e a fronteira de Vilar Formoso.

Lusa

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