A greve parcial dos carteiros do Centro de Distribuição Postal de Abrantes terminou.
Os problemas graves na distribuição, com muitas incidências no Centro de Distribuição Postal de Abrantes, levou a que os carteiros estivessem em greve desde o dia 24 de junho com paralisações às duas primeiras horas da manhã, ou seja, das 8 às 10 horas.
Na reunião do Executivo Municipal de Abrantes, realizada esta terça-feira, 13 de julho, o presidente da Câmara informou que foi contactado ontem à noite “por um representante dos trabalhadores a dizer que cessaram a greve”. Segundo Manuel Jorge Valamatos, “isto resulta de uma posição da administração dos CTT, que reuniram comigo aqui em Abrantes e eu passei essa palavra aos meus colegas de Constância e de Sardoal, e onde, no fundo, os CTT comprometeram-se a fazer entrar mais trabalhadores nos próximos dias” no Centro de Distribuição de Abrantes.
“Há várias pessoas de atestado médico e a ausência de recursos humanos põe em causa todo o trabalho de uma equipa de mais de 20 pessoas”, afirmou o autarca que, acrescentou, “esta manifestação dos trabalhadores dos CTT em Abrantes tinha a ver com trabalho a mais para tão poucas pessoas”.
De recordar que o Centro de Distribuição Postal de Abrantes cobre toda a área dos concelhos de Abrantes, Constância, Sardoal e Gavião.
O presidente da Câmara de Abrantes atestou que “o representante daqui, o dr. Nuno Neves, responsabilizou-se em que, nos próximos dias, vão pôr mais pessoas a trabalhar no nosso Centro e isso parece estar a acontecer e aquilo que me foi dito, e é a nossa esperança também, é que até ao final da semana a situação da distribuição da correspondência nos concelhos de Abrantes, Constância, Sardoal e Gavião possa estar regularizada”.
“É muito correio acumulado para que fique orientado esta semana” - Paulo Fontinha
Paulo Fontinha, delegado sindical do SNTCT (Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações) também confirmou à Antena Livre que “a greve terminou e hoje já fomos trabalhar a 100%”. Explicou que, “depois de várias reuniões com a Câmara, o Sindicato foi chamado a Lisboa para falar com a administração na quinta-feira e depois de várias horas de reunião, ontem chamaram-nos, ao Sindicato e aos trabalhadores”.
Paulo Fontinha reconhece que “não nos deram o que nós queríamos mas também não podemos estar mais tempo parados. Para nós é mau a nível financeiro e para a população é horrível. Daí termos decidido vir para a rua já a 100% e vamos dar o nosso melhor”.
Para a exigência do Sindicato da contratação de cinco trabalhadores, “um por cada posto de trabalho”, a administração “deu-nos sete”. No entanto, segundo Paulo Fontinha, “esses sete não são o que nós queríamos”. Explicou depois que a pretensão do Sindicato era a contratação de cinco trabalhadores por parte da empresa CTT e o reforço que chegou “são sete trabalhadores de empresas de trabalho temporário cujos contratos são renovados de 15 em 15 dias. Isso para nós não serve”. Paulo Fontinha assegura que esta situação não vai assegurar um serviço de qualidade pois “não pode”. É que “não vão acompanhar carteiro nenhum para aprender as voltas nem os serviços, pois temos que passar avisos, cartas registadas, e trabalhar com uma máquina que é o PDA que serve para abatermos os registos, os expressos. Eles não têm formação nenhuma e esse serviço nunca vai ser feito como nós queremos mas é o que se pode arranjar neste preciso momento”, desabafa Paulo Fontinha.
“É para desenrascar”, confirmou o delegado sindical que acrescenta que foi isso mesmo que foi transmitido por parte da empresa e que vai prolongar-se “até setembro ou outubro. Depois, voltamos ao princípio”, sendo que “a contratação de pessoal é para esquecer. Já o ano passado prometeram meter 600 efetivos e não meteram nenhum. Este ano prometeram meter 150 até ao final do ano e na reunião de quinta-feira, em Lisboa, já nos disseram para esquecer isso”.
Quanto à previsão para uma regularização na entrega da correspondência, “propus em Lisboa, porque queríamos colocar na rua o que aqui temos até sexta-feira, e comprometemo-nos que fazíamos horas ou trabalhávamos sábado mas a empresa não se disponibilizou para essa situação”.
Assim sendo, “vamos cumprir horários e dar o nosso melhor” pois, como afirmou Paulo Fontinha, “nós não podemos trabalhar depois do nosso horário porque se tivermos o azar de ter um acidente, é responsabilidade nossa”. Por isso, quanto à regularização da correspondência, “provavelmente não será esta semana” porque “é muito correio acumulado para que fique orientado esta semana”.
Constância e Sardoal também se envolvem na busca da solução
Na manhã desta terça-feira, também o presidente da Câmara de Constância, Sérgio Oliveira, fez saber que recebeu esta manhã na Câmara, o SNTCT - Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações, “para uma reunião sobre os problemas dos atrasos na entrega de correspondência no concelho”, uma situação “que tem preocupado o edil e que tem vindo a desenvolver esforços para que este problema seja resolvido tão breve quanto possível”.
Foto: Município de Constância
Já esta segunda-feira, na reunião do Executivo Municipal de Sardoal, e face aos problemas de distribuição, o presidente da Câmara, Miguel Borges, informou que “comuniquei com um elemento dos CTT, no fundo, com um lamento pela forma como o correio postal está novamente a ser distribuído no nosso concelho”.
O autarca afirmou que “as coisas estão a correr muito, muito mal” e disse saber “de pessoas que estão a receber convocatórias para tratamentos e exames no dia ou já depois da data marcada”.
Miguel Borges explicou que enviou uma carta aos responsáveis dos correios no sentido de que sejam resolvidos os problemas que estão a causar os atrasos na distribuição. E deixou portas abertas para eventuais ajudas por parte da Autarquia, “de forma a podermos ultrapassar esta situação e não prejudicar as pessoas”.