No primeiro dia da campanha de recolha de alimentos nos supermercados, até às 21:30 de sábado, os Bancos Alimentares recolheram 670 toneladas de produtos, quase o mesmo que em maio de 2019.
"Numa ronda pelos Bancos Alimentares às 11 da noite [23:00], que são dados relativos às 21:30, tínhamos recolhido 670 toneladas de produtos, que compara com 684 toneladas em maio de 2019", afirmou já hoje à Lusa a presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, Isabel Jonet.
Portanto, salientou, “é praticamente o mesmo que em maio de 2019", ressalvando não ter os dados de Braga e Santarém e que estes não eram os valores finais do primeiro dia de recolha, porque muitos supermercados no país só fecham à meia-noite.
Isabel Jonet reafirmou não recear que haja menos doações este ano do que em 2019, mas admitiu que a tipologia de produtos doados é um pouco diferente.
"Hoje as pessoas dão mais massa do que arroz, porque a massa é mais barata do que o arroz, dão menos atum. Hoje também há menos enlatados, porque não há alumínio que vinha das geografias que estão em guerra", afirmou, salientando, contudo, que “a campanha vai ser idêntica à de maio de 2019, porque há muitas pessoas que dão”, embora possam talvez “dar um bocadinho menos".
Quanto aos pedidos de ajuda, a presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome disse estarem a aumentar, “não só por parte das pessoas, como por parte das instituições, porque muitas ainda não viram renegociados os seus acordos com a Segurança Social e têm que dar a resposta nas valências de lares e de creches, a fazer a comida, e está tudo mais caro".
A recolha de alimentos promovida pelos Bancos Alimentares regressou no sábado aos supermercados, numa campanha que prossegue hoje, envolvendo cerca de 40 mil voluntários.
Antes de iniciar a campanha, em declarações à Lusa, a presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome já tinha afastado o receio de que pudessem existir menos doações devido ao aumento dos preços e à inflação.
Porém, manifestou-se "preocupada com o impacto” que esses mesmos preços têm nas famílias mais carenciadas.
"Estas pessoas estão a sofrer mais este impacto porque os orçamentos familiares não esticam para poderem acomodar mais acréscimos de preços", declarou à Lusa Isabel Jonet.
Segundo dados da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, em dezembro de 2021, os 21 Bancos Alimentares conseguiram angariar 1.680 toneladas de alimentos, que contribuíram para a alimentação de mais de 380.000 pessoas com carências comprovadas, identificadas pelas cerca de 2.500 instituições e entidades que operam no terreno, acompanhadas pelo Banco Alimentar da respetiva região.
Para participar na campanha basta aceitar um saco do Banco Alimentar, fornecido por voluntários credenciados, e colocar no mesmo produtos que não sejam perecíveis, de preferência conservas, massas, arroz, leite, entre outros, para ajudar as pessoas e famílias mais carenciadas.
Os bens recolhidos serão depois encaminhados para os armazéns do Banco Alimentar de cada região para posterior entrega às entidades beneficiárias.
Em paralelo, as pessoas podem ainda contribuir até 05 de junho, através da campanha “Ajuda de Vale”, com vales disponíveis em todos os supermercados, cada um com um código de barras específico, correspondente ao alimento selecionado para doação, cujo valor é acrescentado no ato do pagamento, ou no ‘site’ www.alimentestaideia.pt, um portal de doações ‘online’.
O Presidente da República visitou, no sábado, as instalações do Banco Alimentar em Lisboa.
Lusa