Portugal perdeu 2,1% da população na última década, segundo dados provisórios do Censos2021 divulgados hoje, que retratam um país cada vez mais envelhecido, com mais pessoas de nacionalidade estrangeira e mais escolarizado.
O número de residentes foi revisto nos dados mais recentes do Censos2021, divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), e é ainda mais baixo que o contabilizado em dados preliminares divulgados em julho. Os dados divulgados hoje colocam a população de Portugal em 2021 em 10.344.802 habitantes.
Nos últimos 10 anos, o país perdeu 217.376 pessoas, uma quebra de 2,1% que resulta de um saldo natural [a diferença entre nascimentos e mortes] negativo de 250.066 pessoas. A última vez que se registou uma perda de população entre Censos foi em 1970, em resultado da elevada emigração na década de 1960.
Em parte, este decréscimo decorre de um país cada vez mais envelhecido: O número de pessoas com 65 anos ou mais de idade aumentou 20,6% desde 2011, com 2.424.122 indivíduos nesta faixa etária, que representam 23,4% da população portuguesa.
Com menos de 15 anos, o grupo com redução mais significativa (15,3%), há hoje 1.331.396 pessoas, havendo 5.500.951 com idades entre os 25 e os 64 anos (53,2% do total da população) e 1.088.333 com idades entre os 15 e os 24 anos (10,5%).
Atualmente, o índice de envelhecimento da população traduz-se em 182 idosos por cada 100 jovens. Este indicador tem aumentado progressivamente: em 2011 havia 128 jovens por 100 idosos em 2001 eram 102.
Oleiros, no distrito de Castelo Branco, Alcoutim (Faro) e Almeida (Guarda), são os municípios portugueses com a população mais envelhecida, enquanto Ribeira Grande e Lagoa, nos Açores, e Santa Cruz (Madeira) são os mais jovens.
Por outro lado, o país ganhou em residentes de nacionalidade estrangeira, que representam agora 5,4% do total da população, aumentando em 40,6% comparativamente a 2011.
Entre os estrangeiros residentes em Portugal, 452.231 (81,4% do total) são nacionais de países que não integram a União Europeia e "a grande maioria" dos municípios com presença mais elevada de população estrangeira situa-se a sul do país, nomeadamente na região do Algarve e na Área Metropolitana de Lisboa.
Cerca de metade da população residente em Portugal está concentrada em apenas 31 municípios, o que mostra o acentuar dos desequilíbrios na distribuição da população pelo território, dos padrões de litoralização do país e do movimento de concentração da população junto da capital.
Desde 2011, os territórios localizados no interior do país perdem população e os municípios que registam um crescimento populacional situam-se, sobretudo, no litoral.
O retrato para já pintado pelo Censos2021 mostra também que Portugal é hoje mais escolarizado do que há uma década e, atualmente, 38,7% da população tem, pelo menos, o ensino secundário completo.
No relatório, o INE destaca que, em geral, “o nível de escolaridade da população aumentou de forma significativa”.
Paralelamente a uma diminuição da percentagem de pessoas que não foram além do 3.º ciclo, em 10 anos aumentou a proporção de pessoas com apenas ou ensino secundário ou pós-secundário completos, que se fixa agora nos 21,3%, e com curso superior, em que passou de 11,8% em 2011 para 17,4% em 2021.
Olhando para os agregados domésticos em Portugal, um terço tem duas pessoas, enquanto um quarto são pessoas que vivem sozinhas.
No geral, a dimensão dos agregados diminuiu na última década e em 2021 contabilizaram-se 4.149.668 agregados domésticos privados e 5.476 agregados institucionais.
Quanto à habitação, Portugal registou "um ligeiro crescimento" dos edifícios e alojamentos para habitação, mas a "ritmo bastante inferior" ao de décadas anteriores.
No total, o número de edifícios destinados à habitação é de 3.573.416 e o de alojamentos de 5.981.485, valores que, face a 2011, representam um aumento de 0,8% e 1,7%, respetivamente, sendo que na década anterior os valores situavam-se na ordem dos 12% para edifícios e os 16% para alojamentos".
A maioria dos alojamentos (70%) são ocupados pelo proprietário, mas o arrendamento aumentou 16% face a 2011.
Esta é a segunda fase de divulgação de resultados provisórios do Censos2021, antecipando a data inicialmente prevista de 28 de fevereiro de 2022, depois da divulgação de resultados preliminares em 28 de julho.
A fase de recolha do Censos2021 decorreu entre 05 de abril e 31 de maio e os dados referem-se à data do momento censitário, dia 19 de abril.
Lusa