O primeiro-ministro anunciou hoje que o Governo vai implementar medidas de apoio ao emprego e ao rendimento das famílias, para contrariar os efeitos da pandemia de Covid-19 na economia, mas antecipou que “não vai haver excedente orçamental”.
“Temos procurado proteger esses setores para assegurar a manutenção da sua atividade, e o senhor ministro das Finanças e o senhor ministro da Economia apresentarão, aliás, um pacote muito forte de apoio à sustentação do emprego e do rendimento das famílias”, anunciou António Costa, em entrevista à SIC, durante o Jornal da Noite de hoje.
Na ótica do chefe de Governo, “a condição primeira para evitar o tsunami económico” passa por “garantir que não há quebras de rendimento e não quebras de emprego”, porque existem setores, como o do turismo, que “estão a ser duramente afetados por esta crise”.
“As medidas que vamos desenhar amanhã [terça-feira] são para micro, pequenas, médias empresas e as chamadas ‘mid capital companies’, e com um pacote de medidas bastante diversificado, seja de linhas de crédito com juros francamente favoráveis, seja com diferimento do cumprimento de algumas obrigações – não é perdão mas é diferimento de algumas obrigações”, explicou.
António Costa salientou igualmente que o Governo tem vindo “a trabalhar com a banca para assegurar as moratórias de créditos que são necessárias assegurar, para não estrangular agora empresas que estão numa situação conjunturalmente difícil”.
Ressalvando que está a “olhar para o futuro com muita preocupação, tendo em conta ainda os diferentes graus de incerteza”, o primeiro-ministro antecipou que “hoje muito provavelmente já não vai haver excedente orçamental”.
“Mas a verdade é que foi uma gestão orçamental responsável que hoje nos permite olhar para esta situação sem estarmos aqui angustiados sobre qual vai ser o saldo ao final deste ano”, advogou.
Para o chefe do Governo, “o maior dos problemas é a pancada” que esta pandemia poderá dar na “trajetória de crescimento” da economia, antecipando também “uma pancada no emprego”.
“Se tudo para, há uma situação de colapso que temos de evitar a todo o custo”, vincou, reforçando a necessidade de o Estado “proteger o conjunto da vida e do emprego, e dos rendimentos”.
“Temos de conseguir adotar medidas, e é isso que estamos a prever, que permitam, não só no turismo, mas também nos setores industriais, assegurar que as cadeias de distribuição e produção de alimentos continuam a funcionar”, apontou.
Questionado se ajudaria primeiro a área das artes e espetáculos ou o futebol, o primeiro-ministro salientou que a “prioridade máxima tem de ser a saúde, e essa tem de ser a primeira das primeiras prioridades”.
Apesar de reconhecer que “o cancelamento generalizado de espetáculos é dramático”, o primeiro-ministro anunciou que “há medidas que o Ministério da Cultura tem preparado para responder a essa situação”.
“Creio que relativamente ao futebol profissional é um mundo à parte”, observou, notando que o Estado “tem de definir quais são as prioridades e, manifestamente, essa não é uma prioridade”.
Sobre os bancos, Costa referiu que estas instituições “têm que ser consciência mesmo que na crise de 2008 a responsabilidade do setor financeiro foi muitíssimo elevada”, pelo que “hoje há uma função de responsabilidade social muito grande que têm e que têm que assumir”, porque os bancos sabem que “já não vivem de si próprios” e “têm obrigação de apoiar os seus clientes”.
“E adotaremos todas as medidas que forem necessárias para que isso aconteça”, garantiu.
Portugal registou, até hoje, uma morte e 331 pessoas infetadas com Covid-19.
Lusa