A população de Alvega e Concavada está, nesta altura, sem médico na extensão de saúde da freguesia, uma vez que a profissional de saúde que ali estava colocada reformou-se. A data de aposentação da médica é de 31 de março e não foi, para já, colmatada com a nomeação de um novo médico de família.
Desta forma os habitantes deste território terão o acompanhamento de médico de saúde familiar na Unidade de Cuidados Continuados (UCC) de Abrantes, localizada na antiga Casa de Saúde, no Alto de Santo António.
Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, disse na reunião do executivo municipal de Abrantes, de terça-feira da semana passada, que a médica que exercia naquela extensão de saúde reformou-se e que a autarquia está, em consonância com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo, a tentar encontrar uma solução. O que não se afigurará fácil uma vez que é do conhecimento público a dificuldade de colocação de médicos de saúde familiar nas extensões de saúde.
O presidente da Câmara de Abrantes disse ainda, nesta reunião, que a Covid cria uma pressão muito grande nos hospitais para a contratação de médicos.
Manuel Jorge Valamatos, presidente C M Abrantes
Armindo Silveira, vereador eleito pelo Bloco de Esquerda, disse que esta aposentação merece uma cuidada e crítica análise. O vereador referiu que tinha sido indicado que Alvega e Concavada estariam dentro da Unidade de Saúde Familiar (USF) Beira Tejo, sediada em Rossio ao Sul do Tejo. O vereador da oposição deixou uma pergunta direta ao presidente da Câmara: “Sendo a Câmara Municipal de Abrantes, parceiro na reorganização dos cuidados primários pergunta-se porque é que a aposentação da profissional não foi colmatada com antecedência" dentro do quadro da referida USF?”
Segundo o vereador, sabendo-se antecipadamente que a médica que lá estava se iria aposentar a 1 de abril “é difícil perceber como é que essa saída não foi colmatada”. Tanto mais, perguntou o vereador, se Alvega não é um pólo da Unidade de Saúde Familiar Beira Tejo.
Armindo Silveira recordou que na inauguração da USF Beira Tejo a 13 de março de 2019, foi afirmado que toda a zona sul do Concelho de Abrantes iria ser parte integrante da referida USF estando mesmo anunciado no site oficial do Município de Abrantes o seguinte:“nos casos onde não exista médico de família, a Câmara anunciou um reforço do serviço de transporte a pedido para que os utentes se possam deslocar à USF do Rossio”.
Por isso o vereador disse não compreender “como é que é noticiado que os utentes desta União de Freguesias têm que se deslocar ao Centro de Saúde de Abrantes”.
O vereador do Bloco de Esquerda referiu ainda que “não podemos esquecer que a reorganização em 2019 dos cuidados primários de saúde na zona sul do concelho, embora tivesse abrangido uma parte importante da população que não tinham médico, foi feita à custa de muitos utentes que passaram a ter que se deslocar a grandes distâncias para fora das suas freguesias como por exemplo de Barrada para Rio de Moinhos e de S. Facundo para Alferrarede.”
Armindo Silveira, vereador C M Abrantes
Manuel Jorge Valamatos explicou que e relação à reorganização médica é preciso que a informação chegue à autarquia se algum cidadão fica sem a prestação de cuidados de saúde. E depois disse que “há, hoje, mais cidadãos com médico de família do que há alguns anos”.
Apesar de tudo, o presidente da Câmara de Abrantes, revelou que em relação a Alvega e Concavada está em contacto com a diretora do ACES no sentido de tentar resolver o problema que passou a existir no início de abril.
Manuel Jorge Valamatos, presidente C M Abrantes
O certo é que de acordo com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo a USF Beira Tejo “tem por missão a prestação de cuidados de saúde personalizados à população inscrita da sua área geográfica, garantindo a acessibilidade, a globalidade, a qualidade e a continuidade dos mesmos”. Na mesma página pode ver-se que há três moradas, da sede (Rossio ao Sul do Tejo) e polos (Bemposta e Tramagal). De acordo com a mesma informação esta USF começou a funcionar a 13 de março de 2019, é coordenada pelo Médio João Carlos dias e conta com cinco médicos, cinco enfermeiros e cinco secretários clínicos.
Ainda na área da saúde, Armindo Silveira disse que teve conhecimento que o projeto que existia no Centro de Saúde de Abrantes que incidia sobre o tratamento do pé diabético foi desativado em todo o Concelho de Abrantes quando existe sala, existe material e existe disponibilidade de duas enfermeiras para prestar este serviço.
O vereador explicou ainda que “tendo em conta esta informação que foi prestada por uma Sra. enfermeira que prestava este serviço e que se reputa de verdadeira, esta situação a acontecer é de uma gravidade extrema, pois pode trazer consequências nefastas para os doentes com diabetes podendo inclusive levar à amputação pelo que é urgente apurar quais as razões que levaram à extinção deste serviço”.
Armindo Silveira disse, na reunião que “não se ficará por apenas por uma interpelação ao Sr. Presidente da Câmara, pergunto se o Sr. Presidente tem conhecimento desta situação e a ser verdade, que diligências tomar para este serviço vital para os doentes da diabetes seja reposto?”
Armindo Silveira, vereador C M Abrantes
O presidente da Câmara de Abrantes disse não ter conhecimento sobre esta informação e pergunta do vereador Armindo Silveira. Manuel Jorge Valamatos disse, no entanto, poder ter a ver com alguma situação relacionada com a Covid e prometeu inteirar-se sobre o assunto remetendo explicações para a próxima reunião do executivo municipal.