O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo, Manuel Jorge Valamatos, mostrou-se hoje “muito preocupado” com o fecho da urgência pediátrica do Hospital de Torres Novas aos fins de semana, esperando que seja encontrada rapidamente uma solução.
“Estou muito preocupado. Estamos todos preocupados, deduzo que é um problema de todos. Espero, na verdade, que os cidadãos estejam protegidos e que as negociações com os sindicatos dos médicos tenham efeito positivo e que consigamos ultrapassar estas dificuldades”, disse Manuel Jorge Valamatos, em declarações à agência Lusa.
A urgência pediátrica do Hospital de Torres Novas, do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), vai encerrar aos fins de semana já a partir de sábado e até final do ano, indicou na quinta-feira a administração hospitalar.
“Todos nós temos noção dos constrangimentos que isto traz para as famílias e para as pessoas, mas, humanamente, não temos outras condições”, afirmou na altura à Lusa o presidente do Conselho de Administração do CHMT, Casimiro Ramos.
Segundo o responsável, o motivo para o encerramento semanal da urgência pediátrica é o insuficiente número de pediatras para ter escalas completas.
Hoje, o presidente da CIM do Médio Tejo lembrou que “felizmente” na sua zona, e comparativamente com o que se tem passado na Área Metropolitana de Lisboa e Vale do Tejo, no “Centro Hospitalar do Médio Tejo as coisas até vão andando” sem grandes dificuldades.
Manuel Jorge Valamatos, que é também presidente da Câmara Municipal de Abrantes, disse ainda esperar que “rapidamente” se encontre uma “solução mais favorável” para todo os utentes da região.
Em comunicado, a Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo considerou hoje que as situações vividas atualmente, “agravadas em relação ao trimestre anterior, resultam de muitos anos de políticas erradas na formação e gestão de recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde".
“Exige-se que os responsáveis tomem as medidas necessárias e urgentes para garantir os indispensáveis cuidados de saúde de qualidade e proximidade à população do distrito de Santarém”, reclamam os utentes da saúde.
No início de outubro, a direção executiva do Serviço Nacional de Saúde divulgou o mapa de urgências de pediatria para o inverno, com a de Torres Novas a funcionar com constrangimentos até janeiro de 2024, fechando quinzenalmente, entre sexta-feira e domingo.
Contudo, a partir de agora o serviço passa a encerrar todos os fins de semana, até final do ano, entre as 09:00 de sábado e as 09:00 de segunda-feira.
“Apesar dos esforços dos profissionais de saúde do Serviço de Pediatria do CHMT para garantir as escalas do serviço de urgência pediátrica, esta programação revela-se como absolutamente necessária”, indicou na quinta-feira o CHMT, acrescentando que, “durante os períodos de fecho programado, os médicos pediatras que se encontram ao serviço do CHMT garantem apenas apoio à urgência interna e aos doentes já admitidos” na instituição.
A alternativa aos fins de semana para os utentes do CHMT passa a ser a urgência pediátrica do Hospital de Santarém.
O CHMT agrega as unidades hospitalares de Abrantes, Tomar e Torres Novas, no distrito de Santarém.
Mais de 30 hospitais de norte a sul do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações completarem as escalas de médicos.
Em causa está a recusa de mais de 2.500 médicos em fazerem mais do que as 150 horas extraordinárias anuais a que estão obrigados.
Esta crise já levou o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, a admitir que novembro poderá ser dramático, caso o Governo e os sindicatos médicos não consigam chegar a um entendimento.
As negociações entre sindicatos e Governo já se prolongam há 18 meses e há nova reunião marcada para sábado.