Um censo vai monitorizar a empregabilidade de 140 mil diplomados, numa iniciativa cujas mais-valias se estendem às instituições, tutela ou famílias, disse hoje à agência Lusa o coordenador do “Graduate Tracking Portugal 2022”, Ricardo Biscaia.
“As instituições poderão perceber melhor um bocadinho o que é que os seus diplomados fazem e [em] que tipo de competências é que têm de se focar, de que forma é que podem adequar os seus modos de ensino, perceber, verdadeiramente, se fazer experiências de mobilidade ou fazer estágios melhora as condições de empregabilidade dos diplomados”, declarou Ricardo Biscaia, no Politécnico de Leiria, onde hoje foi lançada a iniciativa.
O investigador estendeu as mais-valias às famílias, que as “poderá ajudar a tomar melhores decisões em relação às escolhas”, assim como ter “uma maior visão do tipo de profissões que estão acessíveis e associadas a cada curso”.
Por outro lado, realçou o interesse que o inquérito vai ter no campo da investigação e para a tutela, que “terá um papel importante na definição da construção da rede do ensino superior”.
O “Graduate Tracking Portugal 2022” é um mecanismo de monitorização de empregabilidade desenvolvido no âmbito da iniciativa Eurograduate, lançada pela Comissão Europeia e que desde 2013 reúne informação acerca dos diplomados pelos sistemas educativos europeus, os seus percursos no ensino superior e o impacto da formação inicial e ao longo da vida nas carreiras profissionais e na resposta às necessidades do mercado de trabalho, explicou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
O “Graduate Tracking Portugal 2022” é uma iniciativa deste ministério em colaboração com a Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, e Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior.
Frisando que este trabalho requer “muito tempo”, não apenas na recolha como no tratamento dos dados, Ricardo Biscaia adiantou que o censo visa cerca de 65 mil diplomados do ano 2016/2017 e 75 mil de 2020/2021, excluindo os de doutoramento e de licenciaturas com mestrado integrado.
Ricardo Biscaia admitiu que uma das dificuldades na concretização desta iniciativa, que reúne as instituições de ensino superior públicas e privadas, reside no facto de aquelas não terem contacto de todos os diplomados e reconheceu que o inquérito a submeter é “relativamente longo”, pelo que se vai “testar” a paciência dos diplomados.
O investigador salientou a importância deste projeto que “tem, também, como objetivo capacitar as instituições para, daqui a mais alguns anos, terem uma melhor capacidade de contactar os seus diplomados”.
Quanto à data de divulgação dos resultados, Ricardo Biscaia apontou o início de 2024.
“Há uma estimativa para o início de 2024, para a divulgação do relatório europeu”, onde Portugal está incluído mais 16 países, declarou.
Aos diplomados, o também docente da Faculdade de Economia da Universidade do Porto salientou que “este é um esforço que vai ajudar muito o país, em geral”.
“Do nosso lado, temos garantidas todas as disposições legais (…). Sabemos que estamos a pedir informação muito sensível sobre o comportamento no mercado de trabalho, os salários e outras lógicas de opinião mais pessoal”, afirmou, apelando para a participação neste exercício europeu que vai ajudar as instituições de ensino ou o país.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, realçou que “a qualidade dos dados depende muito do empenho” das instituições.
“Penso que as instituições terão de ter um empenho muito grande, exatamente para que os resultados que nós vamos obter através deste inquérito sejam dados credíveis e, acima de tudo, dados que nos façam refletir e, acima de tudo, melhorar aquilo que deve ser melhorado”, afirmou Elvira Fortunato.
Lusa