A Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT) recolheu 7.500 assinaturas num abaixo-assinado que vai entregar na sexta-feira ao Ministério da Saúde, onde reivindica mais recursos humanos e recuperação de consultas e cirurgias em atraso.
“Vamos entregar o documento em mãos. Em primeiro lugar, pelo respeito por essas mais de 7.500 assinaturas que foram recolhidas em quase todos os concelhos do Médio Tejo e, num documento que é dirigido à ministra da Saúde, tem toda a lógica que seja entregue em mãos no próprio Ministério da Saúde”, disse à agência Lusa o porta-voz da CUSMT, Manuel José Soares.
Afirmando que o abaixo-assinado foi colocado em 160 pontos de recolha na região do Médio Tejo, no distrito de Santarém, o responsável reafirmou que “vai ser entregue em mãos” a quem de direito, tendo em conta o calendário eleitoral e a “pressão” que pode exercer nos deputados que sejam eleitos em 30 de janeiro.
“Num período em que vivemos época de campanha eleitoral e que tem a ver com muitas reivindicações, esperamos que os deputados eleitos olhem para elas e, quer em termos de forma de lei, quer em termos de pressão junto do próprio ministério, contribuam para que sejam aplicados estes objetivos”, disse.
O abaixo-assinado considera “urgente” a colocação de mais recursos humanos (médicos, enfermeiros, assistentes técnicos e operacionais) nos centros de saúde e hospitais, a par de consultórios de dentistas nos centros de saúde, recuperação de consultas e cirurgias em atraso, e a reabertura e funcionamento regular das extensões de saúde.
O texto reivindica, ainda, a requalificação da Urgência da unidade de Abrantes do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) e de outras unidades de saúde e alerta para a necessidade de ser dada “mais atenção à informação/comunicação com utentes e familiares” e para a importância da articulação entre Centros de Saúde, Hospitais e outras unidades de saúde.
Salientando que a preocupação da CUSMT é encontrar “caminhos para resolver” as situações que dificultam o acesso das populações a cuidados de saúde “de qualidade e proximidade”, Manuel José Soares defendeu e necessidade de uma análise “fina” à dificuldade na contratação de recursos humanos, “não se ficando pelo argumento salarial, mas percebendo se não existem outros fatores, como as condições de trabalho ou as distâncias em relação às famílias”, que pesam na ausência de candidatos aos concursos.
Relativamente à falta de profissionais, além de uma estratégia a médio prazo, Soares defendeu a tomada de “medidas de urgência”, assinalando a “hipótese de se poder recorrer a médicos estrangeiros”, tendo feito notar que a especialidade de medicina geral e familiar “está subvalorizada” relativamente às especialidades hospitalares.
“No caso das especialidades hospitalares, o que verificamos é um conjunto de legislação que foi publicada que meteu inclusive os hospitais a concorrer uns com os outros e isto merece que Ministério, Ordens Profissionais, Sindicatos, as próprias autarquias, utentes, se juntem e digam quais são as medidas que podem ser tomadas para resolver a situação”, considerou.
Por outro lado, a CUSMT defende uma “abordagem alargada ao conceito de saúde pública” que considere outros fatores “a montante” que interferem com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), tendo afirmado que “muitos desses problemas podem ser resolvidos com campanhas eficientes, ao nível do combate ao tabagismo, diabetes, obesidade, dependências e sinistralidade rodoviária”.
A CUSMT tem na sua área de influência o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo, que abrange cerca de 225 mil utentes de 11 municípios (Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha), e o Centro Hospitalar do Médio Tejo, que integra três unidades hospitalares, localizadas em Abrantes, Tomar e Torres Novas.
Lusa