O corte de árvores que a Infraestruturas de Portugal (IP) está a fazer no concelho de Mação está a indignar muitos cidadãos que deram conta do desagrado do que viram em grupos nas redes sociais do concelho.
A Antena Livre contactou António Louro, vice-presidente da Câmara Municipal de Mação que detém as responsabilidades municipais ligadas à floresta e ambiente que confirmou o abate de uma série de árvores junto a estradas que têm a responsabilidade da Infraestruturas de Portugal. O autarca explicou que estão sinalizados sobreiros e azinheiras, que precisam de autorização do Instituto Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), mas que já foram cortados dezenas de pinheiros e três eucaliptos históricos, pelo menos, com mais de duas centenas de anos. António Louro revelou ainda que os cortes foram feitos em zonas em que a própria Câmara Municipal já tinha feito a limpeza de acordo com as faixas de gestão de combustível e que estas árvores não incomodavam.
Sobre as árvores marcadas, António Louro confirmou que a população não está a receber bem a sinalização das árvores para o corte por parte da IP. “Estamos convictos que o ICNF não vai autorizar o abate de grande parte destas azinheiras e sobreiros [sendo espécies protegidas o abate tem de ser autorizado pelo ICNF]. Penso que o bom senso vai imperar e não vai ser autorizado este abate. Também pedimos à IP para cortarem os pinheiros e os eucaliptos, mas como não são espécies protegidas não valeu de nada”, registou o vereador da Câmara de Mação, ao mesmo tempo que explicou que a maior parte das árvores em causa não apresenta riscos para os automobilistas, um dos principais argumentos da IP para esta ação.
O vereador não tem dúvida que as árvores marcadas são apara abate, faltando apenas a autorização.
A Antena Livre questionou a Infraestruturas de Portugal que respondeu às questões colocadas, e “esclarece que as árvores em questão, sobreiros e azinheiras, foram marcadas para serem sujeitas a avaliação, quer do seu estado fitossanitário, quer do potencial risco para a segurança rodoviária, tendo em consideração a sua proximidade à estrada”. Segundo a empresa pública as árvores que estão marcadas com tinta branca não são para abate, mas sim para uma avaliação das suas condições. Depois podem ou não ser abatidas, ou então podem ser “podadas”, por forma a garantir as condições de segurança para os automobilistas.
Segundo a IP “após esta avaliação será elaborado um plano definindo a intervenção específica, adequada e necessária executar em cada uma das árvores inspecionada”. Na mesma resposta à Antena Livre a empresa pública explica que promove trabalhos de “poda e de abate de árvores, independentemente da espécie, em toda a rede de estradas sob a sua responsabilidade”.
A empresa garante, no entanto, que não faz abastes ou cortes de forma indiscriminada. Revela que as intervenções são definidas após avaliação prévia ao seu “estado fitossanitário e ao nível de risco que possa vir a representar para a circulação rodoviária e segurança de pessoas e bens”.
Questionada ainda sobre uma marcação de sobreiros e azinheiras que foi feita no concelho de Mação a IP explica que “tratando-se de espécies protegidas, uma eventual realização de trabalhos de poda ou abate carecerá da devida autorização prévia pelo Instituto Conservação da Natureza e Florestas".
Foto Facebook (Créditos: José Santos)
A Infraestruturas de Portugal explica ainda que como medida de compensação pelos trabalhos que estão a ser feitos em Mação “está a ser desenvolvido um plano de plantações de árvores, a articular com o Município de Mação”.
Sobre este plano António Louro revelou que está nas conversações entre a IP e o presidente da Câmara, Vasco Estrela, mas adiantou que devemos “é preservar as que temos e que não prejudicam ninguém”, porque estas vão demorar muito tempo a crescer.
A Antena Livre sabe que o ICNF andou esta quinta-feira, dia 16 de janeiro, a avaliar as árvores assinaladas para abate, devendo depois enviar à IP o seu parecer.
Jerónimo Belo Jorge