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Montalvo: A fábrica continua, é vendida ou fecha. Tupperware mantém-se na incerteza até final do mês (c/áudio)

9/01/2025 às 19:51

Tudo na mesma. A incerteza continua a pairar sobre o futuro dos 200 trabalhadores da empresa Tupperware, que sabem apenas ter de se apresentar ao serviço até ao final do mês.

Esta quinta-feira a direção fabril reuniu com os empregados, mas não foram adiantados pormenores, ou pelo menos, soluções que era o que os empregados mais queriam. Ao que lhes foi dito há três possibilidades em cima da mesa, em Orlando, nos Estados Unidos. Uma é a nova estrutura acionista manter a fábrica a produzir, outra é a mesma ser vendida a outros investidores e uma terceira, que ninguém quer, é a fábrica de Montalvo fechar portas e deixar no desemprego cerca de duas centenas de trabalhadores.

À saída desta reunião, que durou cerca de hora e meia, a grande maioria dos funcionários da empresa recusaram falar aos jornalistas ou foram muito parcos em palavras, a dizer que continuava tudo na mesma.

Helena de Jesus, de Abrantes, foi uma das trabalhadoras que contou o que se passou. Todos continuarão a ter de se apresentar ao serviço até ao final do mês, enquanto aguardam pelo desfecho. Mas a fábrica está parada na produção e as encomendas para a Europa também ficam “despachadas” até amanhã.

 

A pergunta pode fazer-se desta forma: o que é que os empregados vão fazer nestes dias? E a resposta, dos que aceitaram falar aos jornalistas também foi simples. Há trabalho a fazer. Limpezas. Despachar encomendas que ainda estão em processamento. Inventários. E depois, se for caso disso, ficar de braços cruzados à espera das tais decisões.

Há uma garantia que terá sido dada aos trabalhadores, e que foi confirmada por todos os que falaram com os jornalistas. Se a empresa fechar vão cumprir com todas as obrigações junto dos trabalhadores. E todos acreditam porque apesar de todas estas dúvidas sobre o desfecho não há ordenados ou subsídios em atraso. E há garantia do pagamento dos ordenados até ao final de janeiro, para já, como conta João Rodrigues, de Tomar. Há uma luz ao fundo do túnel, cada vez está mais fraca, mas ainda está acesa.

 

Num grupo grande de trabalhadores há uns mais crentes do que outros. Luísa Batista, de Montalvo, também diz que tem as contas em dia e depois de uma vida inteira na fábrica só queria ter outro desfecho: trabalhar na multinacional mais quatro anos até chegar à reforma. Quanto ao futuro, mesmo com as dificuldades, tem esperança que possa haver uma solução.

 

Rui Caseiro, de Tramagal, aceitou explicar o que foi dito e que vai em linha com os seus colegas. A licença para vender para a Europa fecha esta semana, pelo que o trabalho nos próximos dias, até final do mês, será o que for necessário. À parte das linhas de produção, há muita coisa a fazer e a arrumar, no caso do desfecho for mesmo a insolvência. Rui também disse que lhes foi dito que a empresa irá cumprir com todos os direitos dos trabalhadores.

Uma das grandes queixas dos empregados é não terem informação direta da administração, que está na sede em Orlando, na Florida (EUA). Alguns até dizem que os jornalistas sabem mais do que os empregados.

E há um outro fator que agora parece causar algum desconforto. Nunca houve comissão de trabalhadores, formal ou informal, nem delegados sindicais. Pelo que os trabalhadores não têm uma estrutura representativa que os possa representar junto da direção da fábrica.

Convém lembrar que a fábrica de Montalvo depende da casa-mãe, dos Estados Unidos, e não tem por isso administradores ou administrador-delegado local. Daí que um dos funcionários que preferiu ficar no anonimato disse que tudo está a ser gerido longe e ao dia ou à semana. Não há certezas de nada, e mesmo as dúvidas não são esclarecidas.

De referir que se soube, esta quarta-feira, através do presidente da Câmara Municipal de Constância, Sérgio Oliveira, que existirá um grupo de investidores portugueses que podem estar interessados no negócio e que podem já ter apresentado uma proposta à casa mãe. E que a proposta inclui a fábrica, equipamento e os trabalhadores, ou parte deles. Pode é mudar de produto, mantendo-se nos plásticos, mas pode passar a produtos destinados a outro tipo de consumidores.

De referir que também as vendedoras dos produtos Tupperware fizeram no domingo aquela que pode ter sido a última encomenda à marca, através da plataforma que usam para fazer os pedidos.

A Tupperware foi criada em 1946, nos Estados Unidos, em Massachusetts, e que tem a sede em Orlando, no estado da Florida. E é precisamente aí que a empresa tem a correr um processo de insolvência que está a causar estes problemas em todo o grupo. A fábrica de Montalvo da Tupperware funciona em Montalvo desde 1980, mas depende a 100% da casa-mãe, sediada nos Estados Unidos.

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