Desde outubro do ano passado até hoje choveu praticamente metade do que seria um ano hidrológico normal. Estes são dados oficiais do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
De acordo com os dados do IPMA choveu até agora neste ano hidrológico (1 de outubro a 30 de setembro) 419 milímetros (mm), 51% do que seria um valor normal.
Com todo o país continental em seca, 55% em classe de seca severa e 45% em seca extrema, o IPMA considera que a seca “teria um desagravamento significativo” se nos próximos dois meses chovesse acima da média. Mas adianta que tal só acontece em 20% dos anos.
Em termos médios teria de ocorrer em setembro em outubro, para que a situação melhorasse, algo como 150 mm em setembro e 175 mm em outubro. Só que esta é uma perspetiva que, para já, está distante de acontecer.
Se na região as autarquias estão a tomar medidas de poupança de água nas regas há outras preocupações que se poderão agravar, e de que maneira, já a partir de setembro, como a agricultura ou pecuária.
Luís Damas, presidente da Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Mação e Sardoal, explicou que nesta altura, final de agosto, começam a fazer-se sentir alguns constrangimentos nesta região, mas ainda sem situações extremas.
Se no rio Tejo este ano as coisas estão mais acauteladas porque o rio apresenta uma regularidade de caudais pouco normal para a época do ano, é nas zonas mais interiores que começam a anunciar-se situações mais complicadas. A ribeira do Rio Torto, de acordo com Luís Damas, começa a ter troços sem água o que só acontece em situações extremas.
O dirigente revelou que na pecuária começam a surgir algumas situações com furos a ficar sem água e os empresários a fazer vendas para diminuir os efetivos. Tanto mais que para além da falta de água há dificuldades na alimentação, nomeadamente na falta de pastagens.
Quanto à vinha Luís Damas revela que este será, na região, um ano de uma produção baixa, porque sem água a uva é mais pequena. Espera que possa aumentar aumente a qualidade do vinho que vier a ser produzido.
Por outro lado, na olivicultura, após um dos melhores anos de sempre na produção de azeitona, este ano quente vai levar a uma produção baixa, tanto mais que as árvores entram numa espécie de “autodefesa” e começam a libertar folha por forma poderem “gerir” a água que lhes chega.
Luís Damas, presidente Associação Agricultores
Luís Damas adiantou ainda que esta situação é tanto mais preocupante quando na floresta há árvores que começam a apresentar problemas com a falta de água e algumas mesmo a morrer. E neste ponto o dirigente da Associação de Agricultores revelou que as espécies mais afetadas são o sobreiro e depois algumas zonas de eucalipto que de cinco a seis anos plantado em terrenos de barro e ainda algum pinheiro. Luís Damas mostrou-se ainda mais preocupado, pois com árvores a morrer podem entrar nestas áreas pragas que podem causar prejuízos avultados nas árvores que ainda estão de boa saúde.