A importância do jornal Voz da Fátima, que assinalou um século de publicação ininterrupta em outubro, está registada num livro com textos de vários investigadores que o Santuário de Fátima lança hoje.
“O jornal Voz da Fátima: cem anos a olhar o mundo”, coordenado por Carmo Rodeia e Marco Daniel Duarte, analisa o percurso daquele que é um dos mais antigos jornais de Portugal e que, de acordo com o historiador José Pacheco Pereira, “é um dos grandes repositórios” da “presença de Fátima na vida e história dos portugueses”.
Pacheco Pereira defende, no prefácio, que o papel de Fátima “vai muito para além dos crentes” ou, até, de quem não tem fé.
O historiador encara as aparições de Fátima como “fator de identidade nacional”, porque “a sua presença na paisagem nacional, real e simbólica” fomenta “uma multiplicidade de observações, testemunhos, mesmo circunstanciais e involuntários, que nos levam a não poder deixar de ‘ver’ Fátima”.
Nesse contexto, os cem anos do jornal oficial do Santuário de Fátima servem para dar “dimensão à mudança”, “desde as formas da fé e da religiosidade, popular e erudita, ao retrato da sociedade rural”.
“É impossível atravessar tantos anos sem que se possa perceber como o tempo muda”, realça o prefaciador, que encontra no jornal “sinais daquelas pessoas que não ficam, e muito menos aparecem, por regra, em letra de forma num jornal, os ‘de baixo’”.
“Tudo isto torna o jornal num repositório de grande valor histórico”, salienta.
O livro conta com textos de, entre outros, António Marujo, Eduardo Cintra Torres, Maria de Fátima Reis, António Pedro Ferreira e do reitor do Santuário, Carlos Cabecinhas, além dos coordenadores da publicação, Carmo Rodeia, diretora de comunicação do Santuário, e Marco Daniel Duarte, diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima.
Estes destacam Voz da Fátima como sendo, “dentro da imprensa católica, um sobrevivente”, do qual o livro ajuda “a fazer a memória viva”.
“É apenas o começo de uma investigação sobre um jornal que, para lá da sua missão institucional, tem uma vocação universal, já que é o instrumento mais regular de difusão de uma mensagem cuja atualidade está longe de esgotada”, afirmam Carmo Rodeia e Marco Daniel Duarte.
De distribuição gratuita, Voz da Fátima nunca interrompeu a sua publicação e teve em 1922 uma tiragem inicial de 6 mil exemplares, que chegou a aproximar-se dos 250 mil em 1954. Atualmente, a tiragem situa-se nos 62 mil exemplares, estando também disponível na página ‘online’ do Santuário.
“Foi a consciência da importância da Voz da Fátima como testemunho da história de Fátima, mas também de uma leitura da Igreja, de Portugal e do mundo a partir de Fátima, que levou o Santuário a disponibilizar em formato digital, no seu site na internet, o rico espólio de todos os números do jornal”, explica, numa nota inclusa no livro, o reitor do Santuário de Fátima, Carlos Cabecinhas.
O livro “O jornal Voz da Fátima: cem anos a olhar o mundo” é lançado no âmbito da apresentação do Ano Pastoral, que decorre hoje, no Centro Pastoral de Paulo VI, em Fátima, a partir das 15:30.
Lusa