Os promotores do aeroporto Magellan 500, em Santarém, consideraram hoje que o projeto não foi bem avaliado pela comissão técnica independente e entendem que análise foi feita com base em método “Alice no País das Maravilhas”.
“Entendemos que o nosso projeto não está corretamente avaliado em função das suas características”, disse à Lusa o promotor do projeto, Carlos Brazão, considerando que a comissão técnica independente (CTI) utilizou o método de análise “Alice No País das Maravilhas”, por ter em conta as acessibilidades que podem vir a existir e não as que existem.
A CTI apresentou na terça-feira o relatório preliminar da avaliação ambiental estratégica para a expansão aeroportuária da região de Lisboa, considerando que Alcochete e Vendas Novas são as duas opções viáveis, das nove em estudo, entre as quais Santarém.
“O nosso projeto é feito com base no país que existe, nas acessibilidades que existem, tirando o melhor proveito delas, enquanto a CTI parece que fez uma análise do ‘País das Maravilhas’, que é [considerar que] amanhã já esta feita a terceira travessia [do Tejo], amanhã já estão feitos 50 ou 60 quilómetros de ferrovia do lado de lá do Tejo, amanhã já estão feitas as acessibilidades e os projetos são medidos nessa base”, apontou Carlos Brazão.
Os promotores do Magellan 500 defenderam que considerar o projeto inviável por razões de navegação aérea é uma conclusão desmentida por um relatório da NAV Portugal – Navegação Aérea, que aponta que os conflitos com as áreas militares são resolúveis em todas as soluções aeroportuárias.
“Neste e em muitos outros aspetos achamos que o nosso projeto não foi bem avaliado”, sublinhou.
Carlos Brazão disse ainda estranhar a conduta da CTI, que “em apenas três meses” e “sem recurso a consultores com experiência internacional”, tenham desenhado duas novas soluções aeroportuárias (Alcochete + Portela e Vendas Novas + Portela), colocando-as “à frente dos dois projetos que têm promotores por trás que os querem e podem construir e que têm anos de desenvolvimento”.
Quanto aos riscos de litigância associados ao contrato de concessão entre o Estado e a ANA/Vinci, Carlos Brazão realçou que foram entregues à CTI pareceres de três escritórios de advogados de referência “que não vão nessa direção”.
Face à discordância com a análise da CTI, os promotores do Magellan 500 vão novamente apresentar uma pronúncia pública, tal como em fases posteriores dos trabalhos da CTI.
Questionado sobre a possibilidade de o projeto avançar, independentemente da escolha do Governo, os promotores reiteraram que essa decisão será tomada em função do apoio que sintam dos poderes públicos e em função da vontade do consórcio de investidores.
Lusa