A seca e as altas temperaturas que se verificaram no Alentejo nos últimos tempos, prejudicaram a produção de castanha em Marvão (Portalegre), registando-se perdas que chegam pelo menos aos 50%, lamentaram hoje os produtores.
Em declarações à agência Lusa, o produtor José Mário explicou que sofreu perdas com a espécie Bária “na ordem dos 50%”, em relação ao ano anterior, esperando agora que a campanha de apanha das castanhas da espécie Clarinha venha a correr melhor.
No entanto, o produtor indicou que, este ano, apesar de não chover, o calibre da castanha da espécie Bária “é muito bom”, comparado com outras campanhas anteriores.
Na zona de Marvão, com um microclima considerado “único”, proporcionado pela serra de São Mamede, predominam nos campos as espécies Bária e Clarinha.
Este microclima, propício à produção de castanha, já levou a que as entidades que tutelam o setor considerassem a castanha de Marvão como de origem protegida.
Além das adversidades do clima, José Mário lamentou ainda que os custos de produção tenham aumentado nos últimos tempos, principalmente no que diz respeito aos combustíveis e à mão-de-obra.
“Vamos ter de ter a castanha mais cara, até atendendo a tudo o que tem acontecido, combustíveis mais caros, mão-de-obra mais cara também, tudo está mais caro”, observou.
O produtor recordou ainda que, em 2021, a espécie Bária foi comercializada entre 1,40 e 1,50 euros o quilo, devendo este ano ser comercializada “até 1,70 euros”.
Contactado também pela Lusa, o produtor Jeremias Marques lamentou que as temperaturas altas e a seca tenham prejudicado a produção, mas disse alimentar a esperança de que, com a chegada da campanha da espécie Clarinha, a situação se altere.
“A nível da quantidade de fruto nas árvores não era muito inferior aos outros anos. O problema era as temperaturas altas e nós não conseguíamos recolher o fruto, mas penso que agora vai melhorar. O calibre da Bária não estava muito mal”, disse.
Jeremias Marques indicou ainda que, em relação à espécie Bária, registou uma quebra de produção “na ordem dos 30 a 40%”, em comparação ao ano anterior.
“Agora, com a Clarinha, a expectativa é melhor. Com as chuvas destes últimos dias, são bem melhores as nossas expectativas”, acrescentou.
O produtor disse ainda que, entre os aumentos que se verificam no mercado, a subida dos preços dos combustíveis “não está a influenciar muito”, nesta altura, os valores da comercialização da castanha.
“Não podemos exigir demasiado, porque assim então perdemos tudo. Se nós estamos com pouco poder de compra, as outras pessoas estão iguais a nós”, disse.
Em 2021, comercializou a castanha “entre os 2,50 e os 3,50 euros, conforme o calibre”, esperando este ano “manter” esses valores.
Para homenagear os produtores e promover a castanha, a Câmara de Marvão promove, anualmente, a Feira da Castanha - Festa do Castanheiro, certame que decorre, este ano, nos dias 12 e 13 de novembro.
Durante o certame, são adquiridas pelo município aos produtores locais várias toneladas de castanhas, sendo este evento considerado um ‘ex-líbris’ de Marvão.
Lusa