Na semana passada as redes sociais foram inundadas com fotografias e vídeos de uma intervenção de demolição de uma das chaminés da antiga resineira nos terrenos junto ao Intermarché. Como a chaminé tinha um ninho de cegonhas rapidamente choveram críticas sobre aquela intervenção, até com pedidos de intervenção das autoridades locais e ambientais.
O facto é que uma das chaminés foi demolida no local onde estão a decorrer trabalhos de movimentação de terras devidamente licenciadas pela empresa Superabrantes (Intermarché).
O movimento ALTERNATIVAcom emitiu mesmo um comunicado em que revela que “tomou conhecimento a 19 de fevereiro, da tentativa de demolição de uma chaminé de grandes dimensões em Alferrarede. Apesar da demolição já se encontrar em avançado estado à presente data, as movimentações em torno desta situação levam-nos a refletir sobre um conjunto de questões e preocupações para situações semelhantes”. E depois segue com informação legal sobre a proteção a cegonhas e levanta uma série de questões sobre a salvaguarda do património. E no comunicado do Facebook o movimento escreve que “importa apenas utilizar a situação como mote para o estímulo ao debate e reflexão, de forma mais abrangente, acerca do estado atual e do futuro do espólio e património industrial do concelho de Abrantes”.
Na mesma linha a Antena Livre teve acesso a um email enviado por um cidadão ao presidente da Câmara de Abrantes em protesto pela demolição. O senhor José Oliveira escreve no email: “Estou estarrecido com a noticia divulgada da tentativa de derrubar as duas torres em Alferrarede, que além de serem um património da municipalidade são habitadas há anos por cegonhas que fazem lá os seus ninhos. Sendo que as torres identificam o Bairro de Telheiros. Todos sabemos da proteção que deve ser dada às cegonhas e por isso peço a sua ação para suspensão das atividades na área, assim como as ações aos responsáveis, conforme legislação em vigor”.
No email enviado ao presidente da Câmara de Abrantes este cidadão enviou também algumas fotografias
A Antena Livre contactou a Câmara Municipal de Abrantes para saber que obras são as que estão em curso. As movimentações de terras estão devidamente legalizadas pelo proprietário do terreno e das duas torres da antiga resineira de Alferrarede. Ao que foi confirmado pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Abrantes, João Gomes, a chaminé em causa apresentava problemas estruturais e de segurança pelo que foi demolida. Já quanto à presença de cegonhas, animal protegido por lei, a mudança do ninho para a chaminé que fica mais próxima da urbanização dos Telheiros foi autorizada pelo ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e Florestas.
ICNF autorizou o Intermarché a mudar o ninho para a chaminé que não vai ser demolida
A Antena Livre contactou o gerente da Superabrantes (Intermarché de Alferrarede) que facultou todo o processo e explicou o enquadramento. Miguel Alves explicou que está a proceder à movimentação de terras, devidamente licenciadas, para alargamento do espaço comercial. Miguel Alves facultou os emails em que INCF autoriza a operação de demolição.
O gerente do espaço comercial explicou ainda que adquiriu uma rede própria para a mudança e estabilização do ninho da outra chaminé e acrescentou que esta chaminé foi demolida por apresentar riscos estruturais, apresentando-se muito degradada.
Miguel Alves garantiu que a outra chaminé, mais próxima da urbanização dos Telheiros não vão ser demolida, ao contrário das informações que correm nas redes sociais.
Já lá está o ninho e as cegonhas já o “adotaram” e, afirma o gerente, que podem vê-las lá de manhã e à tarde.
Créditos: DR.
E no processo que envolveu os Bombeiros Municipais de Abrantes, todas as despesas inerentes à operação vão ser suportadas pela empresa Superabrantes. Também a chaminé que vai ficar enquadrada no espaço comercial necessita de uma intervenção de segurança uma vez que apresenta igualmente algumas debilidades, embora não tão graves como a que foi demolida.
Miguel Alves, gerente do Intermarché explica o processo e garante transparência no licenciamento de todas as intervenções
Miguel Alves salienta que está em Abrantes há cerca de 20 anos e quando avançou para este processo de alargamento da zona comercial de Alferrarede cumpriu todos os procedimentos legais necessários e que desde o início do processo a salvaguarda das cegonhas nunca foi colocada em causa.