Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, anunciou hoje, na reunião de Câmara, que o Município está preocupado com os danos que possam surgir na Albufeira de Castelo Bode provocados pelos incêndios.
Em declarações à Antena Livre, a autarca abrantina lembrou que “à volta da Albufeira há uma grande mancha de área ardida, não só no concelho de Abrantes, mas também em Vila de Rei, Tomar, Sertã e Ferreira do Zêzere”.
“Todos estes concelhos são abastecidos a partir da Albufeira de Castelo Bode e também não nos podemos esquecer que a própria área metropolitana é abastecida através da EPAL (Empresa Portuguesa das Águas Livres) aqui no Castelo Bode. Portanto, impõe-se que se estude que impacto é que estes incêndios, e os fenómenos de erosão e de deposição de cinzas que irão acontecer, poderão ter na qualidade da água”, referiu a presidente.
A autarca disse ser “necessário marcar rapidamente uma reunião com todos aqueles que têm captações de água na Albufeira, os SMA, a EPAL e as diversas Câmaras envolvidas, para encontrarmos uma resposta rápida para minimizar os impactos negativos que possam eventualmente acontecer em relação a esta matéria”.
Os danos materiais, florestais e agrícolas ainda não estão totalmente contabilizados, sendo que o concelho foi afetado, primeiramente, por um grande incêndio que decorreu de 9 a 13 de agosto e por um outro, proveniente de Mação, que só ficou extinto no passado domingo.
“Em relação ao incêndio de Abrantes, que começou no Souto e que acabou às portas da cidade, temos um perímetro de incêndio, que é mais do que 5 mil hectares e ainda não temos dados em concreto que nos permitam contabilizar as áreas não ardidas, que felizmente existem”, aludiu.
Maria do Céu Albuquerque avançou que esta semana irá decorrer um briefing com todas as entidades envolvidas no combate aos incêndios florestais, onde a Câmara Municipal conta propor a constituição de um grupo de trabalho para o ordenamento do território, que elabore um projeto global para o norte do concelho de rearborização das áreas afetadas.
“Temos um grande ativo que foi destruído que é a ZIF de Aldeia do Mato. ZIF essa que pediu neste quadro comunitário o seu alargamento já aprovado, mas também a constituição de uma nova que foi designada como a ZIF de São Vicente e Abrantes. O que queremos é juntar as entidades gestoras da ZIF já constituída e desta já em constituição, os madeireiros, os produtores florestais, mas também levar a que os privados, aqueles que detêm pequenas parcelas, possam trabalhar no sentido de apresentar um projeto de rearborização, de rentabilidade e sustentabilidade florestal e para evitar que outras situações possam acontecer”, explicou a presidente.
A responsável lembrou que a “Câmara de Abrantes tem uma candidatura apresentada, de cerca de 1ME, para criação de faixas de proteção, de aglomerados populacionais, de rede viária, mas que não chega. E, portanto, a esta altura, nós precisamos de canalizar esses fundos e outros para fazermos um trabalho conjunto entre públicos e privados”.
No incêndio que deflagrou entre os dias 9 a 13 de agosto ardeu totalmente uma casa de primeira habitação e parcialmente uma outra, na localidade de Aldeia do Mato.
Neste âmbito, segundo a presidente, já foi realizado “um levantamento dos danos, já orçamentámos, já enviámos para as autoridades competentes, nomeadamente para a Autoridade Nacional de Proteção Civil esses dados. Enviámos também para a Caritas Diocesana para verificar a possibilidade de nos apoiarem na reconstrução destas duas habitações, uma que ardeu totalmente e outra parcialmente”.
“Há aqui mais qualquer coisa do que os fenómenos naturais”
A autarca abrantina disse aos jornalistas que têm chegado “falsos alarmes” de incêndios e que o episódio mais recente aconteceu esta manhã. Segundo a presidente, os meios foram mobilizados para um suposto foco de incêndio por detrás do Estádio Municipal da cidade e, quando os bombeiros chegaram ao local, não se verificou a existência da ocorrência.
Por sua vez, no incêndio que afetou o concelho de Mação na última semana, “um cabo que alimenta as comunicações foi cortado, num dia em que se previa que o vento mudasse (…) O corte do cabo ocorreu em Mação. Depois de o cabo aparecer cortado, tivemos um conjunto significativo de reacendimentos e focos de incêndio que vieram a causar problemas no combate que se estava a operar”.
“Isto demonstra que há aqui mais qualquer coisa do que os fenómenos naturais. Mas não me compete tecer comentário sobre essa matéria, compete-me esperar que as autoridades façam a sua investigação”, reforçou a presidente.
Maria do Céu Albuquerque apelou às populações para estarem atentas àquilo que ainda poderá ocorrer até ao final do verão: “Pedimos às pessoas que não deixem de ter os seus quintais limpos, não deixem de ter o perímetro à volta das suas casas limpo. Não podemos utilizar nesta altura fogo, instrumentos de corte, que permitam ou que venham a causar incêndio e, portanto, temos de estar todos atentos àquilo que vamos fazendo”.
“Se encontrarem no terreno alguns indícios suspeitos, denunciem, mesmo que sejam falsos alarmes (…) mas, denunciem porque se chegarmos a tempo aos locais, conseguimos fazer um bom trabalho para evitar desgraças maiores”, finalizou a autarca.
Reunião de Câmara de hoje
JMC