A mítica Estrada Nacional 2 assinalou esta quinta-feira, 11 maio, o seu 78.º aniversário na vila do Sardoal, numa cerimónia que juntou autarcas e ex-autarcas dos concelhos da Nacional 2, representantes do Observatório N2, do Banco BPI e da ainda da Infraestruturas de Portugal (IP).
Durante a cerimónia Miguel Borges, autarca de Sardoal e presidente da Assembleia Geral da Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2, realçou a importância deste projeto para os territórios trespassados pela mítica estrada.
Miguel Borges, frisou que a estrada, no traçado original, passa ali mesmo ao lado do centro cultural Gil Vicente, para de seguida notar que o governo precisa de fazer pouco neste produto turístico. “Basta abrir cordões à bolsa. A nossa rota é fundamental para vender os produtos turísticos”, disse o autarca.
Miguel Borges
Miguel Borges foi falando sobre as mais-valias da EN 2 e dos territórios que lhe estão adjacentes, sendo que há muito mias do que uma estrada ou as localidades que ela atravessa. Há paisagens, património natural, edificado, histórico, cultural, gastronómico e por aí fora. E depois deu um exemplo de que procura ou pode procurar este produto turístico. “Na semana passada no restaurante onde hoje vamos almoçar estava um casal norte-americano que veio fazer a Nacional 2 depois de já ter feito a famosa Route 66.”
Miguel Borges
O autarca deixou a mensagem que é muito importante que os técnicos que “aqui estão connosco que transmitam aos presidentes e vereadores dos seus municípios que eliminem barreiras que ainda possam ter”, em relação à Rota ou à Associação de Municípios da EN 2.
E de seguida afirmou que o nosso interior é especial: “este interior de Portugal é tão bom, tão bom, tão bom, que até tem mar.”
Miguel Borges referiu ainda que “estamos a tempo de inverter os problemas do nosso interior.”
Miguel Borges
Luís Machado, presidente do Conselho Diretivo da Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2 (AMREN 2) e da Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião, realçou a importância do envolvimento dos 34 concelhos associados da Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2, referindo “que é um gosto trabalhar o maior projeto de coesão territorial em Portugal”. Falta apenas um concelho para que a Rota tenha o pleno do território por onde passa a EN 2. Falta a Câmara de Alcácer do Sal entrar na Associação.
Luís Machado evocou os 78 anos da Estrada e os quase 7 anos da AMREN, para iniciar uma reflexão sobre o que apelidou “a barreira dos sete anos e as dores do crescimento.”
E aludiu depois à forma como, modo geral, se cria uma marca. Há uma ideia, passa a projeto, parra a marca e depois vem o produto e depois tudo o que pretendemos vender. Só que aqui é diferente, é ao contrário. Aqui “já temos o produto.”
Luís Machado
E a reflexão é importante, e muito, junto dos decisores políticos com poder de decisão e não apenas nos técnicos, que muitas vezes vão aos trabalhos da AMREN 2. “Estamos nas discussões dos fundos Comunitários. Temos uma oportunidade extraordinária para a Nacional 2. Já reunimos com ministros e secretários de estado.
Temos previsão de financiamentos de 5 milhões no programa ITI (Investimentos Territoriais Integrados), mais a possibilidade de 2 ou 3 milhões no Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) e outros 2 ou 3 milhões no Programa Interreg Europe. Há o problema dos 15% de financiamento local.”
Luís Machado
Luís Machado demorou-se nesta temática, ao referir que um financiamento de 11 mil euros por município para uma prova de atletismo foi um problema, como será se for preciso garantir os 15% de 9, 10 ou 11 milhões de euros. Mesmo assim, o presidente da AMREN afirmou que juntamente com Miguel Borges vão fazer um périplo pelos concelhos e bater às portas de todos os municípios atravessados pela Nacional 2.
Luís Machado frisou que há aqui uma grande oportunidade para fazer a coesão nacional, mas têm de se intensificar as relações de proximidade entre os territórios, as pessoas e a Nacional 2.
Luís Machado
Durante a manhã realizou-se ainda a antestreia do documentário “EN2: A Estrada que nos une” que, em 60 minutos, consegue transmitir algumas das emoções e sentimentos que qualquer viajante poderá sentir ao longo da Estrada. De realçar que este documentário estará brevemente disponível nas salas de cinema e auditórios do país. Foi também apresentado o Hino da Nacional 2 interpretado pelas filarmónicas de Pedrogão Grande e Faro.
Hino da Estrada Nacional 2
Foi ainda anunciada uma alteração de estatutos para que sejam criados os embaixadores da Estrada Nacional 2, com Luís Machado a anunciar os dois primeiros: Valdemar Alves, ex-presidente da Câmara de Pedrogão Grande e Lurdes Castanheiro, ex-presidente da Câmara de Góis.
"Temos o melhor projeto de coesão nacional", concluiu o presidente da AMREN 2.
A Estrada que Une o País vai ter um Storymap
Ana Vicente, Coordenadora de Operação do Distrito de Santarém das Infraestruturas de Portugal, apresentou o trabalho realizado por aquela instituição, que demonstra o empenho da entidade gestora de grande parte da EN2 na conservação, manutenção, colocação de sinalética e requalificação da mítica estrada num valor de 5 milhões de euros no período de 2019–2024.
Ana Vicente começou por fazer uma apresentação da Estrada Nacional 2 que tem muitos interesses envolvidos, muito património e muita história.
A EN 2 tem um registo de 739,26 quilómetros no total, mas aparece apenas com 734 porque “há zonas sem troços”. Ana Vicente explicou ainda que 568 quilómetros são da responsabilidade da Infraestruturas de Portugal, enquanto que 166 quilómetros foram desclassificados e são agora responsabilidades dos municípios.
A responsável frisou que foi entre 2019 e 2020 que perceberam a maior procura Nacional 2. E é em 2020 que começou a ideia de ter uma sinalização turística própria.
Em 2021 foi aprovado pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária o pictograma e a estratégia de intervenção. Ou seja, está tudo pronto para que de Chaves a Faro possa ser colocada a sinalização a indicar a Nacional 2.
Ana Vicente indicou que esta no há uma previsão de investimento no valor de 5.01 ME de investimento.
Os próximos passos a dar pela IP são: fechar o storymap e prosseguir com intervenções de conservação / manutenção e valorização da rota.
Ana Vicente
De frisar que a Estrada Nacional 2 (EN2) foi identificada pela primeira vez no dia 11 de maio de 1945, data da publicação do Decreto-Lei n.o 34.593, que instituiu o primeiro Plano Rodoviário português.
Ao ligar Chaves a Faro, a EN2 tornou-se na maior estrada de Portugal - no total 739,260 quilómetros - atravessando 35 concelhos, distribuídos por 11 distritos: Chaves, Vila Pouca de Aguiar, Vila Real, Santa Marta de Penaguião, Peso da Régua, Lamego, Castro Daire, São Pedro do Sul, Viseu, Tondela, Santa Comba Dão, Mortágua, Penacova, Vila Nova de Poiares, Lousã, Góis, Pedrógão Grande, Sertã, Vila de Rei, Sardoal, Abrantes, Ponte de Sor, Avis, Mora, Coruche, Montemor-o-Novo, Viana do Alentejo, Alcácer do Sal, Ferreira do Alentejo, Aljustrel, Castro Verde, Almodôvar, Loulé, São Brás de Alportel, Faro.
Estes territórios podem ser percorridos quer a caminhar, quer a correr, de bicicleta, de mota, de carro ou de autocaravana. Uma excelente forma de descobrir o interior de Portugal, explorando a cultura, a gastronomia e as tradições das diferentes regiões do país.
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