Boas notícias para os apreciadores de chocolate preto e também para quem almeja um estilo de vida saudável. É possível juntar o melhor de dois mundos e, tanto é, que uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) está a trabalhar no enriquecimento deste alimento com vitaminas e minerais, numa parceria com a Imperial – Produtos Alimentares, S.A.
“Foi idealizado um produto com propriedades funcionais, no sentido de acrescentar benefícios em termos de saúde ao consumo de chocolate”, conta Iva Fernandes, docente e investigadora do Departamento de Química e Bioquímica da FCUP, que coordena na FCUP, este trabalho de parceria desenvolvido no âmbito do projeto VIIAFOOD.
As ações estimulante e antioxidante estão associadas aos benefícios do chocolate. A primeira devido à presença de teobromina, uma substância da família da cafeína, que exerce um efeito ligeiramente estimulante no organismo e a segunda por ser rico em polifenóis, que têm atividade antioxidante e podem ajudar a promover a saúde, nomeadamente, ao nível cardiovascular. Para além disso, o chocolate preto contém menos açúcar do que o de leite e apresenta elevado teor de sólidos de cacau. É também uma fonte rica em minerais como o magnésio, cobre e manganês e em vitaminas B2 e B6.
No entanto, apesar das suas reconhecidas vantagens, “grandes quantidades deste género alimentício não devem ser ingeridas com o objetivo de torná-lo uma fonte viável de vitaminas e minerais na dieta”, destaca a investigadora. Por este motivo, acrescenta “deve ser consumido no âmbito de uma dieta alimentar variada e equilibrada”. É com este objetivo que surge esta iniciativa de enriquecer o perfil nutricional do chocolate, com recurso a micronutrientes.
Na FCUP, os investigadores receberam e estão a testar diferentes protótipos com adição de vitaminas e minerais, desenvolvidos pela Imperial, empresa líder do projeto. “Neste momento, estamos a quantificar o teor de vitaminas e minerais e compostos fenólicos e metilxantinas [pseudoalcalóides com alto poder estimulador do sistema nervoso central]”, conta Iva Fernandes. Deste trabalho na FCUP, sairão também a(s) formulação(ões) mais adequadas para o scale-up industrial com a definição dos melhores micronutrientes a incorporar neste novo chocolate.
Depois do scale-up industrial, os protótipos industriais serão caracterizados nutricionalmente. “Serão subsequentemente avaliadas as condições de estabilidade e a bioacessibilidade e a biodisponibilidade dos bioativos, e, ainda, dos micro e macronutrientes por simulação do processo de ingestão. Ou seja, será avaliada a resposta do organismo perante a ingestão do alimento e o seu funcionamento em função dos nutrientes disponíveis”, explica a investigadora.
E quando teremos estes chocolates mais saudáveis no mercado? Este projeto, que está a ser desenvolvido no âmbito do VIIAFOOD, termina em 2025, seguindo-se todo um processo associado às restantes fases de projeto no âmbito industrial.
A equipa da FCUP, no âmbito do projeto VIAAFOOD (Plataforma de valorização, industrialização e inovação comercial para o setor agroalimentar), é liderada pelo docente e investigador Victor de Freitas. O VIIAFOOD que vai desenvolver mais de 130 novos produtos saudáveis e sustentáveis.
Um ou mais destes produtos sairá então desta colaboração com a Imperial liderada no Foodphenolab, grupo de investigação da unidade de Química Orgânica Aplicada (QUINOA) do LAQV-REQUIMTE, pela investigadora Iva Fernandes.
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto