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Campanha de poupança de água para cidadãos que “não perceberam a situação de seca”

14/11/2017 às 00:00

A agricultura é maior consumidor de água e “tem de haver esforço de racionalização, mas a campanha de sensibilização dirige-se aos cidadãos que ainda não perceberam que o país está em seca”, disse o ministro do Ambiente.

“É verdade que a agricultura é o maior consumidor de água e tem de haver um esforço de racionalização do seu uso”, mas se há setor que já percebeu que há seca, porque sofre “na pele” os seus efeitos são os agricultores, referiu João Matos Fernandes.

O governante esteve na segunda-feira, dia 13 de novembro, numa audição na comissão parlamentar do Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder local e Habitação, pedida pelo Bloco de Esquerda para ser analisada a posição de Portugal na conferência das Nações Unidas para o clima, que decorre até sexta-feira, em Bona.

Está a decorrer uma campanha de sensibilização para o consumo de água, aconselhando os cidadãos a pouparem um recurso que é escasso, ainda mais em ano de seca.

O ministro não afastou a necessidade de haver campanhas setoriais para que se reduza o consumo de água num conjunto de setores produtivos, muito particularmente no agrícola.

A questão do consumo de água pela agricultura foi principalmente colocada pelo deputado do Partido Animais Pessoas e Natureza, PAN, André Silva, e pela deputada do CDS/PP Patrícia Fonseca, embora com abordagens diferentes.

André Silva quis saber por que razão o Ministério do Ambiente decidiu fazer uma campanha no setor doméstico, aquele que menos consome água, já que a pecuária e a agricultura gastam “70 a 80% do total deste recurso”.

André Silva colocou na mesa, à sua frente, cinco garrafões de água de plástico vazios para demonstrar a proporção dos gastos de água da agricultura e pecuária e do consumo doméstico.

A deputada do CDS/PP considerou que “o setor agrícola é muitas vezes acusado, talvez um pouco injustamente, de ser um grande consumidor de água” e defendeu a necessidade de haver uma preocupação com as perdas de água na agricultura.

Para Patrícia Fonseca, o investimento realizado na rede de abastecimento doméstico “não tem paralelo na agricultura”, já que, apesar das estruturas mais recentes serem eficientes, ainda existem muitas antigas, nas quais as perdas de água não estão resolvidas.

“O que estamos a fazer é ma campanha para o comum das pessoas que ainda não percebeu ainda que está em seca e se calhar mora em zonas que na prática nunca virão a estar em seca”, defendeu o ministro.

Acerca da conferência da ONU para o clima (COP23), a decorrer em Bona, e para onde irá na terça-feira, o ministro disse que se espera elaborar “o livro das regras que irá definir com detalhe” o que são ações de mitigação ou mecanismos de transparência iguais para todos os países.

“Portugal defendeu que a transparência é para todos” e que é preciso trabalhar em conjunto, frisou.

O Acordo de Paris definiu que a cada cinco anos os países aumentam a sua contribuição para a redução das emissões de gases com efeito de estufa.

“Portugal já antecipou o que será a contribuição de 2020 quando elaborou roteiro de neutralidade carbónica apontou o objetivo de ser neutro em carbono em 2050”, o que vai além da meta da União Europeia, resumiu João Matos Fernandes.

“Portugal está á frente da média da UE nas renováveis mas isso só significa mais responsabilidade”, e não será uma justificação para deixar de progredir, defendeu o ministro

Com a posição assumida pelo Presidente dos Estados Unidos, o financiamento do Acordo de Paris pode enfrentar mais dificuldades, apontou o governante e recordou que Portugal destinou dez milhões de euros do Fundo Ambiental para apoiar projetos de mitigação e adaptação às alterações climáticas existindo já trabalho feito com Moçambique, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe e mais recentemente com Guiné-Bissau.

Lusa

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