A associação ambientalista Quercus alertou hoje que estão a aparecer peixes mortos no rio Caia, junto à vila de Arronches, no distrito de Portalegre, sendo desconhecidas as causas do problema.
Em declarações à agência Lusa, o dirigente da associação José Janela indicou que o alerta partiu de populares e que se sente um mau cheiro junto ao rio.
“Neste momento só lá estão peixes [mortos] de maiores dimensões que ficaram encalhados nas pedras e em zonas menos fundas, como carpas, bastante grandes. No entanto, há imagens que nos forneceram anteriormente de outros peixes mais pequenos que morreram, só que foram levados pela corrente em direção à barragem do Caia”, explicou.
A associação desconhece o que poderá estar a causar a morte dos peixes, mas, atendo ao mau cheiro, admite que na origem do problema estejam excrementos de animais arrastados para a água, na sequência das chuvadas que caíram naquela região.
A Quercus vai formalizar junto do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR uma queixa para que investigue a origem da morte dos peixes.
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Arronches, João Crespo, referiu também que a chuva registada nos últimos tempos, juntamente com os excrementos dos animais que foram nas enxurradas para a água do rio, poderá estar na origem do problema.
“Vieram chuvas com muita intensidade e a lavagem dos terrenos em volta das ribeiras [de Caia e de Arronches, que desaguam no rio Caia] deu origem a que a escorrência dos terrenos agrícolas, nomeadamente a urina das vacas, o estrume das vacas, viesse todo para a ribeira. Depois, juntou-se aqui nos sítios onde havia os pequenos charcos com peixes que sobreviveram à seca”, explicou.
“Nós já reportámos para o SEPNA e o SEPNA está a tomar conta deste assunto”, acrescentou.
No distrito de Portalegre têm também surgido peixes mortos na ribeira de Seda, no Crato, uma situação igualmente notificada às autoridades, mas que terá uma origem distinta, segundo forças locais.
A Quercus reivindicou uma investigação urgente para este caso, que a Agência Portuguesa do Ambiente e a GNR estão a averiguar, aguardando o resultado de análises à água.
Numa nota publicada na sua página na rede social Facebook, acompanhada de vídeos e fotos, os responsáveis do Clube Amadores de Caça e Pesca Desportiva do Crato referem que as descargas poluentes na ribeira de Seda “são uma constante há vários anos”.
Contactado pela Lusa na semana passada, o presidente da Câmara do Crato, Joaquim Diogo, manifestou-se preocupado com a situação, indicando que o município já tinha apresentado queixas às autoridades ambientais.
“É uma situação recorrente. Nós temos feito queixas, há menos de seis meses houve uma vistoria à indústria, que teve uma conclusão. Eles [indústria] cumprem com quase todos os requisitos para poder laborar - houve ali algumas coisas que foram notadas, alguns melhoramentos, algumas situações específicas que eles têm de introduzir, mas nada de substancial”, relatou.
O autarca sublinhou que tem seguido a situação com “muita preocupação”, lamentando não se conseguir imputar até esta altura responsabilidades, já que a ribeira aparece poluída periodicamente.
Lusa