Os utentes do Médio Tejo afirmaram hoje que a não divulgação dos mapas das urgências encerradas é um retrocesso na saúde porque a população “deixa de saber quais são as urgências, sobretudo obstétricas e pediátricas, a funcionar”.
“É evidente que é um retrocesso porque, quer profissionais, quer parturientes, sabendo que havia uma situação previamente definida e em que naquela data não podiam ser atendidas num determinado local, sabiam para onde se dirigir”, afirmou o porta-voz da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT).
Assim, “não sabem para onde se vão dirigir nem se sabe quando os serviços estão encerrados”, acrescentou.
Manuel Soares falava à Lusa na sequência do fecho do bloco de partos e dos serviços de urgência de obstetrícia/ginecologia em Abrantes.
Na quarta-feira, a Unidade Local de Saúde (ULS) Médio Tejo divulgou nas suas redes sociais que “a Urgência de Ginecologia-Obstetrícia e Bloco de Partos do Hospital de Abrantes”, no distrito de Santarém, vão “ter constrangimentos”, das 00:00 de hoje até às 09:00 de segunda-feira, “estando assim ambos os serviços encerrados neste período”.
Questionada pela Lusa, fonte da ULS Médio Tejo disse que esta "é uma situação que se relaciona com o período de férias e feriados existentes na próxima semana”.
Recordando que, até final de maio, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) divulgava trimestralmente o mapa das urgências encerradas para os utentes se organizarem, Manuel Soares insistiu que a não divulgação dos mapas das urgências encerradas é uma “falta de transparência”.
“O que nós defendemos é que, a partir do momento em que os serviços de urgência funcionem 24 sobre 24 horas, não é preciso mapa nenhum. Havendo constrangimentos, e admitimos que existam, devem ser minimamente programados até para um aproveitamento mais eficiente dos recursos que existem”, afirmou, tendo reclamado por “medidas excecionais de cativação dos profissionais”.
Desde 01 de junho deixou de existir o esquema da rotatividade de serviços hospitalares, sendo que, no caso das parturientes, antes de se dirigirem a qualquer unidade hospitalar, têm de ligar previamente para a linha SNS Grávida, medida prevista no plano de emergência da Saúde e disponível no SNS 24 (808 24 24 24) para encaminhar as utentes para a urgência mais próxima da sua área de residência.
Numa publicação na página da ULS Médio Tejo na rede social Instagram lê-se que “as grávidas da área de influência da ULS Médio Tejo que entrem em trabalho de parto deverão ligar para a linha SNS Grávida (808 24 24 24) para saber qual o Serviço de Urgência da região para o qual se devem dirigir”, acrescentando que “em caso de emergência deverão ligar 112”.
A ULS Médio Tejo passou a agregar em 01 de janeiro o Centro Hospitalar do Médio Tejo e o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo, assegurando a prestação dos cuidados de saúde nos concelhos de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Sardoal, Tomar, Torres Novas, Vila Nova da Barquinha (todos do distrito de Santarém) e Vila de Rei (distrito de Castelo Branco).
Com uma população residente na área geográfica de abrangência de cerca 170 mil pessoas, a ULS tem 2.780 profissionais e dispõe de três unidades hospitalares (localizadas em Abrantes, Tomar e Torres Novas) e dos serviços de cuidados de saúde primários até aqui assegurados pelo ACES Médio Tejo e pelo Centro de Saúde de Vila de Rei.
Lusa