O ano de 2022 foi o segundo mais quente na Europa desde que há registo e trouxe ao continente ondas de calor "prolongadas e intensas", seca e aumento de incêndios florestais, revelam dados climáticos divulgados esta terça-feira, 10 de janeiro.
Mas até ao mês de novembro o país estava, em praticamente todo o território, em cenário de seca severa ou extrema com muitas barragens abaixo de 50% da sua capacidade e outras, no Alentejo, Algarve e Trás-os-Montes, estavam mesmo abaixo de 25%.
Em dezembro e já em janeiro a chuva veio em força, com episódios de 120 e 130 milímetros, ou seja, 120 ou 130 litros por metro quadrado, nalgumas regiões o que provocou milhões de euros de prejuízos. Mas estes episódios de destruição foram quase todos registados em meios mais urbanos, porque “para a agricultura este está a ser um ano hidrológico normal.” A afirmação é de Luís Damas, presidente da Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação, que adiantou que temos agora muita água, mas continuamos a não ter capacidade de retenção.
De acordo com Luís Damas todas as barragens estão cheias, mesmo assim faltam uma barragem que permita regularizar os caudais do Tejo. E deu o exemplo, no fim de semana, em que os caudais, apesar de toda a chuva do início do ano, estiveram muito baixos por força da gestão feita em Espanha pelas concessionárias das barragens que fazem a gestão de acordo com a necessidade de produção de eletricidade. “De semana o caudal é elevado e ao fim de semana muito baixo.”
Para o presidente da Associação dos Agricultores torna-se cada vez mais necessária a construção da barragem no Ocreza, em Alvito da Beira, para permitir uma gestão nacionais dos caudais do Tejo mais regularizada. Esta barragem poderia compensar aqueles períodos em que de Espanha vêm caudais mais baixos.
Para já, e com um inverno considerado normal em termos hidrológicos, Luís Damas nota que estes dias de “chuva miudinha” são importantes para manter as terras molhadas e que permitam a infiltração lenta das águas para os lençóis freáticos que também necessitam de ser alimentados. O dirigente recordou que o maior depósito freático de água, ou seja, subterrâneo, fica localizado nesta região, de Setúbal até à Beira. E se a chuva não for muito intensa não há tanta escorrência para as linhas de água que começam a ser alimentadas em contínuo pelas terras e não apenas quando chove.
Luís Damas
O presidente da Associação de Agricultores de Abrantes sublinhou que, nesta altura, as barragens de toda esta região que servem os agricultores estão cheias e, por exemplo, Montargil e Maranhão, já tiveram de começar a fazer descargas.
Para já esta chuva está a ser, para a agricultura, a de um inverno normal.