A queima de biomassa, o “avanço desregrado” das centrais fotovoltaicas, a mineração, a seca e o uso de pesticidas são as cinco maiores ameaças ao ambiente em Portugal, diz a associação ambientalista Quercus.
O alerta é deixado em comunicado a propósito do Dia Mundial do Ambiente, que hoje se assinala, este ano com o tema “Restauração dos solos, desertificação e resistência à seca” e com as comemorações centradas na Arábia Saudita, país que também acolhe a próxima conferência das Nações Unidas sobre a biodiversidade, a chamada COP16.
A Quercus considera inquestionável a evolução em matéria de ambiente nas últimas décadas, mas acrescenta que surgiram estratégias para deturpar a lei e lesar o direito a um ambiente equilibrado e sadio.
Quer a nível nacional, quer europeu ou internacional, avisa a associação, está a ser colocada maior pressão sobre os recursos naturais, que condiciona a resiliência do país e do planeta.
A Quercus insurge-se por exemplo contra a queima de biomassa para a produção de energia elétrica, porque coloca pressão sobre os recursos florestais e não diminui incêndios, e defende a produção de energia descentralizada e autoconsumo, para evitar grandes centrais e a instalação de painéis em áreas florestais e naturais.
A alteração do bosque nativo por monoculturas florestais, associada às más práticas florestais e agrícolas, têm contribuído para desregular o ciclo da água e acelerar a degradação e desertificação dos solos, diz a associação no comunicado, acrescentando que atualmente em Portugal cerca de 63% do solo está em vias de desertificação, e o teor de matéria orgânica na maior parte do solo é de apenas 1%, sendo necessário pelo menos 3% para a maioria das culturas agrícolas.
No comunicado a Quercus diz que há agora uma oportunidade para uma transição agroecológica e reconversão das monoculturas de espécies florestais, fala dos agricultores que estão a “abrir horizontes” em relação a novas práticas agroecológicas e considera que é preciso rever os critérios das Faixas de Gestão de Combustível.
A associação pede medidas legislativas para a efetiva proteção dos carvalhais, tipo de bosque que dominava o coberto vegetal do país, nomeadamente para a promoção da bolota, como por exemplo a redução do IVA dos produtos à base de bolota, dos atuais 23%, para os 6%.
Além de sugerir a proibição do uso de pesticidas em espaços públicos, a Quercus pede também prioridade à ligação ferroviária a Madrid e que se reveja a construção de um novo aeroporto.
São propostas para celebrar o Dia Mundial do Ambiente, diz a Quercus, considerando que “até agora, pelos sinais do clima, podemos indicar um balanço geral negativo”.
Lusa