Refletir sobre "O regresso da História: a crise da democracia e o autoritarismo, a religião e os radicalismos" é o mote para o Festival de Filosofia de Abrantes que decorre até 19 de novembro.
A sessão de abertura aconteceu na sexta-feira, dia 10 de novembro, no auditório da Santa Casa da Misericórdia de Abrantes, e no momento marcaram presença vários representantes de entidades públicas, entre os quais Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal e Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal.
O autarca sardoalense congratulou-se com a iniciativa e salientou o facto de a mesma também acontecer no seu concelho, Sardoal. Miguel Borges voltou a referir a sua máxima que “Interioridade não é sinónimo de inferioridade. E é isto que nós queremos viver. Interioridade é sinónimo de qualidade”.
“Porque não um dia refletirmos sobre a interioridade na vertente numa vertente cultural? Porque aqui, no interior, temos tempo para nos encontrarmos e para sermos felizes”, afirmou o autarca, deixando o desafio aos presentes.
Por sua vez Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, disse que o “Festival de Filosofia de Abrantes quer ser uma praça aberta. Convocar-nos a refletir e marcar posição” e que “pretende reunir políticos e intelectuais, jovens e tantos outros atores. Dar-lhes voz e fazer-lhes perguntas. Trazer os cidadãos aos problemas e às soluções”, referiu.
“Este é o desafio para os próximos dias, em Abrantes e em Sardoal: o de uma cidadania ativa, esclarecida, questionadora. De como o estímulo à construção de um espírito crítico deve estar presente nos contextos de educação formal e não formal, junto dos públicos mais e menos jovens”, fez notar a presidente.
No seu discurso, a autarca abrantina destacou ainda o papel dos jovens na promoção do festival, fazendo referência à atribuição do prémio de ensaio “jovem filósofo”, com a Palha de Abrantes, que abarcará todos os alunos do secundário do país.
Maria do Céu Albuquerque fez ainda referência ao tema do festival - o “Regresso da História”, dando conta que “se todos soubéssemos aprender com a História, com os erros e vitórias do passado, não haveria tantos fundamentalismos, tantas irresponsabilidades politicas e sociais, não se repetiriam tantos erros no quotidiano, de cada um e da sociedade”. Por último, a presidente destacou o trabalho de parceria e a articulação dos parceiros para a promoção do evento, que vai estar a decorrer até dia 19 de novembro.
Após os discursos, a sessão de lançamento do festival foi marcada pela intervenção de Alves Jana, filósofo e membro do Clube de Filosofia de Abrantes, que deixou aos presentes uma comunicação, intitulada “O regresso da História”.
Numa contextualização histórica sobre o que se passa no mundo, Alves Jana apresentou um horizonte de problematizações para refletir durante os dias do festival. E deixou as propostas para o decorrer da semana e no próximo fim-de-semana: “No segundo fim-de-semana, o programa centra-se sobre os fundamentalismos e em especial o fundamentalismo de carácter religioso, pois é esse que no presente mais se faz sentir na opinião pública europeia e aquele que apresenta desafios que é mais difícil equacionar. Também aí teremos diferentes perspetivas”, reforçou o filósofo.
“Além destas travessas de iguarias compostas, teremos outros pratos que nos desafiam o gosto por pensar. Um livro contra a democracia e um filme sobre ensaios de resposta aos problemas no ambiente e na economia de hoje para o amanhã que queremos, ou não, construir. Porque pensar é a antecâmara do agir. Também teremos o exercício do pensar filosófico com crianças, em escolas do primeiro ciclo. E, na rua, instalações filosóficas, assinadas pelo Curso de Teatro da Escola Dr. Manuel Fernandes. E na Biblioteca António Botto temos já a feira do livro”, salientou o responsável.
“Na quinta-feira, dia 16, teremos o Dia Mundial da Filosofia. As escolas vão assinalar a data internamente. E a Escola Dr. Solano de Abreu proporciona-nos um desafio complementar no cineteatro de S. Pedro. E a filosofia vai também encontrar-se com as crianças do primeiro ciclo. Uma última palavra para a Arte. É tema para um serão de conversa, para um serão musical e para um filme e um documentário, sem esquecer o teatro a intervenção de rua. E as conversas das pessoas nas esquinas da cidade”, finalizou Alves Jana.
Mais informações sobre o evento em facebook.com/Festival-de-Filosofia-de-Abrantes.
Fotos:CMA