Trinta e cinco organizações da área da saúde lançam hoje o Conselho Português para a Saúde e Ambiente, que visa diminuir o impacto das alterações climáticas na saúde e reduzir a pegada ecológica neste setor.
“É uma necessidade premente que os diferentes profissionais e organizações relacionadas com a saúde intervenham, de forma conjunta, nestas questões da mudança do clima, da degradação ambiental e do seu impacte sobre a saúde”, refere o Conselho Português para a Saúde e Ambiente (CPSA), que será lançado numa cerimónia na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
O CPSA, que reúne cinco ordens profissionais, associações, sociedades científicas, laboratórios, grupos privados de saúde, a Santa Casa de Misericórdia de Lisboa e a indústria farmacêutica, visa também preparar o sistema de saúde para eventos inesperados e uma nova epidemiologia das doenças, bem como reduzir a pegada ecológica do setor da saúde, responsável por 4,4% da emissão de gases com efeito de estufa.
“Se fosse um país, era o quinto maior poluidor do planeta”, disse à agência Lusa o dinamizador da criação do CPSA, Luís Campos.
O médico e presidente da Comissão de Qualidade e Assuntos Profissionais da Federação Europeia de Medicina Interna explicou que a criação do conselho “vem da consciência” que existe da “grande repercussão” que acontecimentos, como a sobrepopulação, o esgotamento das reservas naturais, a degradação dos ecossistemas e as alterações climáticas, estão a ter na saúde das populações.
“Mais de 5 milhões de mortes em excesso podem ser atribuídas a temperaturas anormalmente extremas e a poluição, por exemplo, é responsável por cerca de 9 milhões de mortes por ano”, enfatizou.
Luís Campos alertou para outras consequências que as alterações climáticas irão trazer, nomeadamente a alteração epidemiológica das doenças, o aumento das doenças cardiovasculares e pulmonares, e “uma maior probabilidade” de pandemias e catástrofes.
“O sistema de saúde tem de estar cada vez mais preparado para dar resposta a estas mudanças e a estes acontecimentos que vão ser cada vez mais frequentes no futuro”.
Por outro lado, defendeu, "os profissionais de saúde, como defensores dos doentes – mas também como cidadãos –, têm a obrigação ética de se envolver neste alerta global".
A Organização Mundial da Saúde e várias associações e sociedades científicas em diferentes países já apelaram para este envolvimento.
Lusa