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Mouriscas: «Apadrinha uma Oliveira» já tem a gestão de mais de 1.700 oliveiras (c/áudio)

22/03/2024 às 09:50
Fotoreportagem de Hugo Malainho e Rose Miranda

Com menos de um ano de vida o projeto "Apadrinha uma Oliveira" continua a dar passos e pode chegar ao objetivo de dezembro de 2024 a meio deste ano. O objetivo do projeto na região de Abrantes, é recuperar 10.000 oliveiras abandonadas dos mais de 200.000 hectares de olival abandonado, sendo que neste 21 de março de 2024 já são 1.700 absorvidas pelo projeto, num total de 34 hectares.

O objetivo do projeto que resultou da parceria entre a Endesa e a ONG “Apadrina un Olivo” é recuperar o olival tradicional da região. Dominado pela espécie “galega” e com muitas oliveiras centenárias, a ideia é recuperar esses olivais e colocá-lo a produzir azeitona para ser transformada em azeite.

Para os proprietários dos terrenos é simples, cedem a exploração ao “Apadrinha uma Oliveira” que faz o tratamento, limpeza dos terrenos e apanha da azeitonadurante um determinado período de tempo. A propriedade nunca muda de dono, ou seja, há apenas o tratamento e uso-fruto dos terrenos, na maioria dos casos já ao abandono ou sem tratamento normal feito pelos proprietários.

As oliveiras podem ser depois apadrinhadas porque quem assim o entenda, com pagamento de 60 euros por ano podem aceder à plataforma para ver a árvore apadrinhada e recebem todos os anos dos litros de azeite da safra desse ano.

Aliás, de acordo com o responsável pelo projeto em Abrantes, João Rijo, os primeiros padrinhos vão receber, já este ano, o primeiro azeite.

Em Dia Mundial da Árvore Eduardo e Eminência Grácio mostraram o seu terreno, nas proximidades da milenar Oliveira do Mouchão, já “gerido” pelo “Apadrinha uma Oliveira”. Trata-se de um terreno no qual o casal já não fazia o tratamento e por isso aderiram ao projeto. E o terreno está limpo, com as oliveiras com uma poda grande, por forma a poderem crescer e frutificar nos próximos anos. Eduardo Grácio diz que nalgumas das suas propriedades, de minifúndio, aderiram ao projeto, que tiveram conhecimento através do filho. Eminência revela que os terrenos eram limpos, mas o olival estava com copas muito grandes, daí que este, entendem, é um projeto de louvar. Mesmo que haja que tenha dúvidas ou que não concorde com esta fórmula. Até porque, confirmam, os terrenos são explorados por esta entidade, mas a posse mantém-se nos donos.

A forma de entrar no projeto é simples. Basta uma reunião com as cadernetas do terreno e depois de uma avaliação positiva dos responsáveis do “Apadrinha uma Oliveira” é feito um contrato.

Eduardo e Eminência Grácio explicam a entrada no projeto

E as oliveiras do Eduardo e da Eminência, nos Cascalhos, já têm a fita com o código QR que permitirá o seu apadrinhamento.

João Rijo é o homem do leme do “Apadrinha uma Oliveira” na região. “Estamos a caminhar para as 1.700 oliveiras. O objetivo era chegar ao final do ano com 2 mil oliveiras, mas chegaremos a este valor em meados do ano. Também em área já temos 34 hectares.”

João Rijo revela que mesmo que haja alguma dúvida ou receio em relação a estes contratos não há nada mais simples. É feito um contrato. O “Apadrinha uma Oliveira” explora e rentabiliza os terrenos, mas a propriedade será sempre dos donos.

“Todos os terrenos que tenham oliveiras, muitas ou poucas, são bem-vindos” explica o responsável que tinha acabado de chegar de mais duas reuniões para poder acolher mais umas mãos-cheias de oliveiras. “É tudo muito simples.

Há pessoas que chegam à “Apadrinha...” através de notícias ou dos vizinhos que já aderiram.

Quando os contratos são feitos, é feito um levantamento topográfico e com a georreferenciação qualquer cidadão pode aceder à página do projeto e escolher a oliveira que pretende apadrinhar. Há o pagamento de 60 euros por ano e até ao final de fevereiro de cada ano recebe dois litros de azeite dessa safra”, explica João Rijo apontando à simplicidade de processos.

João Rijo, responsável pelo "Apadrinha uma Oliveira"

E haverá sempre a possibilidade de haver visitas guiadas aos olivais e até dos padrinhos às suas oliveiras. Ou seja, o padrinho pode “vir ver a ‘a sua’ árvore e conhecer toda a zona envolvente.”

João Rijo revelou que todo o trabalho é feito por técnicos e que, muitas vezes, o trabalho de campo é feito com recursos locais, das aldeias, o que permite “mexer com a economia local.” No futuro, a ideia é que a “Apadrinha...” tenha equipamento próprio para fazer a limpeza dos terrenos e das árvores.

 

A Rota das Oliveiras milenares

Há uma outra ideia que está a ganhar forma, em Mouriscas, com a ACROM (Associação Cultural das Rotas de Mouriscas) e que é a definição de uma rota para visita ao olival. À beira da Oliveira do Mouchão, com mais de 3.350 anos, João Rijo explicou que, neste momento, está a ser criada uma rota de oliveiras milenares. A ACROM já tinha iniciado este projeto das oliveiras milenares que ganha agora corpo nesta parceria. “Neste momento, na primeira fase vamos fazer um roteiro de 15 oliveiras. Vamos colocar oliveiras milenares que tenham história. Depois pode crescer, à medida que forem sendo identificadas novas árvores.”

Quem quiser conhecer o projeto pode aceder à página apadrinhaumaoliveira.org, ou através das redes sociais Facebook e Instagram, e apadrinhar uma destas oliveiras. E todos os anos podem receber dois litros de azeite de oliveira galega, que domina o olival desta região.
O projeto está a ser desenvolvido em toda esta região, concelho de Abrantes e limítrofes.

É uma forma de poder ter os terrenos limpos ou que não fiquem abandonados e ter as árvores a produzir. É que, muitas vezes, os terrenos deixam de ser utilizados e o que era olival tradicional vai, lentamente, sendo absorvido por outras espécies e há até muitos casos em que as oliveiras mal se vêm no meio das silvas ou de espécies florestais.

"Apadrinha uma Oliveira"

 

A iniciativa "Apadrinha uma Oliveira" (https://apadrinhaumaoliveira.org/) é uma parceria entre a Endesa e a ONG “Apadrina un Olivo”, que além de recuperar oliveiras abandonadas, promove a produção de azeite de forma tradicional e o cultivo de conservas a partir de produtos locais.

Serão geradas oportunidades de emprego de qualidade, com 27 postos de trabalho associados ao projeto. E não só criar-se-á trabalho no entorno rural, ainda reativará o sector agrícola em abandono.

O objetivo na região de Abrantes, é recuperar 10.000 oliveiras abandonadas dos mais de 200.000 hectares de olival abandonado na região de Abrantes e Médio Tejo. "Porque ao recuperar o património natural, estamos também a mitigar o risco de incêndios na zona." Este projeto está a ser liderado, em Abrantes, por João Rijo, ex-funcionário da Central a Carvão que viu uma grande oportunidade nesta área de agricultura.

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