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Abrantes: O envelhecimento em debate e os novos desafios para o futuro

26/09/2017 às 00:00

“Temática sobre o envelhecimento”. Foi este o tema das I Jornadas levadas a cabo pela Santa Casa da Misericórdia de Abrantes. O evento decorreu ao longo do dia de sexta-feira e, na cerimónia de abertura, Tiago Leite, diretor do Centro Distrital da Segurança Social, destacou o trabalho feito em Abrantes em prol desta temática e afirmou que o concelho está “na linha da frente”, lembrando que incêndios e envelhecimento da população são temas que estão interligados.

“Uma das grandes preocupações do nosso país é a forma como o envelhecimento é tratado e a forma como muitos dos nossos familiares ficam para trás, isolados, a viver sem qualquer tipo de acompanhamento. Porque quando falamos da limpeza das matas, sabemos que cada um deve limpar o seu, mas quando temos idosos a viverem completamente isolados e sozinhos, não lhes podemos pedir que façam uma limpeza dos seus territórios como se tivessem capacidade para o fazer”, explicou Tiago Leite.

A questão do aumento da média de vida também foi abordada pelo diretor do Centro Distrital da Segurança Social. “Todos dizemos com muita alegria que cada vez vivemos mais anos. (…) Mas o que temos que pensar é como é que vamos olhar para tantas pessoas que, felizmente, têm uma esperança média de vida muito maior do que tínhamos há 30 ou 40 anos”.

E acrescentou que “não é solução fazer lares em todas as esquinas. Temos é que ver que dinâmicas teremos de ter para melhorar a qualidade de vida de cada um de nós porque saber que vamos viver mais anos é um problema bom”.

Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, falou de um problema que não é local nem nacional, mas europeu… e disse que o problema do envelhecimento só poderá ser solucionado se as instituições funcionarem em rede. A autarca destacou o trabalho que tem vindo a ser feito no concelho de Abrantes e considerou ser “um privilégio ter uma rede social que trabalha de forma afincada para responder às necessidades da nossa população”. Relativamente ao “problema bom”, Maria do Céu Albuquerque referiu que “temos novos problemas para enfrentar” e deixou a pergunta de “como é que nós podemos criar condições para que as pessoas, vivendo mais anos, tenham boa qualidade de vida?”

“Em rede. É fundamental. A rede social de Abrantes é uma referência na capacidade que tem tido para organizar respostas efetivas para podermos corresponder às necessidades da nossa população”, respondeu a autarca que deixou ainda um desafio: “lutar para dotar as Misericórdias e as IPSS’s da capacidade de prestarem um apoio domiciliário 24 horas. As pessoas têm o direito de permanecer nas suas casas, quando com vontade própria e com condições para isso, e as instituições têm que ter condições, nomeadamente financeiras e os recursos técnicos adequados, para poderem fazer este trabalho”.

A presidente da Câmara Municipal de Abrantes explicou ainda o que, localmente, se pode fazer para que se melhore a qualidade de vida dos idosos. “São as respostas para o envelhecimento ativo, a melhoria do espaço público para fruição dos nossos idosos ou a criação de faixas para uma melhor circulação nas ruas de seixo rolado. (…) Sabemos que a nossa contribuição tem que ser esta. É a de ir ao encontro de necessidades que estejam dentro da nossa esfera de competências”.

Caldas de Almeida, em representação da União das Misericórdias Portuguesas, referiu que já não faz sentido classificar um idoso pela idade que tem, mas sim pelo impacto que os anos têm na qualidade de vida da pessoa. Referiu que “não faz muito sentido chamar idoso a uma pessoas de 65 anos e pôr no mesmo grupo de uma pessoa de 85 ou 95 anos. Assim como não é do mesmo grupo uma pessoa de 85 anos que está ótima, que vive sozinha ou com companheiro, que vai às compras, vive completamente autónoma e tem atividade, de uma com os mesmos 85 anos mas que tem uma dependência física, perda funcional e que não consiga ir à casa de banho e fazer a lida da casa ou até mesmo uma de 85 anos que tenha uma demência. Portanto, muito mais importante que o número de anos que uma pessoa tem, é o impacto que esse número de anos tem na qualidade de vida da pessoa”.

Nas jornadas da “Temática sobre o envelhecimento” falou-se ainda de «Demências», «Lidar com a incontinência urinária», «Alterações cerebrais na demência – Avaliação e intervenção», «A importância da alimentação na 3ª idade», «Maus tratos e violência contra os idosos» e dos «Procedimentos da GNR: da prevenção à intervenção». As jornadas contaram com um Auditório cheio ao longo do dia pois foram muitos os que se quiseram inteirar destas temáticas, numa iniciativa levada a cabo pela Santa Casa da Misericórdia de Abrantes. 

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