O secretário de Estado da Energia, João Galamba, disse hoje à Lusa que até ao fecho da central termoelétrica de Sines, em 2023, estarão acauteladas “todas as situações de segurança de abastecimento e estabilidade de rede”.
“A data de 2023 é exatamente para garantir que só prescindimos de Sines quando estivermos em condições de prescindir de Sines, acautelando todas as situações de segurança de abastecimento e estabilidade de rede”, disse João Galamba, em declarações à agência Lusa à margem do 11.º encontro anual da Associação Portuguesa das Empresas do Setor Elétrico (ELECPOR), em Lisboa.
João Galamba adiantou que só existem condições de prescindir de Sines "mais próximo de 2023", porque só é possível fazê-lo "em segurança antecipando a construção de uma linha de muito alta tensão", que já estava prevista nos planos de investimento da REN - Redes Energéticas Nacionais, mas para 2024.
"Nós vamos antecipá-la dois anos”, afirmou.
Segundo o governante, o Relatório de Monitorização de Segurança de Abastecimento do Sistema Elétrico Nacional, publicado pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) em articulação com a REN, “acompanha esta possibilidade há vários anos e a questão está totalmente acautelada”.
Questionado sobre o futuro dos trabalhadores da central de Sines - cerca de 400 - , o secretário de Estado afirmou que o plano é manter aquela estrutura como um “importante polo energético de produção de eletricidade e não só”.
“Estamos convencidos que isto dará oportunidades significativas aos trabalhadores que deixarão de ter oportunidades no carvão", defendeu, acrescentando que cabe ao Governo acautelar que existem oportunidades de emprego suficientes "na mesma área, preferencialmente nos territórios onde hoje essas pessoas trabalham”.
“Nós julgamos que isso é possível acautelar, quer no caso do Pego, quer em Sines”, reiterou.
O líder parlamentar do Partido Ecologista ‘Os Verdes’, José Luís Ferreira, defendeu hoje a necessidade de “garantir os direitos dos trabalhadores” das centrais termoelétricas de Sines e do Pego, medida que a CGTP acompanha.
“Nós não podemos mandar foguetes ao ar porque o Governo decidiu antecipar o encerramento só por si. Isto não chega. Como ecologistas temos também as preocupações sociais”, disse José Luís Ferreira à Lusa, acrescentando que estão em causa “cerca de 700 trabalhadores”.
Já a APREN - Associação Portuguesa de Energias Renováveis alertou para riscos relacionados com a segurança do abastecimento nacional, referindo ainda que a decisão do Governo "não está isenta de riscos e de alterações nos resultados socioeconómicos, que têm que ser acautelados".
O primeiro-ministro anunciou em 26 de outubro que o seu novo Governo está preparado para encerrar a central termoelétrica do Pego, em Abrantes, no final de 2021 e fazer cessar a produção da central de Sines em setembro de 2023.
Lusa