O presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP), Vítor Poças, desafia o próximo Governo, mas também o próprio parlamento, a definir a floresta "como um objetivo estratégico".
"Desafio o próximo Governo a definir a floresta como um objetivo estratégico", afirmou o responsável, quando questionado pela Lusa sobre o que gostaria de ver incluído no executivo que sairá das eleições legislativas de 30 de janeiro.
Aliás, "eu não gostaria que isto fosse um objetivo do próximo Governo", mas também "deveria ser um objetivo da própria Assembleia da República", acrescentou o presidente da direção da AIMMP.
A Assembleia da República "deveria ter uma noção clara de que este é o nosso petróleo verde e tenho muita pena que realmente a floresta esteja abandonada e que não se consigam criar condições para puxar as pessoas para a floresta outra vez", lamentou Vítor Poças.
"O setor é de base florestal e, portanto, continuo a achar que os governos continuam a não olhar para a floresta (...) da forma como deveriam olhar", considerou.
E "lamento profundamente que (...) continue a não existir capacidade de governação e de recuperação da nossa floresta portuguesa", reforçou Vítor Poças.
"Eu digo de recuperação porque ela já foi uma floresta de verdade e hoje em dia é uma floresta de palitos e de arvorezinhas de Natal e, portanto, a coisa está muito complicada", apontou o presidente da AIMMP.
Vítor Poças salientou que o fenómeno da oferta e da procura "nem sempre determina só um aumento ou redução de preço".
Isto porque o setor é muito internacionalizado, numa "concorrência à escala internacional", referiu.
Ora, "se vive numa concorrência à escala internacional significa que quando não tivermos matéria-prima não estaremos à espera de conseguir repercutir no preço do produto final esse aumento da matéria-prima e, então, o que vai acontecer é fecharem fábricas", alertou Vítor Poças, que lamentou "profundamente que isto já esteja a acontecer".
Aliás, o setor "já teve muito mais empresas", mas atualmente "está a perder empresas", prosseguiu.
E quanto aos dados que mostram que apesar disso as exportações têm aumentado, Vítor Poças explica o que está a acontecer.
"Têm aumentado porque há cada vez mais incorporação de outros materiais no mobiliário e, por outro lado, continua-se cada vez mais a fazer mobiliário a partir de painéis e menos madeira maciça", apontou.
"Ou seja, temos andado aqui a reinventar para conseguir ultrapassar a dificuldade de obtenção de matéria-prima nacional para incorporar nos nossos móveis e até eventualmente fazer móveis de melhor qualidade em madeira maciça", rematou o dirigente da AIMMP.
Lusa