A despesa com medicamentos no Serviço Nacional de Saúde tem vindo a aumentar nos últimos anos, ultrapassando os 3.300 milhões de euros em 2022.
Perguntas e respostas sobre a despesa com medicamentos no SNS:
Quanto subiu a despesa com medicamentos?
Os hospitais do Serviço Nacional de Saúde gastaram no ano passado em medicamentos mais 190,0 milhões de euros (M€) do que em 2021. A despesa total foi de 1.762,1 M€, uma subida de 12,1%.
A despesa com medicamentos em ambulatório - dispensados em farmácias comunitárias a utentes do SNS e subsistemas públicos – subiu 9,6% (+137,3M€), atingindo os 1.567,6 M€.
E os utentes gastaram mais?
Sim, a despesa dos utentes com medicamentos subiu 56 M€ (+7,4%) para um total de 816,8 M€.
Quais foram as áreas terapêuticas com maior despesa?
Nos hospitais do SNS, as áreas terapêuticas com maior despesa foram a Oncologia, com 549,9 M€ (+47,7 M€; +9,5% do que em 2021); a Amioloidose (doença rara), onde se gastaram 52,2 M€ (+20,6 M€; +56%) e os Psicofármacos, com uma despesa que mais do que duplicou, chegando aos 35,4 M€ (+18,6 M€; +111%).
Em ambulatório – as comparticipações em medicamentos comprados nas farmácias – as áreas com maior despesa foram os Antidiabéticos, com 374,5 M€ (+ 64,4 M€; +20,5%) e os Anticoagulantes, com um custo de 184M€ (+ 13,3M€; +7,8%).
Quais os medicamentos com maior aumento da despesa?
Os medicamentos com maior aumento da despesa nos hospitais foram os do VIH (Lamivudina+Dolutegravir), que custaram 33,4 M€ (+238%; +23,5M€ do que em 2021), o Tafamidis, para a amiloidose, uma doença rara, que custou 35,7M€ (+105%; +18,3 M€) e o Pembrolizumab, usado em oncologia e que atingiu uma despesa de 59,5M€ (+40,7%; +17,2 M€).
Em ambulatório os medicamentos que tiveram maior aumento da despesa foram o Semaglutido, que serve para a diabetes tipo 2, foi comparticipado pela primeira vez em maio de 2021 e no ano passado custou 19,8M€ e a Dapagliflozina, também para a diabetes tipo 2, que custou no ano passado 46,2M€ (+52,6%; +15,9M€).
Qual foi a despesa com medicamentos órfãos?
No ano passado a despesa com medicamentos órfãos atingiu os 286,4 M€, uma subida de 34,3% (+ 73,1 M€) relativamente ao ano anterior.
Representam 16,3% do total da despesa com medicamentos.
O que são medicamentos órfãos?
São os medicamentos para tratar doenças raras.
As farmacêuticas têm incentivos para produzir medicamentos órfãos pois a investigação e desenvolvimento destes remédios são muito caros e, em condições normais, o promotor não conseguiria recuperar o investimento feito.
O que são medicamentos genéricos?
São medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem e com a mesma indicação terapêutica do que o medicamento original que serviu de referência. A substância ativa é o que dá o efeito terapêutico do medicamento.
Os genéricos só podem ser disponibilizados depois de expirado o período de exclusividade dos medicamentos originais.
Qual é a quota de mercado dos medicamentos genéricos?
No final de 2022, a quota de genéricos no mercado era 49,3%. Entretanto, a Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN) divulgou em junho que já tinha ultrapassado a barreira dos 50%, fixando-se em 51,2%.
O que são medicamentos biológicos?
São os medicamentos que provêm de organismos vivos, tais como células vivas, que foram modificadas com recurso à biotecnologia. Essa modificação faz com que os organismos ou células vivas produzam a substância ativa do medicamento biológico. Estas substâncias ativas (por exemplo, proteínas) são normalmente maiores e mais complexas do que as dos medicamentos não biológicos.
O que são medicamentos biossimilares?
Um medicamento biossimilar é desenvolvido de modo a ser altamente similar a um medicamento biológico existente (medicamento de referência). Quando este deixa de estar protegido pela respetiva patente e o seu período de exclusividade termina, o medicamento biossimilar pode ser introduzido no mercado. São normalmente mais baratos do que os de referência.
Os medicamentos biossimilares são medicamentos genéricos dos medicamentos biológicos?
Os medicamentos biossimilares não são o mesmo que medicamentos genéricos (medicamentos que contêm exatamente a mesma molécula que um medicamente não biológico existente, tal como a aspirina). Isto acontece porque, ao contrário dos medicamentos não biológicos, os medicamentos biológicos não podem ser copiados de forma exata.