A Unidade Local de Saúde do Médio Tejo realizou pela primeira vez, no Hospital de Tomar, um procedimento cirúrgico altamente inovador no Serviço Nacional de Saúde (SNS) num utente que, apesar de ter vencido um cancro na bexiga, mantinha um severo problema urológico.
A cirurgia foi realizada a um utente da ULS Médio Tejo, Carlos Freire, que três anos antes tinha sido operado e vencido um cancro na bexiga, no antigo Centro Hospitalar do Médio Tejo. No entanto, foi precisamente na sequência dos tratamentos oncológicos que resultaram na recuperação plena e recidiva da doença oncológica, que o utente desenvolveu uma estenose da uretra.
Esta é uma doença que afeta maioritariamente o sexo masculino e que causa o estreitamento da uretra, levando a uma diminuição do fluxo de urina a partir da bexiga para o exterior. Na prática, a estenose uretral leva os doentes a não conseguirem urinar. Em casos mais graves, como o de Carlos Freire, há retenção integral da urina na bexiga.
Esta patologia tinha diminuído muito significativamente a qualidade de vida de Carlos Freire, de 60 anos. Nos últimos dois anos, e para tentar reverter esta condição, o Serviço de Urologia da ULS Médio Tejo realizou três procedimentos cirúrgicos de abordagem tradicional. Nenhum dos quais teve sucesso o que levava Carlos Freire a internamentos recorrentes e a uma baixa qualidade de vida, com dor associada e enorme desconforto: “Não consigo ter uma vida normal, estar longe de uma casa-de-banho, passear, viajar, e sofro de outros problemas, como as algálias. É muito desconfortável”, explicou o utente Carlos Freire.
Sem desistir de devolver saúde e qualidade de vida ao utente, a equipa do serviço de Urologia da ULS Médio Tejo, liderada por João Carlos Dias, encontrou alternativa eficaz, numa abordagem pioneira no SNS.
Trata-se de um procedimento minimamente invasivo, que previne o crescimento de novo tecido cicatricial que muitas vezes retorna nesta patologia, causando as recidivas de bloqueios da uretra que este utente cronicamente sofria.
Este tratamento inovador, muito recente no mundo e no país, consiste num balão endoscópico que é introduzido na uretra. Após ser insuflado no estreitamento que provocava a patologia, esta abordagem oferece alívio imediato.
A diferença entre os balões tradicionais, que também já se utilizam nesta patologia, é que este dispositivo está revestido de um agente de quimioterapia muito inovador – o paclitaxel – , que se vai difundir e aplicar um tratamento localizado na mucosa afetada pelo bloqueio da uretra. Após alguns minutos, o balão com o agente de quimioterapia é desinsuflado e removido.
Por ser minimamente invasiva, a cirurgia causa menos dor e sangramentos, comuns na abordagem tradicional, e uma rápida recuperação: a maioria dos pacientes retoma suas atividades normais no dia seguinte ao procedimento.
No entanto, os benefícios desta técnica são, acima de tudo, uma alta taxa de sucesso no tratamento desta patologia extremamente incapacitante, graças ao agente inovador de quimioterapia que agora é uma abordagem de tratamento à estenose da uretra. Foi o que aconteceu com Carlos Freire. Graças aos avanços da medicina e à persistência do Serviço de Urologia da ULS Médio Tejo, o utente pode agora encarar o futuro com esperança e retomar a sua vida como a conhecia antes de sofrer um cancro na bexiga.
Apesar de ser a primeira vez que o procedimento foi realizado, João Carlos Dias, Diretor de Serviço de Urologia, explica que esta abordagem representa um avanço significativo no tratamento da estenose ureteral, oferecendo uma alternativa menos invasiva e mais eficaz para muitos pacientes: “O procedimento foi um sucesso absoluto. Estamos todos muito satisfeitos: esta cirurgia fez realmente a diferença na vida do nosso utente. Os sintomas da doença foram mitigados e a qualidade de vida do paciente melhorou de imediato. Esta técnica está associada a uma alta taxa de sucesso. Estudos a nível internacional apontam para doentes que a realizaram com sucesso, sem necessidade de reoperação ao fim de um e três anos”, explica.
O Serviço de Urologia da ULS Médio Tejo, pioneiro nesta abordagem, vai continuar a realizá-la em utentes, na sua maioria homens, que dela necessitem.
Há múltiplas patologias que podem levar à estenose uretral, como as cirurgias à bexiga ou à próstata, que era o caso do doente, traumas (acidentes de viação ou quedas que envolvam a região pélvica), ou doenças sexualmente transmissíveis (como a gonorreia e a clamídia).
Esta técnica é particularmente indicada a pacientes com alto risco cirúrgico, como idosos ou com comorbilidades, evitando uma cirurgia aberta.
Casimiro Ramos, Presidente do Conselho de Administração da ULS Médio Tejo realça o pioneirismo do procedimento: “O procedimento, sendo uma técnica simples e rápida de executar, representa um marco na área de Urologia da ULS Médio Tejo, demonstrando o compromisso da instituição em oferecer o melhor cuidado possível aos seus pacientes, utilizando as tecnologias mais avançadas disponíveis. Este procedimento materializa bem os cuidados de saúde personalizados e centrados no utente que fazem parte dos valores da ULS Médio Tejo”, afirma o responsável.
Casimiro Ramos complementa que a aposta em tecnologia e inovação da ULS Médio Tejo, nas várias áreas da prestação de cuidados, é uma estratégia consolidada do posicionamento da instituição no mapa da saúde nacional e regional: “Acredito que as novas gerações de médicos e outros profissionais de saúde procura um ambiente de trabalho mais gratificante e significativo. Na ULS Médio Tejo podemos oferecer essa experiência, para além de oportunidades de crescimento profissional e desenvolvimento”, conclui.