Foi um dia de festa no agora Regimento de Engenharia N.º 1, Tancos com a celebração do 377.º Aniversário da Arma de Engenharia. Foi esta sexta-feira, dia 12 de julho, que se assinalou a efeméride que marca a criação da primeira escola militar de engenharia, com decisão do Rei D- Joao IV.
A celebração contou com vários momentos, com destaque para uma missa, a cerimónia militar em parada e uma cerimónia solene a anteder o almoço convívio. O dia da Arma de Engenharia junta também muitos militares que passaram pelos regimentos, operações internacionais, sem esquecer os militares na reserva ou reformados que, convidados, marcam presença com a mesma vitalidade de quando estavam no ativo. E é nestes que, muitas vezes, se juntam histórias e estórias de tempos passados, ou que se agitam as gavetas do baú das memórias de situações vividas.
A engenharia é, como disse o vice-Chefe do Estado Maior do Exército (vice-CEME) uma unidade de combate, que garante a defesa de militares e civis e que se torna cada vez mais importante num contexto de guerras recentes que são muito diferentes, face ao uso de outro tipo de tecnologias.
Hino Nacional, Banda do Exército
O Tenente-General Hermínio Maio, diretor honorário da Arma de Engenharia desde 28 de outubro de 2022 e de comandante do pessoal do Exército, apresentou a Arma de Engenharia, como a primeira grande escola de engenharia em Portugal, criada por D. João IV. “Quando muitos países atuais não existiam ainda, em Portugal tomavam se decisões importantes.”
O Tenente-General Hermínio Maio apontou depois as três palavras que direcionaram a sua intervenção. Reconhecimento, Pragmatismo e Confiança.
O reconhecimento numa “viagem pela história” dos engenheiros militares e o pragmatismo com a análise real da situação vivida na Europa, para referir que “estamos ou temos de estar preparados. O risco de escalada agravou-se e a União Europeia deu passos na defesa. A engenharia militar tem ação na defesa das forças militares e dos civis. E tem presença em muitos cenários onde são necessárias as áreas da engenharia.”
Em modo de conclusão aludiu às pessoas que continuam a ter um “papel fulcral na engenharia.”
E sobre a confiança, Hermínio Maio, fez referência a todo o corpo da engenharia militar. “Somos a engenharia militar portuguesa”, concluiu
Tenente-General Hermínio Maio
O vice-CEME, Tenente-General Paulo Pereira, começou a sua alocução com uma mensagem Chefe do Estado Maior do Exército, General Mendes Ferrão, e com saudações ao presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha pela permanente atenção com a presença nas atividades militares como o exercício Artex 24.
Paulo Pereira deixou saudações a outras autarquias, tendo destacado o trabalho que existe entre o Exército e as câmaras Municipais.
O vice-CEME virou depois a atenção para os 377 anos da área de engenharia, num dia de celebrar o coletivo de todos os que serviram e servem esta arma. “Reconhecemos os relevantes serviços dos soldados de engenharia, seja para defesa ou para salvaguardar o bem-estar do povo. A engenharia é uma arma combatente, de prontidão, de formação e de resposta. Está preparada para combater.”
O Tenente-General vincou depois que combate ganha-se no terreno e é a componente terrestre que dá a vitória. “E a engenharia é uma das forças fundamentais”, ainda para mais com as novas formas de guerra, com ‘drones’, ameaças NBQR (químicas, biológicas ou radiológicas) o que “exige engenharia militar modernizada e empenhada. É preciso olhar para as novas formas de guerra e novas áreas que existem numa guerra.”
Paulo Pereira elevou a formação, que só por si não faz tudo, porque é necessário o treino que vem dar aquilo que a formação inicia. “Mais ninguém tem esta especialidade para além do exército.”
Tenente-General Paulo Pereira, vice-CEME
Depois da cerimónia militar aconteceu uma sessão solene em que foi apresentada a história da engenharia no contexto militar português, desde do tempo de D. João IV.
Houve ainda a apresentação de um vídeo sobre os trabalhos da engenharia militar e uma apresentação dos desafios atuais da engenharia militar.
Gabriel Gomes, Tenente-Coronel de Engenharia, apresentou a realidade atual e traçou as principais linhas de evolução da engenharia militar no contexto das sociedades atuais.
Tenente-Coronel Gabriel Gomes
A história da Engenharia Militar Portuguesa é um testemunho de inovação, de resiliência, de adaptabilidade e de serviço abnegado pelo país. De acordo com o Exército, a “capacidade, versatilidade e o seu alcance, caraterísticas exclusivas desta Arma, permitem assegurar as condições físicas para a manobra, para a sobrevivência e para a logística militar e, simultaneamente, convertê-la num parceiro credível no apoio civil, tornando-a na melhor intérprete da presença do Exército entre as populações, ajudando a reerguer comunidades e restaurar a esperança em situações de catástrofe.”
E este trabalho pode acontecer através de construções de emergência (vias de comunicação, estruturas e acampamentos de emergência); limpeza de itinerários, desobstrução de vias de comunicação; estabilização de taludes, remoção de escombros e escoramentos de emergência; avaliação estrutural de infraestruturas; planeamento e execução de demolições; travessia de cursos de água; prevenção de inundações; e deteção, identificação e inativação de engenhos explosivos (convencionais ou improvisados).
Dentro das suas possibilidades e inserido no apoio militar à Sociedade Civil, ao longo do último ano, a Engenharia Militar conduziu um conjunto de ações apoios, sendo de destacar, por exemplo, a montagem e disponibilização de pontes nos Municípios de Chamusca, Ponte de Sor, Montemor-o-Velho, Baião e Abrantes (Bemposta). De notar que a ponte em Bemposta deverá estar ainda em funcionamento até 17 de julho.
Mas há um outro trabalho concreto na prevenção de inundações, através da desmatação, limpeza e desassoreamento da Ribeira da Seiça; a regularização dos areais das praias nos Municípios de Mira e Espinho; a recuperação de margens e limpeza de infestantes no Município de Mira.
Releva-se ainda, a disponibilização de três Destacamentos de Engenharia com Tratores de Lagartas, inseridos no âmbito da prevenção e apoio ao DECIR (Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Rurais), com a finalidade de eliminar o material combustível existente na zona evitando a sua combustão e em simultâneo, permitir o estabelecimento ou a ampliação de faixas de contenção (aceiros e/ou arrifes) que possibilitem o acesso a outro tipo de equipamentos destinados ao combate.
Depois das cerimónias houve o almoço convívio nas várias messes e com o bolo de aniversário a ser "partido" ainda com a presença do vive-CEME, o Tenente-General Paulo Pereira.
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