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Tancos: Regimento de Paraquedistas celebrou 63º aniversário

27/05/2019 às 00:00

O Regimento de Paraquedistas (RParas) comemorou o seu 63º aniversário no dia 23 de maio, o tradicional Dia do Regimento de Paraquedistas e dos Paraquedistas Portugueses, numa cerimónia que trouxe até ao polígono militar de Tancos milhares de visitantes, entre antigos boinas verdes e familiares.

As atividades começaram na véspera, com a inauguração do Monumento “Memoriae” e com um jantar convívio de antigos comandantes e SMor.

Na manhã de dia 23, a celebração dos 63 anos começou com o voo livre de sete balões de ar quente, seguindo-se o içar da bandeira nacional e a realização de uma cerimónia de homenagem aos mortos em combate, seguida de uma missa de ação de graças realizada na capela do RParas.

Cerimónia de homenagem aos mortos em combate

A cerimónia militar deste ano, na mítica parada Alferes Paraquedista Mota da Costa, perante os Estandartes das Unidades Paraquedistas que serviram a pátria e dos militares que guarnecem atualmente o RParas e os Batalhões de Paraquedistas, contou com a presença, na tribuna de honra, do chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, Almirante António Manuel Fernandes da Silva Ribeiro, acompanhado pelo chefe de Estado Maior do Exército, General José Nunes da Fonseca, para além da também presença de vários comandantes das unidades da Marinha, do Exército e da Força Aérea.

(E-D) General Nunes da Fonseca, Almirante Silva Ribeiro e Presidente de Vila Nova da Barquinha

O chefe de Estado da Armada referiu que este momento tem um “grande significado para o Exército e para a história militar de Portugal” sendo também um “motivo de grande satisfação pessoal pelo carinho que nutro pelos paraquedistas e também de enorme regozijo profissional, pelo orgulho que tive em tê-los sob o meu comando enquanto forças nacionais destacadas na República Centro Africana (RCA)”.

Numa cerimónia onde estiveram também presentes soldados de Tomar e Aveiro, o Almirante Silva Ribeiro referiu que “ao longo de 63 anos muito mudou, mas não mudou o valor do soldado paraquedista” e prova disso é a atuação nos teatros de operações internacionais, destacando o envio, daqui a três meses, de uma nova unidade para a RCA.

Depois da integração do Estandarte Nacional do RParas na formatura geral, os boinas verdes e a multidão presente entoaram o hino nacional, momento que antecedeu uma homenagem aos mortos em combate, aqueles que “sem outro móbil que não fosse o de bem cumprir deram a sua vida no cumprimento do dever”. Foram recordados o Major paraquedista Álvaro Luís de Carvalho Pereira, o Sargento-Mor paraquedista Maximino Dionísio Marques e o Soldado Paraquedista Manuel Ribeiro Veloso.

Momento da cerimónia militar 

Depois da leitura da Prece do Paraquedista, o comandante do Regimento de Paraquedistas, Coronel Paraquedista Hilário Dionísio Peixeiro, fez uma alocução alusiva à cerimónia em que distinguiu a inauguração, há 63 anos, do batalhão de caçadores paraquedistas, como “uma nova fase da evolução das unidades de combate portuguesas” que, desde o início, “passaram a constituir um recurso militar de excelência ao dispor do Estado”.

Hilário Peixeiro destaca a “abnegação e bravura” das tropas paraquedistas, que diz serem “modernas, ao nível do melhor que ainda existe a nível mundial” e que serviram a pátria “nos teatros de operações africanos da guerra do Ultramar, e, mais recentemente, nos Balcãs, em Timor, no Afeganistão, no Iraque, no Mali e na República Centro Africana”.

O comandante do RParas parabenizou o feito concretizado no Regimento de Paraquedistas na semana passada: "foi dobrada a marca dos 46.400 paraquedistas formados ao longo de 63 anos”. Referiu também os investimentos realizados nos últimos anos como “melhorias num dos edifícios de alojamento e da sala de convívio das praças, um impulso definitivamente na implementação do núcleo de simulação aeroterrestre e na substituição do balão de ar quente, fundamental nas ações de divulgação e imagens de marca dos paraquedistas e do Exército”.

Por fim, lembrou todos os paraquedistas a “olhar para história como uma inspiração” e admite que, apesar de nem sempre ser fácil, os tropas devem “seguir sempre o espírito da nossa prece paraquedista: Que nunca por vencidos se conheçam”.

Depois do discurso, seguiu-se a imposição de condecorações.

Com a medalha de serviços distintos foi distinguido o segundo Sargento Paraquedista João Damásio Caldeira.

Com a medalha de mérito militar terceira classe foi reconhecido o Capitão Paraquedista Cláudio Daniel Torres da Cruz e com a de quarta classe o Sargento ajudante de Paraquedista Francisco João Alves Primo.

A medalha D.Afonso Henriques terceira classe foi para o Capitão Paraquedista João Filipe Pires Xavier e para o Capitão Paraquedista Márcio Manuel da Fonseca Batista. Já a de quarta classe foi para a assistente técnica Isabel Maria Serra Russo Reis.

E a medalha de Comportamento Exemplar grau cobre foi para o Primeiro-cabo Luís Filipe Rodrigues dos Santos.

Momento de imposição de condecorações

Seguiu-se o desfile das Forças em Parada, composta pelo Estandarte Nacional, Grupo Comando, Antigas Unidades de Paraquedistas, Companhia Representativa do Regimento de Paraquedistas, com dois batalhões de paraquedistas e um batalhão aeroterrestre, Banda do Exército, o 1º batalhão de infantaria de paraquedistas (unidade projetada para ir para a RCA) e encerrou o desfile o 2º batalhão de infantaria de paraquedistas.

Foram depois apresentadas as Associações de Antigos Paraquedistas (por ordem de desfile): dos Estados Unidos da América, de Coimbra, Vale D’Este, Alto Alentejo, Minho, do Norte, Mértola, Associação Portuguesa de Paraquedistas, a Ordem dos Grifos 63, União Portuguesa de Paraquedistas, de Trás os Montes e Alto Douro, da Madeira, da Bélgica, Seixal-Almada, Beira-Serra, Algarve, Marinha Grande, Guimarães e Pinhal do Rei.

Aconteceu depois a cerimónia de imposição dos Grifos de Honra. Com grau prata foi reconhecimento o Coronel Paraquedista Hilário Manuel Peixeiro, o Primeiro-cabo Paraquedista na disponibilidade, Artur Areias Gil, o Primeiro-cabo Paraquedista na disponibilidade, Paulo Manuel Carneiro Geraldes, o Primeiro-cabo Paraquedista na disponibilidade, Nuno Marques dos Santos, o Soldado Paraquedista na disponibilidade, Manuel Macedo da Cunha e o Soldado Paraquedista na disponibilidade, Carlos Santos Fernandes.

Seguiu-se um dos momentos mais esperados do dia, com uma demonstração aeroterrestre e terrestre, com tropas paraquedistas a descer dos céus e com vários exercícios exemplificativos das atividades diárias dos tropas naquele regimento.

Demonstração aeroterrestre

Outro dos momentos que torna o evento especial é a reunião de antigos boinas verdes e o reencontro de velhos amigos no almoço de confraternização.

E foi com esse intuito que Fernando Gomes, de 68 anos, veio até Tancos.

Fernando Gomes, antigo paraquedista, acompanhado pela esposa 

Celebrou há poucos meses a marca dos 50 anos desde que serviu nas tropas paraquedistas. Integrou o BCP 21 em 1969, foi para a Angola oito meses depois de entrar no RParas e relembra que tanto teve “bons tempos como maus tempos”. Mesmo assim, as saudades cobrem-lhe o rosto e admite que o “calor de Angola” é aquilo que mais falta lhe faz.

Se pudesse fazer tudo outra vez fazia: “Não estou arrependido de nada. Aprendi muita coisa, ganhei muita experiência na vida porque lá aprende-se muito. A tropa lá [em Angola] não tem nada a ver com aqui em Tancos”.

Não podia nem queria faltar à festa, e foi com a esperança de “ver os amigos que já não vejo há muito tempo” que, acompanhado pela sua esposa e exibindo orgulhosamente a sua boina verde, festejou o 63º aniversário do Regimento de Paraquedistas.

O Dia da Unidade do Regimento de Paraquedistas continuou tarde dentro, com várias atividades, entre as quais uma exposição e uma visita ao museu, que pretenderam dar a conhecer um pouco mais da história e missão das tropas paraquedistas, que há 63 anos levam mundo fora o lema “Que nunca por vencidos se conheçam".

 

Texto: Ana Rita Cristóvão

Imagens: Carolina Ferreira

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