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Artes e Ofícios: A tendência continua a ser a urbanização da sociedade - Investigadora (c/áudio)

19/01/2023 às 10:54

A primeira intervenção do Seminário Artes e Ofícios do Ribatejo Interior promovido pela Tagus, na sexta-feira da semana passada, teve no púlpito Helena Freitas. A representante do Centro de Ecologia Funcional a universidade de Coimbra e cátedra da UNESCO em biodiversidade colou todos os participantes às cadeiras. É que a investigadora começou por abordar a forma como a matéria-prima dos territórios pode ser aproveitada em prol do desenvolvimento.

“O legado dos territórios, as artes e ofícios, são fundamentais para pensar o desenvolvimento”, revelou Helena Freitas acrescentado que há hoje “um processo acelerado para a urbanização da sociedade. Esta é uma realidade e é uma tendência universal que se aplica também em Portugal. E esta assimetria é factual e é a nossa realidade”, vincou Helena Freitas no Centro Cultural Gil Vicente, em Sardoal.

Há, nesta altura, um conjunto de pressupostos que tem depois uma agenda universal com 17 objetivos para pensar os objetos de desenvolvimento. E afirmou a necessidade de aproximar esta agenda “das nossas para transformar a transição para uma economia verde, circular e responsável.”

Helena Freitas elencou de seguida questões essenciais como a salvaguarda da identidade e do património. E depois acrescentou os fatores necessários à proteção e restauração da herança ou memória local, apoiar a cultura local, fomentar intercâmbio, criar infraestruturas de dados abertos ou promover a ciência-cidadã.

Depois, acrescentou ainda, “há o desafio de governar bem, gerir bem os recursos, incentivar coordenação interna, promover a transparência e a comunicação, apoiar o voluntariado e o trabalho em rede (a começar na educação) e educar para a sustentabilidade.”

De acordo com a investigadora “há áreas que temos de trabalhar no património natural. O desafio ainda passa por trazer os agentes para nos ajudarem a fazer esta transformação.” A sociedade é a base, mas depois há a cadeia de políticas e estratégias, o empreendedorismo, a inovação e tecnologia.

E um dos grandes desafios é o de “termos de trabalhar num território com perda de população, mas com um legado muito forte.

As pessoas que querem viver aqui têm de ter as condições mínimas para desenvolver o território.”

É por isso que revelou que há um conjunto de ações para pôr o capital territorial ao serviço do desenvolvimento. Tem de haver uma identidade competitiva.

E terminou a intervenção com a referir que “a sustentabilidade que é fator primordial.”

À margem deste seminário Helena Freitas disse à Antena Livre que “é um dado adquirido. A humanidade escolheu a cidade como o local preferencial de existência, de vida. Mas isso não significa que os outros territórios não tenham vitalidade ou outros valores.”

Nesta linha, Helena Freitas, revela que sendo esta uma tendência universal como é que cuidamos dos outros territórios e dos serviços que prestam. E isto significa que “para o mundo rural temos de trazer algumas dimensões de urbanidade e como é que eles podem coexistir.” E acrescentou que o mundo urbano é atrativo para os jovens e isso é uma tendência, mas o legado dos territórios rurais é “absolutamente indispensável aos que preferiram viver em territórios urbanos. E isso é que não se deve perder.”

A investigadora frisou que se existir um desligamento do urbano com o mundo rural é que é perigoso. “O desafio é esse. Como é que mantemos uma ligação a esse legado.”

Helena Freitas, investigadora

Dinamizado pela Tagus – Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior, e pelos três municípios da sua área de ação, o projeto AO.RI – Artes e Ofícios do Ribatejo Interior visa a valorização do património identitário dos territórios no âmbito do desenvolvimento local de base comunitário, representando um investimento na ordem dos 72.500 euros, sendo financiado a 85% no âmbito do Programa Operacional do Centro do Portugal 2020 e pelo FEDER - Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional.

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