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DE ABRANTES A GIBRALTAR: 24 horas a pedalar por uma causa

2/08/2017 às 00:00

Daniel Simões e Nuno Gomes, amantes das bicicletas e do trail, lançaram a si próprios o desafio de fazerem a ligação Abrantes-Gibraltar, em bicicleta de BTT, num período limite de 24 horas. O lema desta aventura foi, desde o início, "um dia, dois atletas, três países".

Quando, no âmbito das Festas de Abrantes 2017, Nuno e Daniel faziam a diagonal entre Vila Real de Santo António e Abrantes de bicicleta, deflagrava o trágico incêndio que atingiu a região de Pedrógão Grande, facto que os levou a transformar este seu desafio numa aventura solidária. À ideia inicial juntaram a frase "Com Pedrógão no coração", agregaram uma estrutura um pouco mais alargada, constituída por Jorge Bairrão, João José Barroso, José Martinho Gaspar e Pedro Costa, e propuseram-se vender simbolicamente cada um dos quilómetros que cada um dos atletas se propunha fazer por 10 euros (555+555),  com o objetivo de angariar aproximadamente 11.100 euros.

Desde cedo, um conjunto de empresas e instituições aderiu abertamente a esta ação solidária e, a seguir, por via da divulgação efetuada, também muitos particulares começaram a comprar os quilómetros do Daniel e do Nuno, desencadeando uma enorme onda solidária.

 

A aventura

A 26 de julho de 2017, à meia noite, os ciclistas partiram da Praça Raimundo José Soares Mendes, em Abrantes, onde estiveram bastantes pessoas a dar-lhes força. A Câmara Municipal também se fez representar ao mais alto nível, tendo a sua Presidente marcado presença nesta partida.

Uma aventura desta dimensão requereu uma preparação prévia muito criteriosa, tanto em termos de treino dos atletas como de planificação do trajeto (itinerário, médias e pausas) e ainda ao nível do apoio logístico. Para que a janela temporal das 24 horas não fosse ultrapassada o descanso foi limitado a seis pausas de aproximadamente 15 minutos. Vivia-se alguma ansiedade entre aqueles que se envolveram mais de perto, pois tinham a noção que qualquer pequeno problema poderia pôr em causa a concretização do objetivo.

Nos primeiros quilómetros, um grupo de amigos ciclistas, os "Tenrinhos da Bicla", acompanhou o Nuno Gomes e o Daniel Simões. Porém, o essencial da viagem deles era para ser feito a dois e, quando atingiram Alter do Chão já levavam alguma folga relativamente ao planificado e foi com essa margem de alguns minutos que chegaram a Barbacena, onde fizeram a primeira pausa. Até Zafra, segunda paragem, fosse pelo fresco da madrugada ou pela motivação, a margem temporal manteve-se. A equipa de apoio ia colocando informações constantes na página do facebook relativamente à condição dos atletas e à sua localização, percebendo-se que muitas pessoas se mantiveram em permanência a acompanhar a aventura. Todos os dados deste desafio solidário podem ser consultados em https://www.facebook.com/pedalarporpedrogao/

De cada vez que estava prevista uma paragem, já estava preparado todo o abastecimento, com uma multiplicidade de alimentos líquidos e sólidos e, nesse sentido este apoio logístico, proporcionado especialmente por Jorge Bairrão e João José Barroso foi fundamental. Em El Ronquillo, na serra a norte de Sevilha, ao princípio da tarde, ultrapassados os 300 quilómetros, já se vislumbrava bastante desgaste, todavia reinava o otimismo e a boa disposição.

A temperatura a posicionar-se nos 38º e o acumular do esforço obrigaram a que, dali em diante, sobretudo em termos de fornecimento de líquidos, a equipa de apoio se visse obrigada a contactar muito mais regularmente com os ciclistas. Sevilha era um obstáculo mental importante, porém a confusão do trânsito e o calor, bem como o desgaste acumulado (os benefícios do treino já haviam passado e agora era o querer que pedalava) fizeram com que começasse a haver um atraso face à planificação. A intervenção do fisioterapeuta Pedro Costa foi determinante para que se tenha recuperado o otimismo e a força dos atletas, que, quando passavam pelos belíssimos "pueblos blancos" da Andaluzia já seguiam de novo em bom ritmo.

Com o fresco do anoitecer, a Cordilheira Penibética,m vez de um obstáculo temido que podia levar a perder tempo, transformou-se num espaço para recuperar. No alto da passagem de montanha Puerto de Gáliz voltava-se a acreditar e, com a carrinha de apoio a auxiliar em termos de iluminação, entrava-se em Gibraltar pelas 23h37. O feito foi selado com um abraço entre todos os envolvidos.

 

O resultado

A empresa Noesis, com cerca de um terço do angariado, a que se juntaram os apoios da Pegop, AMS, Gercar, Casal da Coelheira, Sofalca, Corga da Chã, Município de Abrantes e muitas outras empresas e pessoas a título individual permitiram alcançar os 11.100 euros que esta iniciativa propunha. A 30 de julho, o Daniel Simões e o Nuno Gomes deslocaram-se a Pedrógão Grande, acompanhados por um pelotão de ciclistas abrantinos das equipas "Tenrinhos da Bicla" e "Cabeço das Águias", por elementos da organização e familiares seus e ainda membros do "Pinhal Total" (Oleiros), onde foram recebidos pelo Adjunto do Presidente da Câmara. Procedeu-se à entrega dos 11.100 euros correspondentes aos quilómetros vendidos.

Uma vez que também se efetuou a venda de jerseys alusivos ao evento, a verba de 720 euros angariada foi entregue aos Bombeiros Voluntários de Abrantes.

JMG

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