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Seca: Abrantes: Baixo caudal do Tejo volta a prejudicar rega dos agricultores (C/ÁUDIO)

23/07/2021 às 19:00
Captação de água a seco em Rio de Moinhos

O Tejo volta a ter dias de caudais mínimos. E com caudais muito baixos os agricultores de Abrantes e Constância voltam a ficar aflitos sem água para a rega, principalmente das culturas de milho. Há outras culturas que também podem ter prejuízos, mas é no milho a necessidade maior, porquanto é agora que o grão começa a engrossar e sem água há, dizem os agricultores, prejuízos na produtividade destas culturas.

Luís Damas, presidente da Associação de Agricultores de Abrantes, Constância Mação e Sardoal, explicou que nesta tarde de sexta-feira há agricultores extremamente preocupados com os baixos caudais o que pode implicar que a situação se mantenha no fim de semana. E três dias sem rega cria muitos problemas, tanto mais que a temperatura não é muito elevada, mas o vento, por vezes forte, é um dos fatores que levam à seca dos terrenos. E havendo vento há uma preferência de produção de energia por parte das eólicas, ao invés a produção hídrica.

O presidente da Associação já entrou em contacto com as autoridades portuguesas, nomeadamente, a Agência Portuguesa do Ambiente, mas a situação é sempre a mesma. Tudo tem a ver com as descargas das barragens, principalmente da espanhola de Alcântara.

Segundo o dirigente, ao dia de hoje [23 de julho], os agricultores desta região já levam dez dias sem rega. E acrescenta que isso vai ter reflexos na produtividade das culturas.

Luís Damas, presidente Associação Agricultores

Segundo Luís Damas os contactos têm estado a ser feitos com a APA – Agência Portuguesa do Ambiente, “que é quem regula isto” mas, confessa, “não é fácil”.

O milho é uma cultura exigente em água, o girassol nem tanto, “mas há ainda o olival e as amendoeiras”, ferindo-se à realidade da Quinta da Casa da Pedreira em Rio de Moinhos.

No entanto, lembrou Luís Damas, na região há outras grandes explorações agrícolas que são afetadas, dando como exemplos a Quinta do Taínho, o Casal da Coelheira, o Casal da Coutada... “todas as explorações ao longo do rio Tejo vão ter este problema”. E falamos de cerca de “mil hectares que precisam de água do Tejo”.

Para Luís Damas, este problema deveria ter uma solução de fundo, “que era ter um nível diário de água garantido que satisfizesse todas as partes”. Mas não pode, na opinião do responsável, passar de conversa. “Tem que ser posto no papel até porque os espanhóis estão a cumprir. Mas cumprem à semana, em vez de ser ao dia”. O presidente da Associação de Agricultores desafia os governantes a reverem o acordo da Convenção de Albufeira que permita ter um caudal diário pois “só assim é que se consegue resolver isto”.

 

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