O Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo registou o primeiro caso de infeção por Monkeypox, da família do vírus que causa a varíola, em Abrantes.
Maria dos Anjos Esperança, da Unidade de Saúde Pública do ACES, confirma que há “apenas um caso” e que se registou no concelho de Abrantes.
“Quando um médico suspeita de uma situação destas, deve, de imediato, contactar a autoridade de Saúde e fazer a notificação na plataforma da Direção-Geral de Saúde, a SINAVE - Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica. Se for um médico de um Centro de Saúde que não tenha possibilidade de fazer colheita de material para enviar para o Instituto Ricardo Jorge (INSA), deve, com uma carta a acompanhar o doente, instruir o doente dos cuidados que deve ter – uso de máscara e não se aproximar de ninguém – contactar um médico do Serviço de Urgência e os dois articularão como devem fazer”, explicou Maria dos Anjos Esperança.
A médica adiantou que “depois de nós, Saúde Pública, recebermos a notificação da suspeita, que é imediato, entramos em contacto com a pessoa para fazer o inquérito epidemiológico”. Nesse inquérito estão muitas perguntas “que nos devem permitir identificar a origem da infeção, todos os contactos que teve e para darmos as indicações à pessoa a quem é feito o diagnóstico”.
Quando estes casos de infeção pelo vírus se confirmam num território, Maria dos Anjos Esperança fala da articulação entre os vários médicos e setores da Saúde para que todos os cuidados sejam tomados e as recomendações sejam dadas. Neste caso específico, a esta altura, “já está praticamente fora do período de contágio”, sendo que depois do acompanhamento pela Saúde Pública, “a pessoa é acompanhada pelo seu médico de Família ou pelo hospital, dependendo que for articulado de quem segue o doente”.
O doente em causa “está mais do que estável e está praticamente no fim” do processo de cura. Explica Maria dos Anjos Esperança que “o período de isolamento de uma pessoa com a varíola do Monkeypox, vai até à queda da última crosta das lesões que a pessoa tiver. Só a partir daí é que se pode dizer que o doente está curado e que não constitui perigo de contágio dessa doença”.
A delegada de Saúde Pública alerta ainda para que os médicos façam a notificação, “mesmo que não passe de uma suspeita”, e revela que “há casos em que o próprio doente não permite ser contactado pela Saúde Pública”. Nesses casos, explica a médica, “é o clínico que faz a notificação da suspeita que tem que fazer o inquérito epidemiológico todo, rigorosamente todo”. Isto para que quando a notificação chegue aos serviços da Saúde Pública, “já venham as premissas todas esclarecidas”.
A Direção-Geral da Saúde recorda que uma pessoa que esteja doente deixa de estar infecciosa apenas após a cura completa e a queda de crostas das lesões dermatológicas, período que poderá, eventualmente, ultrapassar quatro semanas.
Os sintomas mais comuns da doença são febre, dor de cabeça intensa, dores musculares, dor nas costas, cansaço, aumento dos gânglios linfáticos com o aparecimento progressivo de erupções que atingem a pele e as mucosas.
As lesões cutâneas geralmente começam entre um a três dias após o início da febre e podem ser planas ou ligeiramente elevadas, com líquido claro ou amarelado, e acabam por ulcerar e formar crostas que mais tarde secam e caem.
O número de lesões numa pessoa pode variar, tendem a aparecer na cara, mas podem alastrar-se para o resto do corpo e mesmo atingir as palmas das mãos e plantas dos pés. Também podem ser encontradas na boca, órgãos genitais e olhos.
Estes sinais e sintomas geralmente duram entre duas a quatro semanas e desaparecem por si só, sem tratamento.
A DGS aconselha à pessoa que tenha sintomas que possam ser causados por vírus Monkeypox, para procurar os cuidados de saúde. “Além disso, caso tenha tido contacto próximo com alguém com a infeção ou suspeita de infeção, informe os profissionais de saúde”, refere num documento sobre a doença publicado no ‘site’.
A informação recolhida através dos inquéritos epidemiológicos está a ser analisada para contribuir para a avaliação do surto a nível nacional e internacional, refere a autoridade de saúde, acrescentando que continua a acompanhar a situação a nível nacional em articulação com as instituições europeias.