Ainda não há decisões sobre o futuro da ponte sobre o Tejo entre Mouriscas e Alvega ou do ramal ferroviário de ligação da linha da Beira Baixa ao complexo da central do Pego e que durante anos viu passar os comboios carregados de carvão.
Este ramal pode ser uma mais-valia para o Município de Abrantes e o vereador eleito pelo PSD, Vitor Moura, tem falado muito na sua utilização por forma a potenciar uma futura zona industrial no Pego/Concavada.
Na última Assembleia Intermunicipal do Médio Tejo o deputado João Fernandes levantou a questão, perguntando ao presidente da Comunidade, Manuel Jorge Valamatos, se existe algum plano para utilização da infraestrutura ou alguma intenção, uma vez que não serão muitos os concelhos com um ramal ferroviário com ligação a uma das principais vias do país. E questionou ainda se a Endesa terá alguma ideia ou projeto para aquela via, que está sem serviço desde que encerrou a central a Carvão do Pego.
João Fernandes, deputado intermunicipal PSD
Na ocasião, o presidente do Conselho Intermunicipal e presidente da Câmara de Abrantes, explicou que toda a estrutura nada tem a ver com a Endesa. Cabe à Tejo Energia a gestão da infraestrutura. E referiu igualmente que, tanto com o governo anterior (PS) como com o atual (PSD), já teve reuniões sobre o assunto, mas que não há qualquer andamento.
Aliás, informou ainda que teve uma reunião recente com as Infraestruturas e não ficou muito satisfeito com a resposta.
Manuel Jorge Valamatos, presidente CIMT
A Antena Livre questionou Manuel Valamatos sobre o que disse na reunião da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, nomeadamente sobre o que é que não o deixou satisfeito nesta reunião com o governo. E o autarca explicou que foi uma ausência de decisão, mas adianta ter expetativa que a Infraestruturas de Portugal assuma esta responsabilidade porque a travessia faz parte do país.
Manuel Jorge Valamatos, presidente CM Abrantes
A ponte rodo-ferroviária de Mouriscas-Alvega foi construída no âmbito da instalação da Central Termoelétrica do Pego, nomeadamente, para permitir a travessia do Tejo dos comboios que entre 1992 e 2022 fizeram o transporte de carvão do porto de Sines para a “fábrica de eletricidade”. Na altura a EDP construiu um tabuleiro rodoviário ao lado do ferroviário como contrapartida para a região.
A ponte sobre o Tejo tem tido, nestes 30 anos, a responsabilidade de manutenção da Tejo Energia, empresa proprietária da central a carvão, sendo que a manutenção do tabuleiro rodoviário está sob alçada da Câmara de Abrantes. A estrutura da ponte, o tabuleiro e ramal ferroviário foi sempre da responsabilidade da empresa Tejo Energia.
Com o encerramento da central a carvão a Tejo Energia contactou a autarquia no sentido da transferência da responsabilidade da ponte, já que o ramal ferroviário deixou de ser utilizado.
E agora? É esta a pergunta que o presidente da Câmara da Abrantes fez ao governo e sobre a qual não teve ainda qualquer resposta. Uma coisa é certa, um município não terá condições financeiras, ou até técnicas, para assumir, só por si, este encargo.
Recorde-se que em abril de 2023 Manuel Jorge Valavamatos já tinha dito que esperava a resolução sobre a propriedade da estrutura para que, eventualmente, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ou do Portugal 2030 pudesse haver investimentos na zona industrial do Pego, principalmente na área da energia verde.