A passagem da depressão Martinho provocou 4.214 ocorrências (até às 07 horas), a maioria relacionada com quedas de árvores e estruturas entre as 00 e as 07 horas desta quinta-feira, a que se juntam mais 994 até às 24 horas de quarta-feira, dia 19. A região de Lisboa e Vale do Tejo e a Península de Setúbal têm sido as zonas mais fustigadas.
Segundo José Miranda, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) as regiões mais afetadas foram “a Sub-Região da Grande de Lisboa, seguida da Península de Setúbal e a sub-região do Oeste por motivos de queda de árvores sobre uma cantenária na linha ferroviária na linha de Cascais”. Durante as últimas horas as linhas ferroviárias de Cascais, Douro e Beira Alta estavam com constrangimentos e a E-Redes dava conta de que às 10 da manhã estavam cerca de 50 mil clientes sem energia elétrica.
A Proteção Civil deu ainda conta que a queda de árvores ou de estruturas foram as situações com mais registos em praticamente todo o território nacional, a que se juntaram inundações urbanas ou os seis incêndios no norte do país, já extintos.
Médio Tejo com situações mais complicadas em Ourém e Tomar
Na sub-região do Médio Tejo a Proteção Civil registou, até às 10 horas, 56 ocorrências com as quedas de árvores ou de estruturas a liderar os registos. De acordo com o comandante David Lobato, Ourém e Tomar foram os concelhos onde se registaram as situações mais graves.
Na cidade do Nabão a queda de duas árvores em cima de automóveis causou prejuízos materiais, já em Ourém outras duas árvores caíram em cima de casas, também com alguns prejuízos, mas sem provocar desalojados.
Mesmo assim foi uma noite de muito trabalho principalmente para os serviços municipais de Proteção Civil e das corporações de bombeiros.
No que diz respeito a chuva, como a intensidade foi menor em relação às previsões, não aconteceram muitos constrangimentos.
No que diz respeito à Bacia Hidrográfica do Tejo não há grandes alterações. De acordo com David Lobato é natural que o Tejo mantenha os caudais atuais, com oscilações, mantendo-se o Plano de Cheias ativado no nível amarelo.
Já sobre as descargas do Castelo de Bode, David Lobato, revelou que são descargas preventivas, ou seja, para garantir o encaixe das chuvas. “Ainda não foram abertos os descarregadores de superfície, as descargas no Castelo de Bode não ultrapassam os 314 metros cúbicos por segundo.”
Para os próximos dias há previsão de chuva, com diminuição de intensidade, mas pode haver ainda alguns constrangimentos.
O comandante da Proteção Civil do Médio Tejo deixa o conselho para que os cidadãos continuem alerta para situações mais extremas que se possam verificar.
David Lobato, comandante Proteção Civil
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), até sexta-feira o acumulado total de precipitação deverá ser entre 70 e 100 milímetros nas regiões Centro e Sul, podendo ser localmente superior no litoral Centro.
Há ainda previsão de queda de neve nos pontos mais altos da Serra da Estrela, baixando a cota para os 1.200/1.400 metros na sexta-feira.
A depressão Martinho vai trazer também um aumento da intensidade do vento, que vai soprar de sul/sueste com rajadas que poderão atingir valores da ordem dos 80 a 90 km/h, em especial no litoral, e 110 a 120 km/h nas terras altas.
Previsão Windy 18:00/20-03-2025