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Debaixo de chuva, Tramagal homenageou os seus combatentes

24/04/2018 às 00:00

Apesar da chuva persistente que marcou a manhã de sábado, dia 21 de abril, a população de Tramagal, não arredou pé da cerimónia de homenagem aos seus combatentes.

Numa cerimónia presidida pelo secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestrello, pelo Presidente da Liga dos Combatentes, Tenente-General Chito Rodrigues, e pelos autarcas de Abrantes e Tramagal, Maria do Céu Albuquerque e Victor Hugo Cardoso, entre outras individualidades civis e militares, foi inaugurado um monumento de louvor aos ex-combatentes da freguesia.

A construção do monumento inaugurado foi um propósito que partiu da sociedade civil, através de um grupo de ex-combatentes da freguesia, acompanhado pelo núcleo de Abrantes da Liga dos Combatentes. A Câmara Municipal e a Junta de Freguesia assumiram o investimento.

Victor Hugo Cardoso, presidente da Junta de Freguesia, começou por dizer que “há dias na vida do homem, nas comunidades em que a história acontece. E, hoje, em Tramagal acontece história”.

“A freguesia do Tramagal inaugura hoje para muitos exemplares, a homenagem aos combatentes da Guerra do Ultramar, através deste monumento que simboliza um espaço de memórias, de lições aprendidas, mostrando às gerações futuras exemplo da honra da imputabilidade e dos valores pelos seus que vale a pena lutar”, salientou aos presentes.

“A memória dos combatentes fica marcada por esta obra e recebea freguesia um marco histórico que a dignifica e a valoriza”, fez notar o autarca.

Victor Hugo Cardoso lembrou “os combatentes da freguesia que infelizmente já não estão entre nós e merecem ser lembrados, porque também fazem parte deste grupo de homens que outrora lutaram pela nossa pátria. Esta freguesia sempre soube honrar os seus e este monumento é uma demonstração dessa honra”, reforçou.

Presente na cerimónia, o secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestrello, salientou o papel dos “autarcas portugueses na preservação da memória dos combatentes de Portugal”.

De seguida, destacou o papel da Liga dos Combatentes. “A Liga dos Combatentes está prestes a fazer 100 anos. Uma Liga, que ao longo deste século que passou desde a primeira era para cá, tem sido a instituição que em Portugal mais se tem batido pela preservação da memória dos combatentes e pela defesa dos direitos dos combatentes, pela proteção daqueles que têm defendido Portugal em diferentes cenários de guerra”, referiu o governante.

Por último, dirigiu-se aos militares presentes, que durante a cerimónia estiveram sempre debaixo de chuva. “Os soldados, eles ali estão à chuva, e nós protegidos pelos chapéus. Porque foi no tempo das condições mais adversas, que as Forças Armadas e em particular o Exército Português foi capaz de combater por Portugal e de defender os interesses do país”.

Por sua vez o Tenente-General Chito Rodrigues reportou-se à história da freguesia e ao seu legado industrial. “Tramagal terra de trabalho e os combatentes bem conhecem porque do trabalho e das mãos, que aqui acabam de ser enaltecidas, nasceram berliet`s que nós bem conhecemos no mato da Guiné, de Angola e Moçambique”, lembrou.

“Nesta terra tivemos apoio da população do Tramagal, esquecida e não trazida para os jornais, mas que nós no terreno bem sentimos. Não é por acaso que aqui se levanta mais um monumento”, aludiu Chito Rodrigues, lembrando que “Tramagal se junta a 445 lugares neste Portugal em que monumentos evocam o centenário da Grande Guerra”.

Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal, citou um poema de Manuel Alegre, evocando “uma justa homenagem aos homens que partiram para o Ultramar. Àquele que ficou e àqueles que voltaram com as mágoas que trouxeram de uma Guerra que foi violenta”.

A autarca destacou ainda o papel da mulher. “Quero dedicar este poema às mulheres, às que ficaram com o fardo incrível de ver o seu a partir, sem saber se voltava, com a família a encargo”.

O monumento, projetado pela arquiteta da Câmara de Abrantes, Maria João Espadinha, apresenta três placas de pedra representando os três ramos das Forças Armadas, onde estão gravados os nomes dos vários países e continentes referentes à Guerra no Ultramar.

O monumento inclui ainda um memorial com a inscrição referente ao combatente do Tramagal João Lourenço Nunes, o único militar da Freguesia que perdeu a vida na Guerra do Ultramar. Foi na Guiné, em fevereiro de 1968.

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